Zumbis e toda sua mitologia é algo que está enraizado na cultura atual. Nesse contexto, não seria estranho que várias empresas utilizassem esse tema em seus jogos, como a Capcom, que há mais de 10 anos abusa dos pobres mortos vivos das maneiras mais absurdas na série Dead Rising.
Dead Rising 4: Frank’s Big Package é a versão definitiva do jogo, lançado há um ano atrás no console da Microsoft e que agora dá as caras no console da Sony. Contando com o conteúdo original, a expansão Frank Rising, todas as DLCs já lançadas e o novo modo Heróis da Capcom, Dead Rising 4 chega com uma imensidão de conteúdo para os fãs da franquia e para os amantes da matança de zumbis.
Frank West está de volta e junto com ele o lugar onde tudo começou, a cidade de Willamette, local do primeiro jogo da série. Seguindo a carreira de fotógrafo jornalista, Frank é persuadido por uma aluna a ir atrás de uma história sobre um novo surto zumbi na cidade. No local é descoberto que forças militares estão investigando novamente o vírus zumbi e que uma nova ameaça se proliferou durante a Black Friday. Cabe a Frank agora investigar a história como um bom fotógrafo e descobrir uma forma de escapar da cidade infestada por ameaças.
Uma grande mudança em Dead Rising 4 é que não há mais um contador de tempo e o jogador fica livre para explorar e aproveitar Willamette da melhor maneira possível, porém isso também muda a dinâmica do jogo, tirando a sensação de urgência e criando uma jornada mais passiva para Frank.
Dead Rising sempre foi mais focado na diversão, seja com um Frank cada vez mais canastrão, armas e combinações surreais, além das várias possiblidades de se divertir com os inimigos do jogo. A história é repleta de clichês e as missões são pouco imaginativas, mesmo com a novidade de que agora deve se utilizar a câmera fotográfica para registrar provas e informações sobre o surto, além de investigar locais de interesse para avançar em certas áreas.
A narrativa e os personagens são pouco desenvolvidos e o jogador acaba por se preocupar mais em conseguir novos esquemas de criação para buscar armas melhores, o que, de certa forma, se torna um objetivo mais interessante do que só seguir do ponto A para o ponto B.
Os eventos aleatórios que ocorrem no mapa não variam muito do derrotar a força militar ou resgatar algum sobrevivente e acaba por ficar repetitivo muito rápido. Os maníacos talvez sejam a melhor atividade do jogo em si, em que grupos de pessoas afetadas psicologicamente pelo surto se tornam gangues tematizadas, como Papai Noel e seus ajudantes ou espantalhos assassinos. Derrotar esses grupos garante armas únicas e melhoradas, que vão ajudar Frank durante sua jornada.
Por falar em armas, esse talvez seja um dos maiores atrativos da série. É possível utilizar quase tudo ao seu alcance na hora da batalha e combinar itens pra criar armas de combo surreais. Junte algumas joias e equipamento eletrônico e crie uma arma como um sabre de luz Jedi. Uma marreta e algumas granadas viram um porrete explosivo e a soma nitrogênio líquido com alguma lâmina cria uma espada de gelo.
São muitas as variações possíveis e as combinações se tornam divertidas de usar. Há ainda armas de arremesso e de longo alcance que entram nessa onda das armas de combo, em que granadas e rifles também podem ser modificadas e utilizadas em novas combinações mais poderosas. A inclusão de exoarmaduras e suas respectivas armas pesadas deixam Frank ainda mais poderoso e, em algumas situações, até invulnerável. Veículos também estão disponíveis e podem ser modificados, criando verdadeiras armas de destruição em massa, seja atropelando tudo pela cidade ou usando diversas armas sobre rodas.
Apesar de o combate ser divertido, com o tempo é possível observar que o desafio não acompanha tal diversão, mostrando um jogo muito fácil até em dificuldade mais elevadas. Frank pode resistir a tudo, inclusive a tiros diretos de armas de fogo e até mísseis. Por meio das melhorias e desbloqueio de habilidades quando Frank sobe de nível, tudo fica ainda mais fácil e inclusive praticamente anula o sistema stealth do jogo, fazendo desnecessário e sem sentido andar na surdina, seja para enfrentar os soldados ou até zumbis. De uma maneira geral, a maior conquista para o jogador é criar as invenções mais insanas e aproveitar a imensidão de zumbis para testar todas elas.
Totalmente localizado para o português brasileiro, a dublagem adapta bem todos os jargões, piadas e xingamentos que Frank faz, ajudando muito na imersão e na produção de gargalhadas, mas acaba por ser mais simples para o restante dos personagens.
Como um pacote completo, os adicionais que vêm incluso aumentam em uma boa quantidade o conteúdo ao jogo. Há os pacotes temáticos, como o de Natal, que deixa todos os zumbis vestidos como ajudantes de Papai Noel. O minigolfe é um modo separado, onde Frank ensina e narra os sobreviventes do jogo durante suas aventuras no esporte, cheio de muitos zumbis e explosões.
No modo multijogador é possível reunir até 4 jogadores e avançar cooperativamente em histórias específicas, que contam com evolução e níveis para cada jogador, sendo quase uma outra campanha separada da principal. A expansão Frank Rising complementa a história de Frank e muda, inclusive, o final da campanha, que pode ser bastante controversa. Qualquer informação traria antecipadamente spoilers bem fortes sobre a história, mas a expansão adiciona novas formas de jogar e conta principalmente com o retorno do contador de tempo, onde os mais saudosistas ficarão felizes.
O novo modo Heróis da Capcom muda bastante a dinâmica da campanha principal, onde Frank agora tem que coletar estrelas as quais, à medida que se acumula uma certa quantidade, é possível liberar fantasias dos maiores ícones da Capcom, como Ryu, Megaman, Jill Valentine, Dante e outros. Cada fantasia faz Frank ganhar habilidades poderosas, como as pistolas duplas de Dante ou o famoso Hadouken. Nesse modo sai a busca pelas melhores armas e entra o uso das mais variadas fantasias e seus poderes durante a campanha, mostrando que o maior objetivo de Dead Rising 4 é a diversão sem limites.
Em Dead Rising 4: Frank’s Big Package, jogadores habituais da série vão encontrar tudo o que procuram, mesmo que as principais mudanças não tenham sido muito positivas para o jogo. Aos novatos ou àqueles que adoram a temática zumbi, Dead Rising 4 traz boa diversão, sozinho ou com amigos, mas não se pode esperar muito pela história e campanha principal.
Veredito
Dead Rising 4: Frank’s Big Package traz muito conteúdo em um único pacote, recheado de formas divertidas de matar zumbis e novas formas de jogar. No entanto, algumas mudanças podem não satisfazer a todos e a história principal não é atrativa o suficiente para se manter por conta própria.
Jogo analisado com código fornecido pela Capcom.