A Oi é hoje um exemplo marcante de como empresas podem transformar crises profundas em oportunidades de impacto social e inovação. Após vivenciar a maior recuperação judicial da história do Brasil, processo que começou em junho de 2016 com uma dívida estimada em cerca de R$ 65 bilhões, a companhia utilizou novos caminhos, como a venda de ativos e foco em iniciativas sociais e educacionais, consolidando-se como protagonista da inclusão digital, conectividade de qualidade e formação de professores.
A reestruturação: recuperação judicial e venda de ativos como estratégia de sobrevivência
O pedido de recuperação judicial, protocolado em junho de 2016, envolvia mais de 55 mil credores e permitiu à Oi renegociar passivos e manter sua operação em atividade (Agência Brasil). O plano homologado em janeiro de 2018 reduziu os passivos em cerca de 40% por meio da conversão de dívida em participação acionária.
Nas etapas seguintes, a empresa vendeu partes significativas de seu negócio: em dezembro de 2020, sua operação móvel foi leiloada para Claro, TIM e Vivo por cerca de R$ 16,5 bilhões. A divisão de fibra ótica (InfraCo) foi adquirida por fundos do BTG Pactual e Globenet por quase R$ 13 bilhões, e cerca de 8.000 torres foram vendidas por R$ 1,7 bilhão. Essas operações fazem parte de um movimento mais amplo de aquisição de empresa no setor de telecomunicações, onde ativos estratégicos são incorporados por grupos com maior capacidade de investimento.
Oi Futuro: investimento social e educação conectada
Com o processo de reestruturação em andamento, a Oi manteve a atuação do Instituto Oi Futuro, seu laboratório de inovação e impacto social. O instituto promove projetos em educação, cultura e inclusão social em parceria com diversas instituições em todo o Brasil.
Uma das iniciativas mais relevantes surgiu da colaboração com o British Council, que resultou no lançamento de uma plataforma de cursos gratuitos voltados para professores. A formação inclui conteúdos sobre tecnologia, inovação e língua inglesa, oferecendo ferramentas práticas para atuação em contextos educacionais cada vez mais digitais e interconectados.
Inclusão digital: Oi Fibra como eixo da transformação social
Com o redesenho de seu modelo de negócios, a Oi passou a concentrar esforços na expansão da internet banda larga. A Oi Fibra tornou-se peça-chave em projetos que buscam promover a inclusão digital, sobretudo em comunidades menos assistidas.
Entre as principais ações, destacam-se:
- Banda Larga nas Escolas: iniciativa que leva internet de alta velocidade a escolas públicas, especialmente em regiões rurais e de baixa renda.
- Conexão em Abrigos: oferta de acesso gratuito em locais que acolhem populações afetadas por desastres naturais, como ocorreu no Rio Grande do Sul.
- Backhaul e Centros de Dados: ampliação da infraestrutura de rede e armazenamento, melhorando o desempenho dos serviços e promovendo a descentralização do acesso à informação.
Esses programas estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, contribuindo diretamente para metas como educação de qualidade, redução das desigualdades e cidades mais resilientes.
Formação de professores e ampliação de oportunidades
O curso de inglês gratuito voltado a educadores é uma resposta direta às necessidades do sistema educacional brasileiro. A capacitação oferecida por meio do Oi Futuro busca valorizar o professor e equipá-lo com competências fundamentais para a sala de aula contemporânea.
Essa abordagem não se limita ao ensino da língua. Ao combinar recursos de inovação digital e metodologias ativas, a formação promove também a autonomia pedagógica, facilitando a inserção de novas tecnologias no ambiente escolar.
Além de fortalecer os profissionais da educação, a ação impacta indiretamente os estudantes, especialmente aqueles em regiões que agora contam com conectividade de qualidade graças à expansão da fibra ótica.
Conectando reestruturação e responsabilidade social
A trajetória recente da Oi ilustra como o reposicionamento empresarial pode ser acompanhado de um compromisso consistente com a transformação social. A venda de ativos e a reorganização estratégica permitiram à empresa concentrar-se em segmentos com maior potencial de crescimento e, ao mesmo tempo, maior capacidade de gerar valor coletivo.
O investimento em educação, conectividade e inclusão digital mostra que, mesmo em momentos de crise, é possível adotar uma visão de longo prazo que incorpore inovação e responsabilidade.
A jornada de reinvenção da Oi oferece um exemplo relevante de como o setor privado pode assumir um papel ativo na promoção de mudanças estruturais positivas. A combinação entre eficiência operacional, investimento em tecnologia e compromisso social tem ampliado os horizontes da empresa e deixado um legado concreto nas comunidades onde atua. É uma trajetória que ainda está em curso, mas que já demonstra o impacto de decisões estratégicas guiadas não apenas por resultados financeiros, mas por valores sustentáveis.