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Fallout 4

[ALERTA DE POSSÍVEIS SPOILERS] 23 de outubro de 2077 foi quando tudo acabou. Fugindo dos ataques nucleares, você e sua família entram em um dos abrigos da companhia Vault-Tec, onde passarão um tempo indeterminado em estado de criogenia. Anos (ou seriam séculos?) adormecido, você acorda a tempo de ver sua mulher ser assassinada e seu filho, raptado por bandidos. Não podendo fazer nada a não ser presenciar aquele momento terrível, você volta ao sono criogênico e acorda tempos depois, saindo de sua cápsula e descobrindo que é o único sobrevivente do abrigo. Agora, 200 anos no futuro, em uma Boston pós-apocalíptica habitada por supermutantes, deathclaws, sintéticos e seres humanos nem um pouco acolhedores, seu objetivo é buscar o paradeiro de seu filho e sobreviver nessa terra de ninguém.[FIM DOS SPOILERS]

Fallout 4, desenvolvido pela Bethesda Game Studios, é uma das continuações mais aguardadas dos últimos anos e continua uma das franquias mais consagradas do mundo dos games. Com um legado importante, é impossível não compará-lo com suas versões anteriores e como a Bethesda teve uma geração inteira para melhorar e aperfeiçoar diversos aspectos da franquia. Mas será que todas as mudanças foram benéficas ao jogo?

As principais novidades ficam para as mecânicas e sistemas do game. Uma delas sendo a criação de sua vila de refugiados de Wasteland (ou, como ficou traduzido em português, os Ermos), trazendo consigo uma mudança fundamental nas funções do jogo. Agora há um propósito em coletar os diversos materiais aleatórios encontrados nos cenários destruídos de Boston, dando possibilidade de construir diversos objetos e utensílios em seu abrigo, como residências, mobílias, iluminação, até defesas como torretas, suprimentos e lojas. Há também um sistema de looting mais preciso e direto, o jogador não precisa abrir compartimentos para ver o que há neles. Com o simples passar da mira, você já automaticamente visualiza o que quer pegar e o que não quer de baús e corpos dos inimigos.

Esse sistema de criação é uma das melhores novidades e cria um sistema inteligente e eficiente para o looting. Muito semelhante com games do gênero como Minecraft e surpreendentemente, The Sims, em que o jogador, além de construir, dá função aos moradores da vila, ordenando que cada um ali tenha alguma tarefa a cumprir, criando uma comunidade autossuficiente e que possa se defender de futuros ataques de bandidos e caçadores da área. E junto com o sistema do abrigo vêm também modificações no próprio personagem.

O nível de customização das armas, armaduras, poções, comidas e até de sua power armor é incrível e profundo. As armas já não mais quebram depois de serem usadas em batalha e são amplamente customizáveis, não precisando ser pegas múltiplas vezes de inimigos. Basta um exemplar de uma pistola pra customizá-la como bem quiser. As opções são muitas e podem te custar horas e horas apenas modificando e criando utensílios, sem nem ao menos explorar o mundo do game.

A mecânica de tiro, aliás, foi amplamente aperfeiçoada e agora pode se chamar de um verdadeiro First Person Shooter (mesmo com a opção de terceira pessoa também) sem passar vergonha ao lado de concorrentes do gênero. O V.A.T.S., sistema consagrado em games anteriores, onde a ação é interrompida para o jogador escolher quais partes do corpo do inimigo serão atingidas pelo ataque, não param completamente a ação, dando mais urgência ao combate, que realmente esquenta em alguns locais do Ermo.

A forma de aumentar de nível também foi modificada. Conhecida como S.P.E.C.I.A.L., agora o jogador pode não só escolher as perks básicas de cada atributo, mas basicamente pegar qualquer uma logo de início, com cada uma tendo seu próprio nível. Por exemplo, você pode evoluir a vantagem “Dureza” até quatro vezes, aumentando gradualmente o quanto de resistência a dano ela oferece. Isso dá um dinamismo e uma possibilidade de construir as habilidades do seu personagem quase infinitas. E não há level cap, você pode subir de nível “infinitamente”.

Semelhante a alguns jogos da Bioware como Mass Effect e Dragon Age, os companions são carismáticos e alguns deles oferecem alguns dos melhores momentos do jogo. Aliada com a excelente dublagem, é difícil escolher quem irá te acompanhar nas missões. Seja um supermutante que balbucia palavras e quebra tudo na hora da briga, até um detetive que provavelmente será o favorito de muitos jogadores. Aumentando seu nível de relacionamento, eles poderão oferecer itens úteis ou te mandar em missões exclusivas que aprofundam ainda mais a trama de cada um. A I.A. dos companheiros geralmente funciona, mas podem-se encontrar alguns obstáculos em estabelecer certas ordens, dificultando na hora da ação.

Um dos melhores e ao mesmo tempo piores elementos do jogo é o novo sistema de diálogos. Dinâmicos e contínuos, eles podem ser interrompidos a qualquer hora com os NPC’s. . As escolhas feitas através dos diálogos influenciam na sua relação com o companion que está te acompanhando no momento. Sai o sistema de karma dos jogos anteriores e entra um sistema bem menos influente na experiência do jogo e muito mais subjetivo. É interessante dar elementos mais cinzas para um sistema anteriormente preto e branco, mas que pode ser melhorado e polido em futuros títulos, já que a influência das escolhas nos jogos anteriores era muito mais recompensadora do que neste.

