The Walking Dead da Telltale foi uma grande surpresa de 2012. Ganhador do Game of the Year daquele ano, sua narrativa forte e tensa emocionou muitos jogadores (e traumatizou alguns – incluindo este que vos escreve). Não à toa, tornou-se o carro-chefe da Telltale e possibilitou o crescimento da desenvolvedora. Apesar de a segunda temporada do jogo ter recebido uma recepção mais amena, a série continua em desenvolvimento, com uma terceira temporada em andamento e agora com o lançamento da minissérie The Walking Dead: Michonne.
Diferente de 400 Days, DLC lançado para a primeira temporada e que serviu de ligação para a segunda, TWD: Michonne foi lançado como um jogo standalone, ou seja, não é preciso comprar nenhum jogo anterior para jogá-lo. Embora não confirmado pela desenvolvedora, esta minissérie não parece ter ligação nem servir de introdução para a terceira temporada, mesmo assim, ainda continua no mesmo “universo” dos quadrinhos e de Clementine.
Como o próprio nome diz, a minissérie foca na história de uma das personagens mais adoradas pelos que acompanham tanto o seriado quanto as HQs: Michonne. Vale lembrar que os jogos da Telltale são baseados nas HQs, portanto, a Michonne que vemos no jogo possui a arte diferente do seriado, além de ter um desenvolvimento psicológico muito mais profundo e uma relação mais próxima com o Carl e o Rick.
A história do jogo visa preencher o período em que Michonne ficou sumida na HQ, entre o final do arco do Negan e início do arco dos Sussurradores. Foi praticamente um ano de quadrinhos em que os leitores ficaram sem saber de seu paradeiro. Encontramos uma Michonne sozinha, vagando por uma floresta, novamente atormentada pelos fantasmas do passado. Seu psicológico está abalado, o que a leva a tomar decisões que podem não ter volta, até que é resgatada por Pete e seu grupo, que vivem em um barco em alto-mar.
Apesar do cenário inusitado, o jogo mostra que mesmo no meio da água não há garantias de segurança contra mortos (e vivos), e novamente Michonne volta à ativa, se unindo a Pete para procurar dois amigos dele, desaparecidos após enviarem um último chamado de ajuda. Isso serve de partida para o desenrolar do primeiro episódio, com a introdução de novos grupos de sobreviventes e situações dramáticas.
O episódio possui uma duração curta até mesmo para um jogo da Telltale, mas é bem produzido e dá um bom início para a minissérie. A abertura do jogo é ótima, com momentos de ação mesclados entre o passado e o presente. Fora isso, continua existindo aqueles momentos de tensão, com diálogos e decisões que vão dificultar a vida do jogador. Isso me fez lembrar do Game of Thrones da Telltale, em que não há uma decisão boa ou ruim aparente.
O jogo segue a dinâmica dos jogos recentes da Telltale, focando mais na narrativa do que na exploração, o que agrada a alguns e desagrada a outros. Apesar disso, uma novidade foi apresentada: nos momentos de ação, em que é necessário atenção para fazer a combinação certa dos botões, a tela diminui horizontalmente. Isso acaba fornecendo uma dica ao jogador para se preparar quando sua concentração for necessária.
A performance no jogo no PS4 segue muito boa, sem travamentos nem quedas aparentes de framerate. A arte segue o que foi visto nos jogos anteriores da série, com bastante expressividade nos olhos e momentos por vezes sangrentos demais. As músicas de abertura e encerramento são um destaque e se encaixam muito bem à história.
O trabalho de dublagem é muito bom e conta com a Samira Wiley (a Poussey de Orange is the New Black) fazendo uma ótima interpretação, trazendo emoção às falas de Michonne. A localização com legendas em PT-BR está boa no geral, apesar de alguns erros crassos de tradução.
Veredito
A nova minissérie de The Walking Dead se distancia de Clementine e seu grupo para focar em uma das personagens queridas dos fãs da série e dos quadrinhos: Michonne. Saber o que aconteceu no longo período em que ela ficou afastada de Rick, Ezekiel e dos demais sobreviventes tem o potencial para ser uma história tensa, explorando o lado psicológico da personagem e seu passado, que ainda a atormenta. Apesar da curta duração e pouca exploração, o episódio guarda momentos tensos que valem a pena ser experimentados.
Jogo analisado com o código fornecido pela desenvolvedora.