Eu sempre tive uma considerável curiosidade sobre o primeiro projeto da Luminous Productions. O estúdio nascido do time responsável por dar forma e vida a Final Fantasy XV após um desenvolvimento “conturbado” (para se dizer o mínimo) sempre teve bastante promessa e talento amostra.
É claro, algumas dúvidas surgiram com a saída do diretor de FFXV e fundador do estúdio, Hajime Tabata, pouco mais de seis meses após a reorganização da equipe nessa nova divisão. Afinal, mesmo que com alguns problemas, FFXV será um dos jogos dos quais eu sempre lembrarei dessa geração passada.
Então, quando o RPG de ação Forspoken finalmente foi anunciado em 2020, ainda sob o título provisório de Project Athia, meu interesse foi despertado. Ao longo dos dois primeiros anos, a Luminous já havia indicado que estava trabalhando em novas tecnologias de ray tracing e coisas claramente visando a então ainda não-anunciada próxima geração de consoles, mas isso só viria a se confirmar durante o anúncio no evento de revelação do PS5.
Alguns poucos detalhes foram sendo mostrados ao longo do ano seguinte, como o nome oficial em março desse ano, com direito a um trailer que finalmente revelou mais sobre a ambientação e taglines promissoras como o “desejo de ser o jogo de mundo aberto mais belo de todos os tempos” e a coleção de nomes de peso de ambos os lados do globo se reunindo no projeto.
Agora, tendo tido a oportunidade de participar de um evento de preview exclusivo para a mídia especializada e ver um pouco mais de Forspoken, uma coisa ficou bem clara: essas esperanças e promessas tem tudo para serem concretizadas. Mesmo que o conceito tenha se mostrado ainda mais incomum do que o esperado, tudo leva a crer que o resultado final realmente marcará um dos pontos altos do início da vida do PS5.
O próprio conceito de Forspoken é algo que se destaca por si só. Enquanto a ideia de um “isekai” é um gênero comum em mangás e animes, videogames raramente vêem a ideia de uma pessoa ser transportada do nosso mundo para um universo mágico, mantendo todas as suas experiências e conhecimentos prévios para lidar com as dificuldades de se adaptar a um novo universo.
É algo que, apesar de estar sendo abusado em tempos recentes, serve como um bom pano de fundo para algumas das melhores histórias já contadas no Oriente. Então é interessante ver a protagonista Frey, uma jovem negra de Nova York que cresceu em situações difíceis, tendo que lidar com os desafios propostos por Athia, um mundo destruído pelo fenômeno conhecido apenas como “The Break”, uma assustadora névoa negra que corrompe tudo o que toca.
O time de desenvolvimento disse que a ideia da Frey é refletir a forma como uma pessoa comum responderia, através de uma visão moderna, a necessidade de sobreviver em um mundo de criaturas mágicas e poderosas. Pelo pouco que pudemos ver, fica bem claro que Frey é realmente uma garota de personalidade forte e única, se destacando dentre o crescente rol de protagonistas femininas que temos visto nos últimos anos.
A promessa é que nós acompanharemos a jornada de Frey de um pouco antes dela ser transportada para Athia e durante o período em que ela estará naquele mundo, lidando com as complicadas experiências que ele colocará a frente dela. Não tivemos acesso a qualquer conteúdo da história, mas foi possível perceber que, mesmo com o absurdo que é a posição na qual ela é posta, Frey é uma garota com senso de humor e que realmente parece ser real, muito graças à promissora performance da atriz Ella Balinska.
Um dos destaques que pudemos ver nesse evento foi o mundo de Athia. Ao contrário de tantos outros RPGs de Ação, aqui temos um mundo com relativamente pouca influência da tradicional estética medieval europeia, abraçando um visual mais inspirado pelo Egito e Babilônia Antigos (o que é até curioso, visto que outro jogo da Square Enix tem essa mesma inspiração, o vindouro Babylon’s Fall).
Essa inspiração vai da arquitetura de Cipal, a última fortaleza humana em Athia, às várias ruínas e cenários explorados por Frey com o seu “parkour mágico”. Cabe apontar aqui que a principal ênfase do que vimos foi no gameplay e ele parece estar se desenhando realmente como o ponto de destaque para o título.
Desde o primeiro trailer, era visível que a desenvolvedora estava determinada a impressionar com a forma como Frey voa pelo mundo e explora com velocidade e precisão os vastos campos à sua disposição. E o pouco que vimos realmente parece transportar a mesma sensação de um trailer em CG para a prática de gameplay.
Pelo que pudemos ver, não há nada em Athia que Frey não possa alcançar com seu “parkour mágico”, adicionando bastante verticalidade à exploração. Tudo é muito fluido, muito rápido e, principalmente, muito estiloso. O pouco que pudemos ver do seu funcionamento traz uma sensação de liberdade ainda maior do que em outros jogos de mundo aberto.
Outro ponto importante é que, em Forspoken, as habilidades de parkour de Frey parecem ter maior aplicabilidade no combate. Parte disso se dá ao fato de que, diferente de outros jogos em que a magia é um acessório e você possui armas à sua disposição, Frey só terá sua magia à sua disposição.
Então a movimentação e esquiva parece que serão ainda mais importantes, já que você precisará estar a uma certa distância para tirar melhor proveito das magias (não muito diferente da forma como o combate funciona em Marvel’s Guardians of the Galaxy, por exemplo).
O combate como um todo lembra bastante a estrutura estabelecida pelo Active Cross Battle de Final Fantasy XV. Frey tem à sua disposição um determinado grupo de magias que ficam mapeadas para botões específicos do DualSense. No entanto, é possível acessar um menu radial (com direito a desacelerar o tempo) para selecionar elementos distintos e mudar a magia ativa.
Não é muito diferente de como funcionava a seleção das magias ou Royal Arms em Final Fantasy XV e, com a quantidade de inimigos que foram mostrados nas sessões de combate, realmente parece que será necessário constantemente mudar as magias ativas, já que Frey não possui ataques físicos e cada habilidade possui um período de cooldown antes de poder ser usada novamente.
Uma última curiosidade é que existe um sistema de melhorias no jogo apresentado na forma de diferentes desenhos nas unhas de Frey. De acordo com a desenvolvedora, isso se dá pela importância que as pinturas nas unhas tinham no Egito/Mesopotâmia, com diferentes significados de status e poder.
Pelo pouco que pudemos ver de Forspoken, ele vai se consolidando como um dos meus jogos mais aguardados de 2021. Vários dos seus sistemas parecem uma clara e natural evolução daquilo que já havia sido apresentado em Final Fantasy XV, mas agora com um mundo e histórias completamente únicos e sem a necessidade de se prender aos clássicos conceitos de uma das maiores e mais importantes franquias da história.
Athia tem vários elementos que podem fazer com que as ambições do jogo sejam realizadas. Enquanto o visual ainda precisa ser melhor trabalhado, a promessa atual de que o jogo contará com modos de 4K30fps, 2K60fps e ray tracing reforçam que a parte técnica será algo bem importante para a equipe.
O combate parece promissor, a exploração realmente parece caminhar bem e o pouco que pudemos ver da ambientação também pode entregar algo bem único. Afinal, é raro ver protagonistas negros, mas uma mulher negra vinda de um outro universo e parando em uma sociedade matriarcal lutando contra uma força maligna é especialmente único. Resta saber se o resultado final será tão bom quanto o conceito promete ser.
Forspoken será lançado para PS5 e PC no dia 24 de maio de 2022. A pré-venda está disponível na PS Store.