Análises

FBC: Firebreak – Review

Control foi, sem dúvidas, uma das maiores surpresas de 2019, permitindo que os jogadores explorassem uma realidade sem paralelos nos andares absurdos do chamado Federal Bureau of Control (FBC), assumindo o papel de Jesse Faden para tentar combater e controlar os eventos paranaturais que ocorrem dentro daquele lugar, desafiando as leis da realidade que conhecemos.

Dado o sucesso, certamente uma continuação seria inevitável, mas enquanto ela ainda está em desenvolvimento, a Remedy Entertainment oferece um projeto de escopo menor com FBC: Firebreak. Trata-se de um spin-off que aproveita essa mesma ambientação mas muda completamente a abordagem e perspectiva. Aqui, você faz parte de uma equipe de manutenção composta por até três integrantes sem nome, cabendo a vocês consertar e limpar o caos causado pelos fenômenos, bem como pelas entidades tomadas pelo “Ruído”.

Numa formação ideal, cada jogador assume uma classe diferente, cada qual portando uma ferramenta e um equipamento único. Com o kit Reparo, você pode consertar equipamentos quebrados, e pode instalar uma torreta automática de baixa durabilidade. Com o kit Eletro, você pode energizar painéis e geradores, ou instalar uma caixa de som para distrair hordas inimigas. E, por fim, com o kit Limpeza, você pode extinguir chamas (estejam elas no cenário ou em seus aliados), ou instalar um irrigador para criar uma simples fonte de cura improvisada ao seu redor. Na ausência de um kit específico, qualquer outro kit pode substituir a ferramenta principal através de um longo QTE, alternando rapidamente os botões L1 e R1.

FBC: Firebreak

De forma geral, porém, o ciclo de gameplay é pouco variado. Restrito a humanos sem qualquer tipo de habilidade especial, diferentemente de Jesse Faden, é basicamente um jogo de tiro em primeira pessoa com uma série de objetivos a serem cumpridos antes de solicitar a extração. O número de objetivos para cada missão depende do nível de acesso, que deve ser destravado em ordem. Ou seja, você precisa repetir a mesma missão algumas vezes até que possa conferir sua versão mais “completa”, por assim dizer.

Nessa versão de lançamento inicial, o jogo conta com apenas cinco missões diferentes. Muda a caracterização do objetivo, mas, em essência, você continua desempenhando as mesmas tarefas para acionar geradores, apagar chamas, carregar objetos, etc. Enquanto realiza o objetivo principal, hordas de Ruído surgem, e, com o nível de acesso 3 vencido, é possível ativar até três níveis de corrupção adicionais, onde cada nível acrescenta um fenômeno paranatural para uma camada de desafio extra sob a forma de modificadores, como inimigos mais fortes, escudos desativados, baixa gravidade, entre outros, até que a origem do fenômeno seja identificada e destruída com uma arma específica.

Água é o elemento que traz a vida em FBC: Firebreak, então, assim que entrar em qualquer área nova, a prioridade de sua equipe deve ser encontrar um chuveiro e ter certeza de que ele esteja funcionando. Não apenas recupera sua barra de vida, mas também é crucial para eliminar os diversos status negativos que podem fazer pouco caso de seu personagem, como fogo ou radiação. As interações entre os elementos são interessantes: contra as notas autoadesivas, por exemplo, é possível combinar água e eletricidade para destruí-las, ou aproximar-se de fogo para remover aquelas que insistem em grudar em seu visor.

As mecânicas de gameplay são sólidas e funcionais, mas tudo está amarrado a um moroso sistema de progressão. Todas as armas e peças de equipamento podem ser aprimoradas (e, acredite, isso será necessário), mas para isso você precisa recolher dossiês deixados para trás por inimigos poderosos ou encontrados no cenário. De posse deles, você pode acessar o menu de Requisições e escolher o que deseja destravar em um sistema similar a um passe de batalha.

