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Shadows of the Damned

O pedigree de Shadows of the Damned (SotD) é de fazer qualquer fã de Survival Horror ficar louco: Suda 51, responsável pelos mundos e estética bizarros de Killer 7 e No More Heroes; Shinji Mikami criador de Resident Evil, diretor de Vanquish e o homem que revolucionou os jogos de tiro em terceira pessoa (TPS) com Resident Evil 4; e Akira Yamaoka, compositor e produtor de Silent Hill. Em um primeiro pensamento, essa mistura é genial – o mundo diferente e original de Suda 51, com o gameplay de Mikami e as músicas de Yamaoka garantiriam um Survival Horror definidor de geração e gênero.

Em SotD, você controla Garcia Hotspur, um mexicano caçador de demônios. Logo no início a namorada de Garcia, Paula, é morta e sua alma é levada para o Inferno – lá, o rei dos demônios, Fleming, pretende torturá-la por toda a eternidade, fazendo deste o castigo de Garcia por ter assassinado sua legião demoníaca. Garcia então parte para o Inferno para buscar de volta a alma de Paula. Na jornada, seu único companheiro é Johnson – um ex-demônio com forma de caveira flamejante que pode se transformar em moto e armas.

Parece… “tosco”? Não se assuste – SotD tem jeito de filme “B” mesmo, tendendo para o lado de “tão tosco que é bom”. É aqui que entra a primeira das duas ressalvas que tenho para com SotD: se você espera um thriller psicológico como Silent Hill, ou horror biológico nos moldes de Resident Evil, SotD é extremamente decepcionante. Não quero dizer com isso que se trate de um jogo ruim, apenas que ele é diferente do que podemos inicialmente pensar – SotD parece buscar inspirações em filmes como “Evil Dead” e “From Dusk Till Dawn”, evidente pelos personagens absurdos e a tendência para a comédia ao invés de “horror” propriamente dito.

Esse humor é parte integrante de SotD. Garcia e Johnson fazem uma bela dupla, e é engraçadíssimo ver que, dos dois, o demônio é muito mais sensato que o caçador. Muito do humor do jogo vem dos diálogos sensacionais entre os dois, mas fica o aviso de que não se trata do humor refinado de Portal 2, e sim do estilo imaturo e propositalmente bobo de Bulletstorm – piadas com genitais, insinuações sexuais, palavrões excessivos e frases de efeito. Felizmente, o script nunca parece forçado, e assim como em Bulletstorm, o texto é genuinamente engraçado. Parte disso, como vocês devem imaginar, vem da excelente dublagem que dá vida ao texto – Garcia recebe a voz de Steven Blum (o dublador oficial de Wolverine, que também fez Grayson Hunt em, adivinhem só, Bulletstorm), enquanto Johnson é dublado por Greg Willis (Hermes em God of War 3). A troca de sarcasmo entre os dois é certamente um dos melhores aspectos do jogo, e garante risadas a todo momento.

Felizmente, o gameplay também é divertido, especialmente o esquema de armas. Em SotD você não encontra armas comuns, e sim cristais que permitem que Johnson adquira novas formas. Basicamente, você tem três armas: a pistola inicial, chamada Boner (e mais um trocadilho com genitais por parte do jogo); a shotgun, que atende por Monocussioner; e Teehgrinder, a SMG. Cada uma dessas três armas recebe upgrades com o transcorrer do jogo – Boner, por exemplo, se torna Hot Boner (ha!), a qual possui a habilidade de soltar uma espécie de gosma pegajosa (HA!) nos inimigos, enquanto Teethgrinder se torna The Dentist, cujos tiros podem ser teleguiados. Embora pareça pouco ter apenas 3 armas, a verdade é que com os upgrades você acabará tendo todo o arsenal esperado de um jogo de tiro, e ele estará somente disfarçado – do C4 ao lançador de granadas, está tudo lá. Melhor ainda, essas novidades evitam que o combate se torne chato e repetitivo, e eliminar as hordas infernais sempre oferecerá diversão, especialmente porque os vários tipos de demônios exigirão estratégias diferentes- retirar a camada protetora, destruir armaduras, atirar nas costas, entrar nas trevas para encontrar o ponto fraco e mais.

