Potencial infinito. Essa talvez seja a melhor forma de descrever a sensação que eu tive ao jogar uma build recente de Endless Dungeon, graças ao convite gentilmente feito pela SEGA a nossa equipe do PSX Brasil. É claro, pequenos recortes de um jogo que terá mais coisa a oferecer sempre traz seus próprios questionamentos, mas é difícil não se sentir impressionado com o potencial do jogo.
Desenvolvido pela Amplitude Studios, desenvolvedora francesa famosa pelo seu trabalho em diversos excelentes jogos de 4X (um dos mais complexos estilos de jogo de estratégia), o jogo é um roguelite construído sobre uma empolgante mistura de Tower Defense com Twin-Stick Shooter, basicamente um sucessor espiritual de Dungeon of the Endless.
Como os desenvolvedores nos falaram em uma entrevista exclusiva que você verá em breve aqui no PSX Brasil, o objetivo era criar um título que construísse sobre as bases estabelecidas pelo multiplayer bastante rudimentar de Dungeon of the Endless. Algo que você pudesse tanto aproveitar quase como um jogo de xadrez individualmente, mas com limitações que fizessem o trabalho de equipe e a comunicação com seus amigos parte essencial da experiência cooperativa.
Aqui você assume o controle de um entre um grupo de oito personagens, alguns disponíveis desde o começo, outros desbloqueáveis ao longo da aventura, cada qual com suas razões para explorar uma misteriosa estação espacial bastante antiga com o objetivo de chegar ao seu centro e conseguir escapar. O hub central é uma espécie de bar onde várias criaturas distintas de raças diferentes se encontram para compartilhar suas histórias e experiências e onde o jogador pode se preparar e customizar seus personagens para suas próximas runs.
Sua equipe pode ser composta por até três personagens, sejam eles controlados pela IA, no caso de partidas solo, ou outros dois jogadores, e precisará proteger um robô-cristal de um ponto a outro para conseguir avançar pelas fases. À medida em que o jogador vai avançando pela estação espacial em suas runs, é possível selecionar exatamente de qual área você irá começar. Diferentes áreas possuem diferentes caminhos a serem liberados pelos jogadores, cada qual guardando recompensas distintas, novos segredos para serem descobertos e novos desafios a serem superados.
Durante cada sessão, os jogadores começam com uma quantidade básica de recursos que podem ser usados logo de cara para instalar torres ou, mais especificamente, torretas que serão usadas para derrotar as ondas de inimigos que vão sendo lançadas ao longo de cada fase. Naturalmente, você primeiro terá apenas uma torreta bem simples e à medida em que vai avançando ganhará acesso a novas ferramentas de contenção e combate.
Gerenciamento de recursos é essencial para que você consiga avançar e ganhar acesso a armas mais poderosas, já que, ao explorar os mapas, você encontrará pequenos geradores de recursos nos quais você terá que escolher entre uma de três opções: ciência, usado para destravar novas torretas e melhorá-las; indústria, usado para construir as torretas e os geradores de recursos; e comida, para comprar upgrades para os seus personagens, medkits e itens. Há ainda um quarto e bastante raro recurso, Dust, que é usado para energizar Dark Rooms, algo bem importante em fases mais avançadas.
A gestão desses recursos é uma das partes mais tensas e desafiadoras do jogo, em especial no multiplayer. Isso se dá pela quantidade de recursos ser bastante escassa e tudo exigindo, de alguma forma, que você os use para se manter vivo pelo menos mais um pouco, algo exacerbado pelo fato da “pool” de recursos ser compartilhada por toda a sua equipe, fazendo com que cada decisão necessariamente precise ser tomada em conjunto ou que as funções sejam delegadas para um dos membros de modo a permitir a todos se manterem atentos e eficientes nas sempre intensas batalhas.
Cabe apontar aqui que, apesar de ainda existir um certo desbalanço no combate do jogo, com algumas torretas sendo extremamente mais eficientes e poderosas do que outra (o que é facilmente ajustável), o jogo é extremamente desafiador. Se manter atento as torretas, suas vidas, a vida do seu personagem, seus recursos e a vida do seu robôzinho é bastante coisa e como as ondas de inimigos são sempre bastante volumosas e violentas, você irá falhar bastante até se sentir bom o suficiente para avançar mais e mais. Junte a isso que a exploração das fases é uma constante tensão sobre o que você irá achar e a fórmula parece perfeita para o viciante looping de “só mais uma partida”.
Mas nem só de elementos de Tower Defense vive Endless Dungeon. Embora saber instalar essas torretas e onde colocá-las seja fundamental, você tem um papel bastante ativo e intenso no combate, já que seus heróis são controlados diretamente. Afinal, se trata de um Twin-Stick Shooter também é uma das principais promessas do título são as capacidades únicas de cada personagem.
O sistema como um todo é bastante complexo para se explorar em um preview, mas é suficiente dizer que é empolgante. Cada personagem pode equipar até duas armas, com quais tipos de armamento eles podem manejar dependendo das habilidades deles. Alguns são mais voltados para armas leves, enquanto outros podem andar por aí com lança-mísseis e metralhadoras pesadas.
Da mesma forma, cada personagem possui duas habilidades distintas, uma especial e uma suprema, com diferentes efeitos, mas cujo uso é fundamental para conseguir se safar das batalhas mais complicadas e manter o seu robô vivo. A variedade entre os personagens também é bem notória aqui, com alguns deles funcionando mais como personagens de suporte enquanto outros são mais tanks ou de ataque à distância.
É tudo muito distinto e, casado com os diferentes estilos de torretas, dá um altíssimo grau de variação ao combate em cada nova partida, já que você pode trocar de personagem antes de começar uma nova exploração. Isso faz com que, como se espera de um bom roguelite, cada nova run, cada nova partida seja diferente e lhe traga várias possibilidades, algo exacerbado pelos design gerado proceduralmente dos mapas.
No geral, é impossível não se empolgar com aquilo que pudemos jogar de Endless Dungeon. Se algumas pequenas arestas forem aparadas até o lançamento, há todo potencial aqui para um dos grandes sucessos de 2023, pelo menos entre aqueles que abraçarem o jogo com a mente aberta.
Ainda mais que os gráficos charmosos e o bom humor do texto também trazem uma personalidade única e suporte de comunidade sempre maestral da Amplitude Studios dão plena confiança de que o jogo só deve crescer e florescer ainda mais quando finalmente chegar às nossas mãos.