De todos possíveis derivados de Persona 4, um jogo rítmico foi um dos mais inesperados, principalmente considerando que Persona, originalmente, é uma série de RPGs com enfoque pesado em sua história. Apesar de alguns pequenos deslizes, a Atlus fez um ótimo trabalho em criar Persona 4 Dancing All Night, título que deve interessar tanto a fãs de jogos rítmicos como os da série Persona.
Mesmo com vários jogos rítmicos no Vita, P4D é bastante único em termos de apresentação e jogabilidade, portanto, mesmo veteranos do gênero podem demorar a se adaptar. Dança é o tema principal do título e por isso o centro da tela é o espaço reservado para mostrar os personagens dançando, enquanto as notas se movimentam do centro para os cantos.
P4D utiliza seis botões: cima, esquerda, baixo, triângulo, circulo e X. Conforme as notas se locomovem para os cantos específicos, basta pressionar o botão correspondente no tempo certo. Há também notas duplas e notas que precisam ser seguradas, comuns em quase qualquer jogo rítmico.
O analógico é utilizado para os círculos azuis e círculos “FEVER” que aparecem, mas essas notas não são obrigatórias de serem acertadas e, caso erre, não há penalidade alguma. O “FEVER” é um trecho da música que fornece mais pontos e, caso esteja indo muito bem na música, faz com que outro personagem apareça para dançar em conjunto com o personagem corrente.
Além da movimentação das notas, outra grande diferença de P4D é que tais notas, usualmente, seguem a batida das músicas ao invés dos vocais ou sons mais perceptíveis. Não é problemático depois que se sabe qual som deve ser utilizado para se guiar, mas isso pode confundir jogadores não acostumados com jogos de ritmo.
Falando em confuso, a interface de jogo em P4D é uma das suas melhores características e, também, seu maior problema. As animações de dança que se passam no centro são espetaculares, a ponto dos desenvolvedores colocarem um modo coreografia que permite assistir e aprender suas coreografias e passos. No entanto, devido à dança, a tela fica extremamente ocupada e é difícil ver onde estão as notas. Isso é problemático nas dificuldades mais altas, onde há muitas notas e algumas podem passar completamente despercebidas pelo jogador.
Eventualmente, me acostumei com a interface confusa para saber aonde as notas irão aparecer, mas ainda sou pego de surpresa em algumas músicas. Nas dificuldades mais altas, há bastante variação de notas e do uso dos círculos, o que cria uma imagem bastante confusa sobre qual nota deve ser a próxima. Pessoas que me assistiam jogar não tinham a menor ideia do que estava acontecendo.
Apesar disso, ou por causa disso, P4D é muito divertido. Eu adoro jogos de ritmo difíceis e P4D é imperdoável. Excessivamente imperdoável. Seu sucesso é determinado pela reação do público, demonstrado pelos bonequinhos na parte superior da tela. Se você dançar bem, eles ficam mais animados e, caso dance mal, eles irão ficar mais nervosos, a ponto de terminar a música na metade. Pessoalmente, não gostei dessa mecânica, pois é possível falhar com alguns poucos erros no final, mesmo que tenha ido muito bem durante toda a música. Já tive jogadas em que uma falha minha teve uma pontuação maior do que um sucesso, portanto a mecânica é até injusta algumas vezes.
Além dos quatro modos de dificuldade, existem diversos itens que alteram ainda mais a jogabilidade. Tem interesse em aumentar ou diminuir drasticamente a velocidade das notas? Existe um modificador para isso. Randomizar as notas? Tem isso também. Fazê-las desaparecer completamente? Boa sorte se você tentar isso. Há itens tanto para aumentar como diminuir a dificuldade, similar aos jogos Project Diva F. É algo que adoro, pois sempre tem um desafio a mais que me faz retornar ao título.
A trilha sonora consiste inteiramente de músicas e remixes de Persona 4 e derivados. Fãs da série irão adorar ver suas músicas favoritas representadas. Isso, no entanto, também cria uma setlist sem muita variação de gênero. Se você não gosta de pop ou rock, dificilmente irá encontrar uma música de seu gosto aqui.
Esse não seria um jogo Persona sem uma história. Sim, existe uma história nesse jogo rítmico, que narra eventos que se passam após Persona 4 Ultimax. O jogo parte do princípio que o jogador esteja, no mínimo, familiarizado com os personagens (não há menções a P4 Arena ou ao Ultimax) e há poucos spoilers em relação ao jogo original.
A história começa com Rise pedindo que seus amigos se apresentem junto dela em um festival e que isso marcaria seu retorno à carreira de ídolo. Logo, estranhas abduções começam a acontecer e a história segue seu caminho. A história segue os moldes vistos em Persona 4 e seus outros derivados, o que deve agradar aos fãs, mas não espere por grandes surpresas.
O modo história funciona como uma visual novel, mesmo formato utilizado nos jogos de luta. Ou seja, texto, muito texto, e imagens descrevendo os acontecimentos e, ocasionalmente, acontecem os momentos em que os personagens precisam dançar e é passado o controle para o jogador.
Veredito
P4D é um excelente jogo de ritmo, contanto que você saiba o que esperar do mesmo. Não é algo que posso recomendar abertamente devido a sua lista de músicas limitada, mas todos os que gostarem da mesma e da jogabilidade, poderão jogar P4D continuamente durante meses devido à jogabilidade desafiadora e aos modificadores.
Jogo analisado com código fornecido pela Atlus