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Muv-Luv

Poucas coisas separam uma boa visual novel de um bom livro. Retirando tudo o que, tradicionalmente, videogames acrescentam com seu gameplay, o qual é a principal ferramenta de imersão e que torna a mídia tão diferente de todo o resto, o “jogador” é deixado nos braços apenas da história e da arte do jogo, que precisam sustentar toda a experiência, ainda mais quando o jogador “precisa” passar por alguns pontos da história repetidamente para experimentar todas as rotas que o jogo oferece.

Muv-Luv, uma visual novel bastante popular no Japão, com seu próprio anime e várias e várias versões lançadas para diferentes plataformas ao longo dos anos, é a mais nova delas a chegar ao PS Vita, portátil que se tornou uma das principais “casas” para jogos desse gênero no Ocidente, por meio das mãos da PQube.

Como uma história, Muv-Luv é um misto de resultados. Muitas das coisas que o jogo faz bem acabam tendo o seu brilho um pouco dilapidado em razão de alguns pontos que poderiam ter sido mais bem planejados. Dividido em dois arcos distintos, Muv-Luv Extra e Muv-Luv Unlimited, há uma quantidade enorme de rotas a serem exploradas pelo jogador e cada um dos arcos oferece algo bem distinto.


Extra, claramente desenhado como o primeiro jogo da série, é bem próximo de um dating sim tradicional. Colocando o jogador no papel do jovem Takeru Shirogane, ele foca bastante na relação do protagonista com uma amiga de infância apaixonada por ele, Sumika Kagami, e em uma jovem estranha que é a nova estudante do colégio, chamada Meiya Mitsurugi, e mais algumas outras colegas de escola, com cada decisão aproximando mais o protagonista de uma das meninas.

É bem difícil chamar Extra de algo além de formulaico. Os personagens são muito clichês, parecendo especificamente desenhados para se encaixar nas expectativas do jogador, e a maneira como a história se desenvolve não foge daquilo que alguém com mais experiência com jogos desse gênero esperaria. Ainda assim, há certa efetividade na narrativa, sendo raro que acontecimentos ou até menções corriqueiras sobre coisas importantes do passado dos personagens não tenham algum tipo de conclusão mais à frente.

Por mais que isso possa ser apontado como um ponto fraco, a narrativa é surpreendentemente bem escrita, fazendo um trabalho incrível em prender o jogador e fazê-lo se importar com os personagens, já que todos têm um ótimo arco de evolução. Entretanto, para quem deseja experimentar todas as rotas, os diálogos são muito repetitivos e a história várias vezes parece se alongar apenas para preencher determinadas cotas de palavra e tempo, sendo talvez até mais aproveitável se contasse uma considerável redução desses fillers.

O maior sucesso de Extra, entretanto, é estabelecer as bases para uma das reviravoltas mais impressionantes já vistas no gênero. Quase todo o impacto emocional que a história de Muv-Luv Unlimited, segundo jogo do pacote, tem vem do ótimo trabalho que Extra faz em construir o seu relacionamento e conhecimento daquele universo.

O jogo abandona o estilo dating sim/harem e passa a seguir uma linha muito mais de ficção científica, com diálogos recheados de filosofia, universos alternativos e momentos bastante emocionantes. É difícil explicar exatamente o porquê desse sucesso sem entrar em spoilers, mas Unlimited transforma a ambientação padrão do Extra e dá um giro completo em outra direção, com boa parte desse êxito vindo da surpresa que Extra ajuda a construir por ser tão “comum”.

É a partir desse ponto que é possível entender o porquê da trilogia Muv-Luv (há um terceiro jogo, chamado Muv-Luv Alternative, também lançado para PS Vita e que fecha a série) ser tão influente, em especial considerando a época do seu lançamento (o jogo original saiu em 2003 no Japão). Entretanto, a demora para chegar ao Ocidente tem alguns efeitos indesejados na obra, principalmente na arte.

Muv-Luv é claramente um jogo lançado no começo deste século. Apesar dos personagens conseguirem demonstrar um espectro considerável de emoções, ainda assim é um estilo de arte 2D datado, característico do fim dos anos 90/começo dos anos 2000, que dificilmente vai surpreender ou te deixar boquiaberto em algum momento, por mais agradável que seja. Os outros aspectos técnicos, como fonte e resolução foram perfeitamente otimizados para o Vita, a trilha sonora é ótima e não existem erros gramaticais ou traduções estranhas perceptíveis.

No geral, Muv-Luv vale muito a pena. Por mais que as rotas se estendam mais do que deveriam (contando ambos os jogos, são algo entre 30-40 horas de jogo) e Extra sirva muito mais para construir o universo e os personagens, Unlimited entrega mais do que o suficiente para fazer o jogo inteiro valer a pena. É uma pena que boa parte do que é construído aqui seja concluído em Muv-Luv Alternative, ainda assim, o jogo se sustenta em suas próprias pernas (ambos possuem finais verdadeiros) e faz jus a todo o barulho em torno da série.

Veredito

Muv-Luv é mais uma ótima visual novel para o PS Vita. Um verdadeiro clássico do gênero, o jogo faz jus à fama, com uma história incrível, em especial no segundo jogo, e que consegue superar vários dos clichês que poderiam evitar o seu sucesso.

Jogo analisado com cópia digital fornecido pela PQube.


 

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Veredito

85

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Veredict

Muv-Luv is a great visual novel for the PS Vita. A true classic of the genre, the game deserves its fame, with a great story, specially on the second game, and manages to overcome many cliches that could hold its success.