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Análise – Blair Witch

Você foi um dos felizardos (ou não) que teve a chance de assistir à Blair Witch (A Bruxa de Blair) no fim da década de 90? O filme foi um sucesso justamente por ter passado a sensação de que tudo era baseado em fatos reais, onde três jovens se embrenhavam na floresta de Burkitsville, em Maryland, Estados Unidos, com uma câmera amadora e captavam tudo, como em um documentário.

Se você assistiu a esse clássico, parabéns. Caso não, o deixaremos um pouco mais por dentro do que é essa famosa lenda da Bruxa de Blair.

A história da Bruxa de Blair não é tão “faz-de-conta” quanto se imagina. Em 1785, uma mulher foi acusada de bruxaria na cidade (que na época se chamava Blair) e acabou perdendo a vida no meio da floresta. Alguns dizem que ela foi expulsa de seu lar e morreu afogada no rio, outros afirmam que a mesma foi enforcada para pagar pelo que supostamente havia feito para as crianças locais.

Você, caro leitor, deve estar se perguntando o que essa senhora fez, não é mesmo? De acordo com a história (que também é contada dentro do jogo), ela levava as crianças para dentro de sua casa e tirava sangue dos pequenos para um tipo de ritual. Porém, ninguém sabe ao certo o que exatamente era feito.

Outro fato curioso que muito se comentou na época, foi a de um homem que criou residência no meio da floresta. Os moradores da cidade se perguntavam como ele era capaz de assumir esse risco com a bruxa morando no local. Porém, nada aconteceu ao cidadão, que ia para a civilização de uma a duas vezes no ano.

Os anos se passaram, e cada vez menos as pessoas acreditavam na história da Bruxa de Blair. Porém, as crianças voltaram a desaparecer na cidade, e logo descobriram que o responsável pelos atos era o rapaz que morava na floresta, que acabou servindo como um “capanga” para a bruxa ao sacrificar as crianças em sua própria residência. Condenado à morte, os cidadãos de Burkitsville puderam respirar aliviados. Ufa! A história é um tanto longa, né?

Embora haja algumas versões sobre o que aconteceu com a moradora da cidade, todas elas levam a um único e assustador fato: várias pessoas, entre adultos e crianças, desapareceram no decorrer dos anos. As primeiras vítimas, inclusive, foram as pessoas envolvidas na expulsão daquela senhora que morreu ao ser expulsa de seu lar sob acusações de bruxaria. De arrepiar, né?

Pensando em como seria controlar todo esse horror, cedo ou tarde algo nos consoles surgiria, e foi então que o pessoal da Bloober Team resolveu desenvolver um jogo baseado no filme, que se passa dois anos após os acontecimentos do primeiro “documentário”.

Embora o título já estivesse disponível para Xbox One e PC há alguns meses, só agora, em dezembro de 2019, a versão de PlayStation 4 aterrissou no console para aumentar ainda mais sua biblioteca de jogos de terror.

Blair Witch
O jogo tenta reproduzir de forma fiel os horrores da floresta de Birkitsville. Fonte: PS4 Share

Como dito anteriormente, os acontecimentos de Blair Witch se passam dois anos após o primeiro filme. Embora o plot do título não tenha ligação direta com o documentário, ele traz todo o terror que a Bruxa de Blair causou nas pessoas na década de 90.

A história do jogo se passa em 1996 e narra o desaparecimento de um garoto chamado Peter Shannon. Policiais da cidade unem forças e começam as buscas pelo garoto dentro da floresta da cidade de Burkitsville, e dentre os envolvidos está Ellis, um ex-militar que sofre de problemas psicológicos desde que voltou de seus deveres como soldado.

Embora pareça uma atitude altruísta, Ellis na verdade está em busca de redenção, e usa Peter como desculpa para tentar alcançar o feito e conseguir o “perdão” de seus antigos parceiros e Jess, sua ex-mulher. Nessa empreitada também se encontra Bullet, cachorro dado de presente pelo Xerife Emmitt Lanning – um de seus melhores amigos -, que o ajuda no controle de sua sanidade mental.

O enredo de Blair Witch pode não parecer aquelas coisas de início, sendo apenas uma desculpa para o jogador adentrar na floresta e se encontrar com a horripilante bruxa. Porém, no decorrer do tempo, é possível perceber que o pessoal da Bloober fez questão de trazer a vida pessoal de Ellis à tona e transformá-la em seu pior pesadelo durante toda a aventura.

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Durante todo o jogo o passado de Ellis passará como um filme, apenas para confundi-lo do que é real e o que não é. Fonte: PS4 Share

Tudo que Ellis tem em mãos para entrar na floresta do terror é uma lanterna, sua carteira com algumas fotos, um rádio para se comunicar com a equipe de resgate, seu indestrutível telefone da Nokia e Bullet, o fiel escudeiro que está sempre pronto para protegê-lo e avisá-lo de qualquer perigo eminente.

Durante a jornada, Bullet pode trazer (a seu comando ou não) alguns achados, como fotos de possíveis vítimas da bruxa, garrafas e brinquedos. Porém, não pense que ele sempre vai fazer o que você pede. Em muitos momentos o cãozinho simplesmente ignora o que é pedido, mesmo que o item esteja na sua frente. Em outros, há um bug bizarro em que o cachorro simplesmente fica sem reação, e a única forma de trazê-lo de volta ao normal é dando biscoitos caninos. Ou reiniciando o save mesmo.

