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Análise – The Dark Crystal: Age of Resistance Tactics

A história de como o filme O Cristal Encantado acabou passando por uma a ressurgência na cultura popular é, no mínimo, curiosa. O filme original lançado em 1982 se tornou um sucesso cult apesar da recepção morna quando chegou aos cinemas, nunca tendo se tornado tão grande quanto as históricas criações do diretor, roteirista, marionetista, cartunista e inventor Jim Henson, mais conhecido como o pai dos Muppets.

Ainda assim, justamente em razão da sua fanbase apaixonada (aos moldes de outra criação do Jim Henson, o filme de 1986 Labirinto – A Magia do Tempo, estrelado por David Bowie), ele acabou recebendo uma prequel no ano passado com a série da Netflix O Cristal Encantado: A Era da Resistência e, como várias outras séries do serviço de streaming, agora recebe também um tie-in em forma de jogo.

Uma das primeiras coisas que ficam claras desde os momentos iniciais de The Dark Crystal: Age of Resistance Tactics é que, tal qual Narcos Rise of The Cartels e Stranger Things 3: The Game (também desenvolvido pela En Masse), o orçamento do jogo foi bastante limitado. Isso não necessariamente ditaria a qualidade do jogo, mas é algo bem notório aqui pela baixa qualidade dos modelos e animações, mapas limitados e sensação de arestas mal aparadas que o jogo tem, todas limitações comuns a esse tipo de produto.

The Dark Crystal Age of Resistance Tactics

A escolha por adaptar o jogo em forma de um RPG Tático é muito bem-vinda e é um sinal de que a En Masse realmente estudou o tipo de jogo que melhor se adaptaria ao espírito da franquia. TDC é famoso por usar as mesmas técnicas de produção dos Muppets para contar uma história muito mais sombria e adulta sobre o conflito entre duas raças existentes no mundo de Thra, os malignos Skeksis e os bondosos magos urRu/Misticos, com os elfos Gelflings, a raça original de Thra, presos no meio do conflito.

TDC:ART reconta não a história do filme original, mas sim da série Age of Resistance, uma prequel se passando centenas de anos antes, em que um trio de Gelflings rebeldes, percebendo a exploração pela qual a sua raça passa nas mãos dos Skeksis já que os Skeksis estão sugando a essência dos Gelflings para viverem eternamente, incitam uma rebelião após descobrirem o terrível segredo por trás do poder deles e a sua ameaça ao planeta.

Talvez seja na forma de recontar os eventos da série que está o maior problema de TDC:ART. Existem cutscenes muito rudimentares narrando os fatos dos 10 episódios da série, mas não há nada de especial ou elementar acrescido a história da franquia aqui e essa talvez seja a pior forma de se conhecer a franquia, com muitos dos pontos mais interessantes d’O Cristal Encantado se perdendo ao longo da “narrativa” apresentada aqui.

The Dark Crystal Age of Resistance Tactics

O que meio que acaba remediando os problemas encontrados na forma como o jogo entrega essa narrativa (que é um problema mais da forma escolhida e claras limitações que os desenvolvedores tiveram, não da história original em si que é muito boa), é o quão relativamente bem realizado o sistema de combate é, se apoiando muito bem nas estruturas básicas e vastamente conhecidas do gênero.

No geral, a movimentação e combate são os padrões seguidos pelo gênero, com os mapas divididos em longos grids e os personagens se movendo por eles, cada qual com seu próprio raio de ação e habilidades, tal qual um tabuleiro de xadrez, com a ordem das ações sendo definida por uma barra de progressão que fica no topo da tela. Cada personagem tem ataques comuns e habilidades especiais determinados pelas suas classes, o sistema mais profundo que o jogo oferece.

Muito do combate gira em torno de equilibrar a dinâmica entre os três diferentes arquétipos principais de classe que o jogo utiliza. Cada personagem vai sempre começar com uma delas, Soldado, o guerreiro padrão, Batedor, o típico arqueiro/ladrão que mistura ataques a distância com danos de efeito, e Guardião Pétreo, um misto entre healer e mage (bem similar ao Red Mage de Final Fantasy).

The Dark Crystal Age of Resistance Tactics

A medida que o jogador vai vencendo batalhas e subindo de nível, é possível ir progredindo pela árvore de habilidades de cada profissão. Em determinado ponto, é possível desbloquear a possibilidade de equipar uma segunda profissão, criando alguns híbridos bem interessantes com o tempo (mesmo que as estatísticas básicas sejam definidas pela sua profissão principal). No entanto, o jogo limita a quantidade de habilidades equipáveis em três, fazendo com que muita da utilidade que a progressão das profissões tenha seja (desnecessariamente) limitada.

Essa limitação acaba influenciando negativamente a forma como o jogo lhe permite se sentir mais poderoso, algo que só é sanado mesmo posteriormente com a inclusão de especializações que permitem ao jogador tornar os personagens mais distintos entre si e sentir que realmente há alguma diferença e estratégia no combate além de spammar os mesmos ataques um após o outro.

Isso é feito com a ideia de permitir maior flexibilidade na customização das equipes, com até mesmo personagens mais voltados para o fim do jogo e com suas próprias classes únicas podendo ser modificados dessa maneira. No entanto, eles acabam sofrendo com um grande problema: o combate é entediante.

The Dark Crystal Age of Resistance Tactics

Não há nada de novo ou especial que ele faça para te manter interessado ou engajado nas batalhas. A falta de efeitos no combate é um problema em si, mas isso não seria suficiente para afetar a diversão que ele oferece se houvesse realmente desafio ou criatividade no design das sessões de batalha, o que não há, sendo muito fácil confundir as fases entre si pelo quão pouco interessantes elas são.

Isso tudo acaba tornando The Dark Crystal: Age of Resistance Tactics um jogo difícil de criticar ou elogiar, já que ele não faz absolutamente nada incrivelmente bem ou catastroficamente mal. No entanto, o jogo é entediante, fazendo um uso bem medíocre da franquia na qual é baseado e fazendo as coisas de forma competente, mas longe de merecer qualquer recomendação.

The Dark Crystal Age of Resistance Tactics

Veredito

Baseado em uma importante IP, The Dark Crystal: Age of Resistance Tactics é um jogo competente que não faz nada excessivamente bem ou mal, mas que dificilmente conquistará alguém além dos fãs mais apaixonados pela série.

Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela En Masse Entertainment.

Winz.io

Veredito

60

The Dark Crystal: Age of Resistance Tactics

Fabricante: En Masse Entertainment

Plataforma: ps4

Gênero: RPG/Estratégia

Distribuidora: En Masse Entertainment

Lançamento: 04/02/2020

Dublado:

Legendado:

Troféus:

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Veredict

Based on an important IP, The Dark Crystal: Age of Resistance Tactics is a competent game that doesn’t do anything too good or too bad, but it’ll hardly conquer anyone besides the most passionate about the series.