Brandon Popovich é um desenvolvedor que trabalhou em vários projetos de vários estúdios, como a Skydance e Insomniac, e, em 2016, foi contratado para realizar a transição de um protótipo feito na Unity Engine para a Unreal Engine. Entretanto, a história referente a isso foi muito além da transição e se tornou um pesadelo para o desenvolvedor, que posteriormente relatou ao site Video Games Chronicle.
O projeto em questão era o primeiro jogo que a Ember Lab estava desenvolvendo, após anos trabalhando com animações e filmes em computação gráfica. De acordo com Popovich, o que seria apenas a transição de engine para o protótipo se tornou algo maior. O desenvolvedor começou a implementar mecânicas e melhorar o que já existia, dando forma assim ao projeto Kena.
Após meses e meses de trabalho extra, Mike Grier, um dos líderes da Ember Lad, incentivou Popovich a continuar o projeto e a aprimorar cada vez mais, prometendo no futuro um cargo fixo na companhia, parte da liderança do projeto e bônus financeiros após o lançamento do jogo. Popovich tinha sido contratado para um trabalho, mas foi além disso. Entretanto, o projeto da Ember Lab era algo secundário para o desenvolvedor, que ainda precisava trabalhar em outro emprego para conseguir fundos suficientes para manter sua família, criando rotinas de até 60 horas ou mais por semana intercalando 2 empregos.
Em março de 2017, uma demo de Kena foi apresentada a possíveis interessados na Game Developers Conference (GDC). A ideia da Ember Lab era conseguir financiamento que alavancasse o projeto e também uma publisher para o lançamento do futuro jogo. O possível investimento garantiria oficialmente um contrato a Popovich, ou pelo menos era o que havia sido prometido.
Em setembro de 2017, nenhum acordo de publicação havia sido concretizado e a Ember Lab começava a se preocupar com a saúde financeira da empresa. Popovich não queria abandonar a possibilidade de ser efetivado no projeto e portanto não tinha nenhum outro emprego. Enquanto o desenvolvedor se endividava e até se comprometia a trabalhar de graça no projeto Kena, a Ember Lab precisava cortar custos.
Mike Grier tentou renegociar o acordo anterior com Popovich, mas com termos inferiores aos prometidos antes. O desenvolvedor não teria mais um bônus pelo acordo fechado e também não teria nenhum bônus com o lançamento do título. Além disso, foi oferecido um salário de 50 mil dólares a menos do que o conversado anteriormente. A proposta era “pegar ou largar”, praticamente forçando o desenvolvedor a aceitar os termos propostos ou deixar o projeto sem nenhuma bonificação pelo trabalho feito, que de acordo com ele era praticamente 95% do código de Kena.
Popovich recusou a proposta e não teve mais contato com a desenvolvedora. Ele esperava que, baseado na falta de recursos financeiros, Kena nunca seria lançado. 3 anos depois, Kena: Bridge of Spirits foi anunciado no evento do PlayStation 5, o que deixou Popovich extremamente deprimido, principalmente por tudo o que foi mostrado ter parte do seu trabalho ainda.
O site VGC entrou em contato com a Ember Lab para saber a versão da história pelo lado da desenvolvedora. O porta-voz da empresa disse que as alegações de Popovich são dolorosas e que minimiza o trabalho já feito antes quando o projeto ainda estava na Unity Engine, dizendo ainda que boa parte das mecânicas do jogo já estavam definidas desde o início do projeto, antes mesmo da entrada de Popovich. Além disso, Popovich foi recompensado por todo o tempo trabalhado na transição das engines e nenhum do trabalho realizado por ele na Unreal foi levado adiante. Quando Kena entrou em desenvolvimento total após encontrarem um financiador, uma oferta de trabalho foi oferecida, mas acabou sendo negada por Popovich.