FBC: Firebreak

Entretanto, é importante destacar que esse mesmo recurso também é usado para destravar os benefícios no menu de Pesquisa, que são destravados progressivamente conforme o nível de sua conta (e o número de vantagens que você pode equipar corresponde ao nível de seu kit). São melhorias sutis, como punição menor por errar QTEs ou reanimar parceiros caídos mais rapidamente, mas que podem ser melhorados com a coleta de recursos raros específicos de cada andar.

A ideia de “dividir e conquistar” pode parecer excelente nas horas iniciais, em níveis de dificuldade menores e com acesso 1 ou 2, mas em níveis superiores é fundamental que os jogadores trabalhem juntos e de forma efetiva, já que o número de vidas é reduzido notavelmente e as hordas de Ruído farão pouco caso de um jogador que esteja vagando sozinho.

Com isso em mente, a melhor forma de experienciar FBC: Firebreak é com um grupo de amigos. A comunicação verbal não é fundamental, mas ajudará — e muito — a elaborar e adaptar estratégias rapidamente em momentos de aperto. É possível jogar em modo solo, mas o jogo não foi projetado para tal e não conta com um balanceamento para incursões solitárias.

FBC: Firebreak

Apesar de seu salgado preço inicial de R$215, o jogo foi disponibilizado através dos planos avançados da PlayStation Plus, bem como de serviços similares concorrentes. Como o jogo oferece suporte à crossplay, você pode arriscar a sorte tentando juntar-se a jogadores aleatórios a qualquer momento. O pareamento depende de sua preferência por níveis de acesso e de dificuldade, enquanto que com amigos depende de uma senha de acesso gerada aleatoriamente ao invés de convites.

De um ponto de vista gráfico, o jogo não tem um esmero equivalente à experiência que tivemos com Control no PlayStation 4, mas é fluída (com ocasionais quedas na taxa de quadros por segundo, quando uma horda de Ruído aguarda pacientemente atrás de um portão de acesso…) e atende bem ao que se propõe.

Na parte sonora, os característicos sons desse universo não desapontam, mas vale notar que o jogo não conta com dublagem em nosso idioma. Isso não chega a ser um problema pois o jogo não conta com uma narrativa ou animações, por exemplo, e os diálogos entre os personagens são curtos e direcionados ao gameplay. Menus e legendas estão disponíveis em português, com alguns poucos erros aqui e ali mas facilmente relevados.

FBC: Firebreak

Com o foco em missões multiplayer e nesse ciclo de repetição, tanto para destravar aprimoramentos para os equipamentos como para níveis mais avançados de acesso e de corrupção, a longevidade do jogo pode entrar em cheque. Sem dúvidas o jogo proporciona uma boa dose de diversão em suas primeiras horas, especialmente jogando com amigos, mas o engajamento a longo termo ficará restrito aos jogadores em busca de troféus. O estúdio não define o jogo como um serviço, mas existem ao menos duas grandes atualizações gratuitas previstas para os próximos seis meses, adicionando novos inimigos e novas missões. Paralelamente, o estúdio deve lançar passes pagos de Requisições contendo itens cosméticos.

FBC: Firebreak oferece uma experiência tangencial muito diferente do que tornava Control tão único, e sua abordagem como jogo de tiro cooperativo é melhor desfrutada na companhia de amigos conhecidos. Com essa base inicial estabelecida, resta torcer para que vindouras atualizações adicionem maior variedade ao jogo para manter a base de jogadores ativa e engajada.

FBC: Firebreak está disponível para PS5, Xbox Series e PC com legendas em português do Brasil. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Remedy Entertainment.

Veredito

FBC: Firebreak leva os jogadores de volta ao universo de Control, mas desprovidos de muitas das características que tornavam o jogo tão especial. As mecânicas do jogo de tiro em primeira pessoa cooperativo são funcionais, mas a baixa variedade nos objetivos combinada a um sistema de progressão lento torna a experiência global muito repetitiva.

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