Além desses pequenos achados por Bullet, Ellis também encontra coisas como mapas ou fitas que podem manipular a realidade para se avançar na aventura. Este, inclusive, é um dos pontos que mais se aproxima dos filmes já lançados. Com uma filmadora na mão, é possível assistir às fitas de vídeo encontradas na floresta. As vermelhas manipulam o ambiente ao seu redor e abrem novos caminhos, enquanto que as azuis mostram apenas momentos de um acontecimento em específico.

Embora a filmadora seja de grande valia para momentos chave, ela só utiliza todo seu potencial perto do capítulo 12. Durante todo o resto do gameplay ela acaba sendo inútil, e sua capacidade de visão noturna desperdiçada, pois na maior parte do tempo você ficará usando a lanterna para iluminar os caminhos e abater os inimigos invisíveis que se escondem na escuridão.

E falando em inimigos, Blair Witch segue o padrão dos filmes. Não espere por monstros horrendos ou criaturas enormes. Tudo que existe aqui explora o terror psicológico e acontece apenas no mundo da Bruxa.

Como em Silent Hill, o jogo te leva para um tipo de realidade alternativa daquela que você vive. Quanto mais tempo se passa nela, mais louco e “fora da casinha” Ellis fica. E embora os inimigos só apareçam nessa versão da floresta, eles são poucos e bem bobos, sendo necessário apenas o uso da lanterna para derrotá-los.

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Além dos inimigos invisíveis, Ellis precisa lidar com o “capanga” da Bruxa, o mesmo da história contada no início deste review. Fonte: PS4 Share

Mesmo não trabalhando muito bem alguns elementos, como os inimigos, por exemplo, o título consegue fazer o jogador se sentir completamente perdido no meio da floresta de Birkitsville. Não existem paredes invisíveis, apenas um monte de árvores e galhos barrando sua passagem. Essa imersão faz toda diferença para quem quer realmente se sentir dentro daquele mundo inóspito.

Outro ponto positivo do título está na interação e como o jogador lida com as situações. Quando se pega o celular, por exemplo, é possível jogar alguns jogos mobile, como o da famosa “cobrinha”. Além disso, também é permitido ligar para sua ex-mulher, para o cara da pizza e até mesmo para seu correio de voz.

Ao contrário de outros títulos, que trabalham esse tipo de interação apenas para ser apenas como um “souvenir”, Blair Witch cuida dos pequenos detalhes. Quando se liga muito para Jess, por exemplo, é possível mudar completamente o final da história. Sim, suas ações durante a busca por Peter Shannon influenciarão no destino final de Ellis.

Mas não é apenas no celular que você consegue interagir. A Bloober Team fez questão de trabalhar muito bem Bullet, então será preciso dar carinho, biscoito e até repreendê-lo quando for necessário. Tudo isso para aumentar (ou diminuir) sua relação com o cachorro, e que também influenciará no fim da trama.

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Tenha cuidado ao escolher as cores dos olhos, coleira e pêlo de Bullet no início do jogo, pois isso pode dificultar (ou melhorar) a visibilidade no escuro. Fonte: PS4 Share

Embora o jogo possa parecer muito linear, ele esconde alguns pequenos desvios para pegar os colecionáveis. Não espere por novos caminhos enormes e cheios de segredos. Blair Witch pode ter uma floresta gigantesca para ser “explorada”, mas suas limitações existem e ficam bem estampadas.

Todas as referências ao filme e à própria lenda estão lá, como a cabana, a filmadora, os totens e os famosos galhos que representam a bruxa, de alguma forma.

O jogador que tiver coragem de encarar essa jornada, enfrentará 17 capítulos cheios de horror, pânico e legendas em português. Os gráficos e a trilha sonora estão impecáveis, e condizem muito bem com a proposta do título. Porém, ainda é preciso ressaltar que existem alguns bugs muito estranhos no jogo que, embora não atrapalhem na narrativa, são bizarros de se ver. Afinal, ninguém nunca viu um cachorro correr no ar, não é mesmo, Bullet?

Veredito

Embora tenha seus defeitos técnicos (que podem ser corrigidos com uma atualização), Blair Witch se destaca por ser um jogo de terror que prende pelo horror psicológico, e não jump scares. Com elementos de Silent Hill, Forest e S.O.N, o título leva facilmente o troféu de um dos melhores games do gênero de 2019.

Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Bloober Team.

Winz.io

Veredito

84

Blair Witch

Fabricante: Bloober Team

Plataforma: ps4

Gênero: Terror

Distribuidora: Bloober Team

Lançamento: 03/12/2019

Dublado:

Legendado:

Troféus:

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Veredict

Although presenting some technical flaws (which can be fixed with an update), Blair Witch stands out for being a horror game that sticks to the psychological horror side instead of jump scares. Featuring elements from Silent Hill, Forest and S.O.N, the title easily bears the trophy of one of the best games of its genre in 2019.


Rui Celso
Rui Celso
Jornalista que decidiu se aventurar no mundo gamer desde o tempo em que as revistas eram a principal fonte de informação deste mundo do entretenimento. Hoje eu expandi meu universo e também faço parte do backstage deste universo atuando como Assessor de Imprensa. Só pra constar: Paper Mario é o meu jogo favorito da vida.