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Bloodborne

Aguardado como um dos maiores exclusivos do PlayStation 4 para 2015, Bloodborne também carrega outro fardo, que é o de manter o nível de excelência da série Souls. O novo jogo de Hidetaka Miyazaki, diretor da série e presidente da From Software, traz novas ideias para o gameplay, preservando elementos tradicionais que conquistaram o atual status de prestígio da franquia.

Para desvendar a origem de uma doença que assola a cidade gótica de Yharnam, o jogador precisará explorar cenários macabros e enfrentar inimigos ou chefes em situações desfavoráveis. Embora seja uma nova propriedade intelectual, Bloodborne carrega o DNA dos jogos da série Souls. A marca registrada da série, sua dificuldade altíssima, continua presente.

A ambientação medieval foi substituída por um local ainda mais sombrio, comparado aos mundos dos jogos anteriores. A narrativa também segue a mesma linha dos demais Souls, sem oferecer detalhes claros sobre a história do jogo por meios convencionais (como cutscenes), dando ênfase na descoberta do lore por meio de conversas com personagens, anotações e descrições de itens. Fundamental para a construção da narrativa é a criação de um universo convincente e rico em detalhes. As ruas abandonadas de Yharnam demonstram rastros de uma cidade próspera que entrara em decadência. Por meio de sua beleza visual e artística, o usuário do jogo dificilmente resistirá à sedução do potencial imersivo desta cidade.

O salto nos gráficos são enormes quando comparado a Dark Souls 2, demonstrando o que um console da nova geração é capaz. Não só as texturas em alta resolução, mas a iluminação de ponta são importantes componentes que dão vida a Yharnam. A tecnologia empregada nos tecidos, nas animações e no dispersamento de sangue também impressionam – a violência em Bloodborne é entusiasmante.

O maior mérito do time de Miyazaki, no entanto, está na atenção aos detalhes. A arte de Bloodborne é fantástica. Não há economia no capricho do desenvolvimento de cada quarto, rua, background ou outros ambientes. A densidade e diversidade de assets do jogo é enorme e ocasionalmente causa pop-ins, mas não incomodam a experiência de jogo.

Todo este esplendor visual, porém, vem ao custo de uma framerate inconstante, que pode incomodar em alguns momentos, além de loadings extensos. A qualidade visual é acompanhada pelo mesmo cuidado no áudio. A trilha sonora é outro aspecto que obteve um salto em relação aos Souls – as músicas orquestradas são impressionantes e representam um novo marco pra série.

A estrutura do mundo de Bloodborne é um misto de Demon’s e Dark Souls. Existe um hub, local isolado do mundo principal do game, em que o jogador pode aumentar seu nível, comprar itens e customizar suas armas e runas. Este local de descanso, similar ao Nexus de Demon’s Souls, é o Hunter’s Dream, um espaço que pode ser acessado por meio de lâmpadas posicionadas nas regiões de Yharnam, similares às bonfires de Dark Souls. Fora desse hub, as regiões de Yharnam são interconectadas, proporcionando um mundo “aberto”, outro elemento característico de Dark Souls.

O gameplay também é bastante similar, mas contém algumas mudanças significativas no combate. Escudos não fazem mais parte do jogo (até existe um, porém nada eficaz). O jogador precisa desviar e adotar uma postura mais ofensiva. Após receber algum dano, é possível recuperar parte de seu HP atacando os inimigos. Isso demonstra em parte a mudança de foco no combate. Outro elemento que torna o jogo bastante distinto dos Souls é a introdução das armas de fogo, que substituem não só os escudos mas também as magias/milagres.

A arma de fogo, equipada na mão esquerda, será a sua aliada em momentos de maior pressão. Apesar do baixo dano e de consumir balas (limitadas a 20 no inventário), estas são o novo instrumento de parry, que possibilitam a você interromper o ataque de inimigos e iniciar um visceral attack (riposte). São úteis até mesmo para chefes e decisivas nos confrontos contra personagens humanos. Bloodborne oferece desde pistolas até canhões, então, o jogador que se sentir desconfortável com a mecânica de parry, pode priorizar o desenvolvimento de uma arma de longo alcance com foco no dano.

