The King of Fighters é uma série extremamente adorada na América do Sul e principalmente no Brasil. Devido aos Arcades no passado, é facilmente um dos jogos de luta mais populares em nosso país (difícil dizer se seria mais que Street Fighter e Mortal Kombat, ainda mais hoje, anos depois da febre dos Arcades). Porém, devido a problemas financeiros da própria SNK, KOF sofreu as consequências. Depois de KOF XIII, uma sequência parecia improvável – até que a SNK se ergueu e decidiu voltar a ser o que era antes.
KOF XIV é fruto dessa atitude: um jogo digno da série, ousado e muito bom. Mas será que tudo são flores?
O gameplay continua sendo o clássico de sempre: trios (ou o personagem sozinho, caso assim desejar) se enfrentam. Há ainda os Super, Max Super e Climax. A principal diferença agora é que os EX só são realizados quando você "estoura a barra". Ou seja, usando uma unidade de sua barra, seu personagem entra em um estado que possibilita a realização de golpes EX enquanto a barra durar.
Uma adição interessante é o Rush: aperte quadrado (soco fraco na configuração padrão) de forma repetida perto do adversário e um combo automático será executado, gastando 1 barra ou não, dependendo se tiver uma disponível. Para jogadores que conhecem a série a fundo, essa mecânica (que existe em outros jogos, como Persona 4 Arena) é completamente inútil. Mas acredite: é ótima para o povo casual ou para quem não quer se estressar aprendendo combos e movimentos para, no mínimo, três personagens. A maior prova disso é a minha noiva: em questão de jogos de luta, ela sofre para soltar um hadouken, mas com essa mecânica de KOF XIV, acabou me ajudando a terminar o modo História (Arcade) com alguns times quando eu não aguentava mais jogar.
Apesar de parecer que nada mudou, é errado dizer que continua sendo o mesmo jogo de sempre. Há muitos balanceamentos e mudanças que deixaram personagens completamente diferentes do que eram antes, como a Angel. Também há muitos personagens inéditos, sejam eles vindos de Pachinkos da SNK, de Samurai Shodown ou verdadeiramente novos, trazendo muita coisa nova para os fãs de longa data.
KOF XIV não decepciona nos modos de jogo. O modo história é o Arcade, basicamente, com você enfrentando diferentes equipes até chegar no chefe final. No meio do caminho, dependendo dos personagens que se enfrentam, é possível ativar conversas especiais – como Andy e Mai, por exemplo. Além disso, há algumas CGs, porém são poucas e, mesmo sendo diferentes para algumas equipes, são bem repetitivas.
Em relação à história, algo que KOF desenvolveu muito bem ao longo de seus jogos, ficou devendo. Os finais são imagens estáticas, portanto nada muito fora do comum, e somente alguns são realmente interessantes, como o da equipe de Yagami. Outros finais, como os de Kim e o de Art of Fighting, ficaram longos demais e bem chatos. O que KOF precisava era de um modo história cinemático, como os jogos de luta têm adotado. Quem sabe no próximo KOF.
KOF XIV possui um Time Attack e Survival, que podem fazer você gastar o seu tempo. As trials, que eram impossíveis em KOF XIII, ficaram muito mais fáceis aqui, sendo apenas 5 por personagem. Há um Tutorial, que explica o básico de forma rápida e precisa. E, é claro, um versus offline.
Um jogo de luta não sobrevive atualmente sem um online e esse era o medo de muita gente. Demoramos um pouco para soltar a análise para justamente testá-lo bastante. E, com o patch mais recente instalado, os resultados são satisfatórios. Entre brasileiros, você não deverá ter problemas. Com americanos ou japoneses, terá. Isso era meio que esperado, porém o matchmaking é baseado na região de sua conta da PSN, portanto se sua conta é US, terá que ligar a opção de encontrar jogadores de qualquer região para achar brasileiros, podendo esbarrar com pessoas lagadas de outras regiões no processo.
O online não foge muito à regra: há partidas ranked ou amistosas. É possível treinar com amigos também, assim como ver replays tanto seus quanto de outras pessoas. O modo online a princípio está muito bom. É claro que podem acontecer bugs ainda, mas testamos e, pelo que vimos, está funcional.
Outra opção ainda que está disponível no jogo é uma galeria de artes, filmes, músicas e vozes dos personagens. Tudo é destravado jogando e terminando o modo história com as diferentes equipes. Porém são tantas artes (de todos os jogos da série) que será preciso jogar repetidamente. Por sorte, o modo online também oferece esses destravamentos (basta ir nos replays e pegar o bônus).
KOF XIV, portanto, possui um modo história bom, um online funcional e modos de jogo que farão você gastar seu tempo. Onde ele erra? Nos gráficos. A trilha sonora está muito boa (apesar de não estar à altura dos jogos anteriores), mas os gráficos, apesar da melhora que aconteceu desde o anúncio, ainda são horríveis. Vamos ser justos: os cenários até que agradam e possuem detalhes interessantes. Alguns personagens também possuem modelos bons, mesmo aqueles que não usam máscara, como Geese. Mas há outros que estão simplesmente horríveis, como Andy, Kyo, Kensou e outros. Não é só o rosto que está estranho e com poucas expressões faciais, parece que há detalhes faltando nos personagens. Não sou designer, portanto não sei dizer o que falta exatamente. Mas é como se os modelos estivessem simples demais.
Creio eu que os modelos fracos dos personagens é resultado de uma SNK frágil, que depende do sucesso deste jogo para se reerguer, e acabaram focando nos outros tópicos, como o gameplay, modos de jogo e a própria quantidade de personagens (50). Se formos analisar desse aspecto, foi a decisão certa.
Veredito
The King of Fighters XIV possui um gameplay sólido, um online funcional, modos de jogo variados e 50 personagens (vários inéditos ou bem diferentes). O problema fica por conta dos modelos feios, principalmente de alguns personagens, e da história (característica da série) pouco desenvolvida.
Jogo analisado com código fornecido pela Atlus.