Mesmo com vários redatores para análises no PSX Brasil, não dá para cobrir todos os jogos que aparecem. Vários deles são oferecidos para a imprensa especializada por meio de formulários, alguns simplesmente são enviados sem termos pedido e, ainda, existem os títulos que apenas um redator estava de olho e pede a Ivan que faça a ponte com a publisher ou empresa de relações públicas para conseguir uma cópia para review. Este último foi o caso de Basureroes: Invasion.
Nomezinho diferente, né? É uma contração entre duas palavras em espanhol: “basurero” significa lixeiro, coletor de lixo, e “héroes”, que quer dizer heróis. Disso, já sabemos o tema do jogo: uma equipe de superheróis com codinomes relacionados a lixo, combatendo uma uma invasão alienígena. Na localização em português brasileiro, são chamados Basureróis.
Se ainda tem alguma dúvida de que a ideia é fazer comédia sem se levar a sério, veja o herói vestido de banana, o Resíduo Orgânico. Temos ainda o Lixeiro Mascarado, a Recicladora Noturna, o Vingador Latão e mais alguns.
Desde que vi um trailer de Basureroes: Invasion a primeira vez, eu decidi que queria jogá-lo. Devo admitir que não foi o visual que chamou minha atenção, com pixel art de cenários mais simples e planos do que eu gostaria, embora eficazes em comunicar o necessário para a gameplay.
O que me atraiu foi a possibilidade de multijogador para até quatro pessoas, algo um tanto incomum no meio da plataforma de ação que eu tanto gosto. Logo vi uma boa oportunidade para me divertir com meus filhos e, dito e feito, jogamos a campanha em três pessoas.
Dizer que é isso é tudo que Basureroes: Invasion oferece seria injusto e redutivo, pois há bem mais a relatar. Um dos pontos mais importantes é que os Basureróis são sete personagens com habilidades de jogabilidade diferentes, categorizados por dificuldade e instantaneamente alternáveis com o apertar de um botão. O Lixeiro Mascarado, por exemplo, pode planar, mas seu ataque de curta distância o coloca como uma opção mais difícil do que o Latão, que pode se defender e lançar explosivos.
As fases até têm algumas boas ideias, mas não surpreendem e não chegam a empolgar só por seu design. O diferencial, portanto, é poder jogá-las com diferentes abordagens de personagens e se divertir com mais pessoas.
No quesito multiplayer, Basureroes faz um bom trabalho em (quase) sempre conseguir manter todos devidamente na tela. Tem até uma opção de fogo amigo para quem quer aumentar o caos e, por consequência, a dificuldade, mas preferi mantê-la desligada.
O único problema que senti na jogatina coletiva é que apertar o direcional para cima junto a um amigo coloca essa pessoa nas costas. Como o mesmo botão é o que serve para interagir com outras coisas e subir escadas, acabamos carregando os outros sem querer com frequência, o que atrapalha e cria a incômoda necessidade de prestar atenção para não ficarmos próximos uns dos outros quando for preciso ativar alguma coisa no cenário.
No início, a variedade de personagens é prejudicada por limitar a escolha do primeiro jogador a apenas um dentre quatro personagens. Precisamos passar por algumas fases até resgatarmos o próximo companheiro jogável e, assim, começarmos a usufruir da diversidade de técnicas. Até que isso aconteça, os demais jogadores usarão um personagem simples, Lixotrônico, um robô que apenas atira de longe.
Como as fases têm trechos especificamente voltados a habilidades de certos personagens, fica claro que o jogo espera que as revisitemos para conseguir concluir os resgates das cinco pessoas em perigo que há em cada uma delas, mas acaba atrasando a diversão que almeja proporcionar. Ao final da campanha, mal havíamos resgatado metade dos reféns e cachorros. Quem gosta de completar tudo investirá mais tempo ao rejogar os níveis.
Há ainda o cachorro, um “colecionável” interessante que, para ser salvo, precisa ser levado nas costas de alguém até o final da fase, o que inclui a luta contra o chefão. Enquanto o carregamos, não podemos atacar, precisando primeiro deixá-lo no chão para ficar livre para partir para cima. Ser atingido faz o cachorro fugir e, com azar, ele pode acabar caindo em um abismo. Portanto, resgatar o cachorro traz um desafio a mais de completude.
São mais de 20 níveis que tendem a ser longos e sempre trazem chefões diferentes no final. Mesmo que nem todos os encontros sejam particularmente interessantes, eles são variados e alguns representam um bom desafio, enquanto outros destoam com sua facilidade.
Entre a variedade de níveis, há shooter de moto e de “navinha”, mas esses são exemplos de trechos em que a simplicidade sai pela culatra e mostra que a execução de boas ideias em Basureroes: Invasion nem sempre compensa, trazendo variedade com resultados um tanto mornos.
Todavia, é preciso reforçar o valor da variedade do pacote. Podemos rejogar as fases no modo Contra o Tempo e também competir no Modo Batalha, que coloca até quatro jogadores para lutar uns contra os outros em numerosas arenas diferentes. Para completar, ao finalizar a campanha é liberado o Modo Chefões, com boss rush.
Levamos 10 horas para concluir a campanha. Se somarmos ao conteúdo as opções de dificuldade e os filtros de tela, dá para ver que Javi García, o desenvolvedor que criou boa parte do jogo sozinho, caprichou em proporcionar uma diversidade de experiência inesperada para algo que, essencialmente, parece ser um simples platformer de ação — mesmo que, às vezes, seja apenas isso mesmo.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela JanduSoft.