É curioso ver como, apesar de estarmos cada vez mais próximos de carros voadores, o gênero de corridas futuristas parece se distanciar. Por mais que títulos como Redout e Wipeout sejam bem sucedidos, ambos acabaram perdendo espaço para competidores mais tradicionais como Need for Speed e Gran Turismo que dominam o mercado até hoje. Visando manter vivo o legado de seus contemporâneos, Flashout 3 abandona suas origens mobile e chega aos consoles pela primeira vez, entregando uma entrada crua, mas competente na franquia.
É possível ver logo em seu menu principal como o jogo é bem ‘’direto ao ponto’’. Embora seus dois protagonistas fiquem bem destacados, não existe uma história a seguir além das simples motivações para estarem competindo. Logo após seu tutorial, o jogador é imediatamente levado para o mapa de torneios onde toda a progressão acontece.
Seus dez campeonatos são divididos em pelo menos quatro corridas, cada uma podendo conter diversas modalidades diferentes. Estão presentes não só as corridas tradicionais e competições de tempo, mas também novidades como o Mata-Mata e a Eliminação, onde os adversários devem tirar uns nos outros para acumular pontos ou evitar a última posição toda rodada respectivamente.
É claro que nada disso serviria de muita coisa se sua jogabilidade não fosse bem executada, felizmente, Flashout 3 soube aproveitar bem (na medida do possível) a evolução no hardware agora que está finalmente disponível para os consoles de mesa.
A física no título é bem executada dentro de sua proposta, é possível sentir bem o peso das naves mesmo em momentos de alta velocidade, dando o feedback necessário para e melhorar seus tempos nas pistas. Até os veículos mais lentos não dão aquela sensação ‘’travada’’, aqui toda a sua pilotagem tende ser bem mais fluída e isso fica ainda mais evidente conforme o jogador vai se acostumando com a direção e masterizando as pistas, diferente do que acabou acontecendo em Need for Speed (2016) onde mesmo os carros mais leves possuíam problemas de navegação.
O combate também não deixa a desejar, disponibilizando uma grande quantidade de armamentos que podem ser desbloqueados conforme se avança na campanha. Abrangendo metralhadoras, mísseis, imãs e até mesmo escudos, é necessário escolher os melhores equipamentos caso queira sobreviver.
A CPU é extremamente agressiva mesmo na dificuldade Normal, o que acaba entregando ao jogador um desafio constante e evitando aquela sensação monótona de se estar disparado em primeiro lugar sem a possibilidade de derrota, algo bem presente no gênero.
Apesar de visuais modestos, as pistas em Flashout 3 conseguem agradar. Existe aqui uma boa variedade de cenários como cidades futuristas, vulcões em erupção e até mesmo cavernas aquáticas. A quantidade de percursos não é das maiores, com muitos trajetos sendo repetições reversas daqueles já vistos antes, mas por sorte, como todos são divertidos esse problema acaba sendo aliviado.
Uma área que acabou impressionando foi sua trilha sonora. Em uma geração onde se costuma pegar faixas populares do rádio e das implementar diretamente no jogo, aqui sua seleção foi feita de modo que combine diretamente com seu visual futurista, entregando uma experiência quase imersiva graças as suas músicas de techno e trance.
Jogar com outras pessoas é, infelizmente, o principal ponto negativo, já que modos online são inexistentes e o mais próximo de uma experiência competitiva são os ranques de tempo onde jogadores podem comparar seus tempos. Dito isso, ainda é possível competir com amigos através do splitscreen local à moda antiga.
Flashout 3 não vai revolucionar o gênero ou tornar corridas futuristas populares novamente, mas está longe de ser um jogo ruim. Por mais que suas origens sejam humildes, é bem claro perceber como suas ambições e influências estão no caminho certo. Para aqueles que procuram algo na vertente de Wipeout, o título consegue ser uma simples e boa pedida graças a sua jogabilidade bem executada e modalidades criativas.
Jogo (versão de PS4) analisado no PS5 com código fornecido pela Jujubee.