As armas melee também passaram por mudanças substanciais. São dois fatores que diferenciam muito Bloodborne em relação a Demon’s/Dark Souls – a metamorfose da arma e os ataques concentrados. Toda arma na mão direita possui uma transformação ou “adaptação”, como uma espada que ao se encaixar com um bloco se transforma em uma marreta, ou uma lança que ganha uma forma de espingarda. Esta mudança proporciona um estilo de combate totalmente novo, com um moveset único e que pode ser alterado pelo jogador com um simples botão.

Esse dinamismo permite que o jogador carregue duas armas, que podem se transformar em outras duas, proporcionando um leque variado de opções de ataque. Fazer uso das diversas armas e seus tipos de danos facilita os confrontos, eliminando a necessidade de entrar nos menus do jogo. Além do dano extra, os ataques concentrados, realizados segurando o botão de ataque, são ferramentas que possibilitam o backstab. Nos Souls, bastava apenas se posicionar atrás dos inimigos para fazer esta ação, mas em Bloodborne é necessário acertar tal ataque, deixar o inimigo de joelhos (ou caído) para então perfurá-lo.

O modo de desviar também mudou em Bloodborne . A antiga rolada ainda existe, mas quando se trava a mira nos inimigos a locomoção é outra – com menor alcance, porém ainda mais rápida, permitindo contra-ataques em menor tempo. Apesar deste inédito “side dodge”, o jogo tem um grande problema com sua mira travada ou lock-on: inimigos e, principalmente, chefes costumam te acertar com facilidade nesse modo. Portanto, a melhor dica para enfrentar bosses gigantes pode ser simplesmente desativar o lock-on e utilizar a boa e velha rolada de Demon’s/Dark Souls.

Relativo aos desafios e inimigos do jogo, há de se destacar a diversidade e criatividade das criaturas posicionadas em Yharnam. Há uma enorme variedade de monstros grotescos e NPCs doentios. A escolha artística e o rico detalhe na construção destes seres renovam a experiência de jogo a todo instante – Bloodborne jamais fica cansativo nesse ponto. A variedade nas habilidades de ataque não é restrita somente ao jogador, o comportamento dos inimigos também é fantástico. Existem diversos padrões de ataque e isso pode ser aumentado acumulando um grande número de insight – item equivalente a humanity de Dark Souls, que serve como moeda para compra de itens especiais e para uso no modo online.

Bloodborne é menos punitivo nas mortes do que em relação aos Souls, mas isso não significa que seja um jogo mais fácil. Aqui não se perde o “corpo vivo” nem há redução de HP quando se morre, o número de insight também permanece inalterado (diferente de humanity). O jogador ainda deve resgatar os seus blood echoes (nova experiência/moeda do jogo) no local onde morreu, mas há um novo elemento aqui: inimigos podem carregar seus blood echoes. Para resgatá-los, você precisa matar o inimigo que os carregam. No entanto, este novo aspecto é confuso, pois nem sempre o inimigo que lhe matou vai carregar seus blood echoes. Eles podem ficar no chão ou até mesmo serem recolhidos por outros inimigos que você derrotou anteriormente.

A dificuldade promete agradar aos fãs de longa data, e ao mesmo tempo afastar os mesmos jogadores que não apreciaram o excesso de desafio da série Souls. Inimigos comuns agora se organizam melhor em bandos e são os maiores empecilhos em Bloodborne . Saber atrair pequenos grupos e eliminar inimigos aos poucos é usualmente o caminho mais seguro para prosseguir. Os chefes variam – na minha percepção, até a metade do jogo são bastante fáceis e alguns perto do fim são bastante incômodos. Alguns deles exigiram que eu adotasse a “tática Final Fantasy” de acumular experiência e subir alguns níveis.

O jogo também apresenta armadilhas, diversos atalhos e inimigos bem posicionados, que vez ou outra acabam dando um susto nos jogadores desatentos. Tudo isso faz parte do brilhante level design do jogo, algo que fez falta em Dark Souls 2. E apesar de ser um RPG-Ação, Bloodborne poderia muito bem se enquadrar no gênero de horror/terror, devida a sua atmosfera opressora e pela presença de criaturas abomináveis.