Johnson, aliás, faz bem mais que apenas se transformar em armas. Quando Garcia não o está empunhando, o ex-demônio se torna uma tocha para iluminar seu caminho, servindo também como o ataque físico do caçador mexicano. Todas as formas bélicas de Johnson também são capazes de atirar um raio de luz, que funciona como uma Stun Grenade contra os inimigos. Outro aspecto importante do gameplay é a Escuridão. Durante o jogo, muitas vezes seu personagem entrará em uma área tomada pelas Trevas, dentro da qual os inimigos são invencíveis e Garcia perde energia pouco a pouco. Para se livrar dessa Escuridão, você deve encontrar cabeças de bode e atirar seu raio de luz nelas, fazendo com que a área volte ao normal. O problema é que muitas vezes você terá que ficar voluntariamente nas trevas para acionar mecanismos ou encontrar a saída, ficando extremamente vulnerável.

O aspecto mais bacana do jogo, porém, são os Chefes. Eles são imensos, com design original e oferecem batalhas divertidíssimas, além de ser completamente exagerados. O primeiro chefe, por exemplo, se transforma em monstro ao comer o próprio coração, e passa a montar um cavalo que literalmente defeca trevas. Ao ser derrotado, ele devora o coração do cavalo e o próprio cavalo, tronando-se um monstro gigante que urina trevas. Essa estética bizarra nunca deixa de surpreender e divertir, e é marca registrada de Suda. As histórias sobre os chefes são contadas na forma de livros de contos de fada infernais espalhados pelo jogo, e eles oferecem sempre uma leitura descontraída e divertida – um dos melhores momentos do jogo é ouvir Hotspur tentando ler um dos contos sobre os chefes, mostrando sua dificuldade de leitura da língua inglesa, simplesmente impagável.

SotD é um jogo de bons gráficos, ainda que não sejam impressionantes. Os modelos são bem feitos, as texturas são boas, o jogo roda praticamente sem slowdowns ou clipping e os efeitos de luz são muito bons, mas o jogo, assim como Alice: Madness Returns, impressiona mais pelo seu design e estética que por seu aspecto técnico. O Inferno tem um design excelente, assim como as armas, e é visualmente impressionante por toda a bizarrice que apresenta – o bordel infernal é de fazer qualquer um rir, assim como seu marcador de checkpoints. As músicas são um show à parte. As composições de Yamaoka são inconfundíveis e continuam belíssimas. Em alguns momentos elas fogem um pouco do clima filme “B” do jogo (que quase implora por uma trilha punk rock às vezes), mas no geral, a trilha sonora garante uma ótima atmosfera.

Meu veredicto sobre SotD? É um jogo excelente, divertidíssimo e que recomendo fortemente para quem gosta de um bom TPS, mas entra aqui minha segunda ressalva: SotD é curto, sem extras, possui apenas um final e não tem New Game+ – em outras palavras, o valor de replay do jogo é mínimo, para não dizer nulo. Não há roupas destraváveis, making of, vídeos, seleção de capítulos, visualizador de cutscenes, nada. Para muitos de nós, a falta de replay é um fator decisivo na hora da compra, e não há estilo ou execução que a compense pouco menos de 8 horas de jogo. Chega a ser estranho que os jogos dos três grandes nomes de SotD em geral sejam abarrotados de extras e o título da Grasshoper seja tão cru.

Shadows of the Damned é ótimo (e, de novo, não pelos motivos que podemos inicialmente pensar), mas como o jogo é curto e sem extras, a recomendação de compra é cautelosa, e talvez você esteja mais bem servido com um aluguel. Com seus personagens divertidos e ótimo combate, porém, essa é uma das viagens ao inferno mais agradáveis do mundo dos games.

— Resumo —

+ Músicas e dublagem excelentes
+ Personagens carismáticos
+ Ótimo design
+ Gameplay e enredo divertidos

Curto
Sem extras

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Veredito

86

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