Apenas a partir da metade final da trama principal é que o jogador realmente muda o curso da cidade através de suas escolhas. A partir dali, as decisões realmente são incisivas na trama, criando sacrifícios moralmente desafiadores. Mas com a nova árvore de diálogos, o jogador fica um pouco limitado, com quatro opções básicas que envolvem ser “grosso”, “irônico”, perguntar algo de interesse ou ser o mais gentil possível.

No final, com todas essas novas mecânicas, de diálogos dinâmicos, a facilidade e motivação de fazer o looting, passando pela nova e melhorada mecânica de tiro, fazem o jogo criar um dinamismo e velocidade não visto anteriormente pela série ou por qualquer jogo da desenvolvedora. Há um maior foco na ação e no crafting e menos nas escolhas e decisões da trama.

A história, ainda sim consegue ser uma das melhores da série, tendo boas reviravoltas e recheada de momentos memoráveis. Com foco nas diversas facções espalhadas pela cidade, protagonizada pelo misterioso grupo chamado Instituto, a narrativa dá uma boa guinada quando você percebe que encontrar seu filho pode envolver eventos muito maiores do que se pensava no início. Uma das melhores adições para a imersão é o fato do protagonista falar nas cenas de diálogo, contribuindo na importância que seu personagem tem dentro da trama. Aliada a uma ótima tradução em PT-BR, a aventura principal tem aproximadamente 30 horas, mas há muito mais a ser explorado depois de terminá-lo.

Missões fora da trama principal enriquecem ainda mais o universo. Seja arranjando um romance entre uma robô apaixonada e um professor idoso, ou fazer uma “pequena” dedetização em um dos antigos postos de guarda dos Minutemen, onde as pestes encontradas chegam a medir pouco mais de 4 metros de altura. As missões secundárias podem simplesmente surgir na frente do jogador das mais inesperadas e surpreendentes maneiras possíveis.

Boston é rica e densa, além do que as cidades previamente visitadas da franquia. O mundo é lindo e colorido, há uma paleta de cores forte que dá personalidade aos cenários e personagens e contribuem no desejo do jogador em explorar cada pedaço daquele mundo desolado e fascinante. Mais uma vez a Bethesda dá um show em apresentar histórias e contextualizar locais apenas inserindo objetos em cena que estimulam a imaginação do jogador do que pode ter acontecido no local. A liberdade de explorar o mundo como bem entender, escolher entre as diversas sidequests, aliado ao sistema de clima, e pequenos detalhes; como o Pip-Boy 3000, que agora não só informa seu status e informações da missão, mas tem um modo de mini-games inspirado em clássicos arcades como Donkey Kong e Missile Command, enriquecem a experiência a um patamar que poucos jogos puderam chegar.

Mas nem tudo é perfeito, o jogo apresenta diversos bugs e inconsistências gráficas. Os gráficos podem ser lindos vistos de longe, mas os modelos de personagens, como em outros jogos da desenvolvedora, estranham e muitas vezes te tiram da imersão. É bem irônico ver personagens humanos agirem feito robôs sendo que a trama envolve exatamente questões sobre sintéticos estarem infiltrados na sociedade como humanos. Há também algumas texturas em baixa resolução nos cenários e repetição de alguns objetos que incomoda depois de horas explorando os locais. O frame rate é inconstante e em momentos de intensa ação consegue despencar de forma inacreditável, chegando a congelar a imagem por alguns segundos. Ironicamente, isso piora em locais fechados recheados de inimigos.

É bem difícil avaliar algo que eventualmente pode ser consertado em futuros patch e atualizações. Mas analisando o estado em que se encontra no momento do lançamento, é difícil não citar seus diversos bugs e incongruências gráficas e mecânicas. Os loadings, mesmo não sendo exatamente longos, incomodam quando se tem de atravessar locais fechados múltiplas vezes. Mesmo com dicas sobre o mundo do jogo, ainda quebram a experiência toda vez que se entra em uma nova área ou usa-se fast travel. Não encontrei nenhum problema que tenha interrompido diretamente minha experiência, mas é importante ressaltar que há problemas assim espalhados no mundo do jogo.

Veredito

Fallout 4 é um lindo e rico jogo que necessita de um pouco mais de polimento para alcançar a excelência que merece. Porém, tem como seu aliado todas as características que consagraram seus antecessores: ótima história, ambientação, mundo e mecânicas inteligentes que misturam bem um RPG mais tradicional a um FPS de ação. Mas também peca por continuar com o legado de bugs, quedas de frame rates e modelos de personagens estranhos, que podem quebrar a experiência e imersão em alguns momentos. Mas no fim, é ainda um dos melhores representantes do gênero na atual geração e um jogo obrigatório para qualquer fã da série pós-apocalíptica. Afinal, é você, ex-habitante do Vault 111, que irá desbravar os Ermos e contará sua própria história. E o que faz de você S.P.E.C.I.A.L. ?

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Veredito

92

Fallout 4

Fabricante: Bethesda Game Studios

Plataforma: ps4

Gênero: RPG/Ação/Shooter

Distribuidora: Bethesda Softworks

Lançamento: 10/11/2015

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