Talvez o aspecto que tenha o maior impacto negativo no gameplay de Bloodborne seja a falta de variedade de itens, armas e equipamentos. Nem a nova customização de armas supre a carência desse aspecto. As blood gems servem para personalizar as armas do jogo, conferindo diversos atributos como força, ataque elemental, recuperação de HP, entre outros. Este seria um recurso interessante se aliado às diversas pedras/minérios dos demais Souls, mas não é o que acontece. Existe apenas um tipo de minério e as armas vão até +10, o que diferencia é apenas a implementação de jóias (máximo de 3).

A customização ainda existe, mas foi muito simplificada em Bloodborne . Não é possível melhorar as armaduras também. A inexistência do status de poise, equip build e de um grande arsenal de armas melee e de fogo deixaram o jogo um pouco mais raso do que seus antecessores espirituais. Isto impacta diretamente no PvP (modo jogador contra jogador) do jogo, que até o momento parece ser muito limitado.

O PvP também acaba ficando restrito pelas novas regras de invasão do jogo. Existe a necessidade de um inimigo invocar os invasores e tal inimigo só aparece em determinadas áreas do jogo ou quando existe uma sessão de coop. A possibilidade de usar itens de cura sem restrição também deixa o PvP um pouco massante. Estes são aspectos que podem ser facilmente solucionados por meio de um patch e a comunidade do jogo ainda está explorando as possibilidades. É preciso esperar para termos uma melhor ideia do desenvolvimento dos elementos online de Bloodborne .

Ainda sobre o modo online, características tradicionais da série estão de volta, como as mensagens e os espectros que mostram a trajetória de outros jogadores. O grande foco desse modo, no entanto, está para os labirintos procedurais conhecidos como Chalice Dungeon. Estes mapas de estrutura aleatória representam uma instância separada da campanha principal do game e, na minha experiência, são melhor usufruídos por meio do coop. Estes labirintos possuem inimigos e recompensas únicas, além de complementarem o lore do jogo. É uma valiosa nova adição à série que promete prolongar o fator replay do jogo.

Sobre seu tamanho, Bloodborne é equivalente a Dark Souls e menor que o exagerado Dark Souls 2. A variedade de locais é grande, embora não apresente a mesma diversidade temática dos Souls. Em Bloodborne, predominam os cenários urbanos de Yharnam, as áreas rurais em seu contorno e diversos ambientes internos. Foram necessárias cerca de 50 horas para terminar o jogo na primeira vez, dando atenção às sidequests e exploração, mas sem completar todas as chalice dungeons. O new game+ está de volta e ainda mais difícil – o salto na resistência e na força dos inimigos é brutal.
 

Veredito

Após jogar extensivamente todos os produtos da série, Bloodborne foi o que mais me cativou na primeira jornada. A campanha, embora não seja perfeita, é a que reúne os elementos mais agradáveis da série Souls. Os problemas na framerate e os loadings exagerados são incômodos, mas acabam sendo esquecidos diante de tantos pontos positivos. Quanto ao modo online, a minha breve experiência foi um pouco decepcionante por problemas de conexão, além das restrições e falta de diversidade no PvP.

É impossível dar um veredito preciso de Bloodborne até o momento, isso porque todo jogo desde Demon’s Souls foi se desenvolvendo lentamente com a participação da comunidade. Existem diversos segredos não só na história/lore, como no gameplay, que possivelmente só serão revelados depois de longos meses. O próprio PvP, pode evoluir de forma interessante por meio destas descobertas e da combinação de builds diferentes.

O importante é que Bloodborne, mesmo nessa fase prematura, já é extremamente prazeroso e recompensador. O jogo da From Software obteve êxito ao introduzir novas mecânicas, mantendo a base do gameplay da série, portanto é obrigatório para os fãs de longa data e convidativo o suficiente para os novatos que não possuem medo de grandes desafios. Além de forte candidato a jogo do ano, Bloodborne é aquele produto que finalmente justifica a compra de um PlayStation 4.

Jogo analisado com cópia física adquirida pelo redator

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Veredito

96

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