Análise – One Piece World Seeker

Anunciado em 2017 como o projeto mais ambicioso feito com a franquia criada por Eiichiro Oda, One Piece: World Seeker é um game mundo aberto de aventura e exploração estrelando Monkey D. Luffy e sua tripulação em uma nova aventura. Produzido pelo estúdio Ganbarion e distribuído pela Bandai Namco, será que este é finalmente o jogo que os fãs da franquia estavam esperando esse tempo todo?

Na história, Monkey D. Luffy e a tripulação do bando do chapéu de palha acabam parando na Ilha da Prisão, uma ilha controlada pela marinha, que estabeleceu ali uma grande prisão de piratas. A base é controlada pelo novo vilão do jogo, o cientista e afiliado da marinha Isaac. Luffy terá que descobrir os mistérios da ilha e os motivos para a marinha ter se instaurado ali.

World Seeker, como pouquíssimos jogos de anime, cria uma história e cenários originais inspirados no universo da franquia. Com o design de Eiichiro Oda, a história traz o mesmo espirito aventuresco e divertido da história original, sem contar as cenas épicas de ação que ocorrem eventualmente. Fora os personagens principais, há também participações especiais de coadjuvantes famosos como Smoker, Tashigi e os almirantes da marinha, que aparecem ou como participações especiais ou como chefes de fase.

A trama tem reviravoltas previsíveis, mas o que realmente fica na memória é a interação de Luffy com os personagens do seu bando e seus aliados, trazendo o humor que a história original é conhecida. Mesmo não fazendo nada realmente inovador, a trama não decepciona para quem espera encontrar basicamente um filler de anime em forma de game.

Um dos pontos mais fortes do título sem dúvida é o gameplay. O jogo mistura momento de combate e exploração em um mundo aberto, tentando trazer o mesmo espirito de aventura da obra original, com algumas falhas pelo caminho. A começar pelo combate, onde Luffy tem a possibilidade de usar suas habilidades elásticas com a fruta Gomu Gomu no Mi, além de seus modos de Haki e o poderoso Gear Fourth.

Há dois modos de combate, dependendo do Haki que Luffy utiliza; o Haki de Percepção, onde Luffy utiliza ataques mais leves e com maior agilidade, além de poder parar o tempo quando o jogador desvia de um golpe no tempo certo; e o Haki de Fortificação, que faz o personagem ficar mais resistente e atacar com golpes bem mais pesados, tornando-o mais lento em consequência. Junta-se a isso uma barra de energia dividida em três partes, que se preenchida pode ativar ataques especiais, como Gomu Gomu no Hawk e Gomu Gomu Balloon.  Além do combate corpo a corpo, Luffy também pode mirar e acertar inimigos a distância usando o golpe Gomu Gomu no Pistol, o que é útil para parar ataques inimigos, fora alguns upgrades que melhoram seu ataque.

O combate é interessante e diversificado. Os principais movimentos que você deverá usar para derrotar chefões mais difíceis são os de parar o tempo e acertá-los com o Gomu Gomu no Pistol. O sistema de upgrade ajuda e muito, e tem movimentos essenciais para o sucesso contra batalhas mais intensas ao final do jogo.

Porém, o sistema não é imune a problemas, já que o sistema de lock-on é terrível, se utilizando apenas das setas da esquerda e direita do D-Pad para escolher em qual inimigo mirar. A câmera não exatamente trava no inimigo, deixando apenas a sua localização na tela. Unindo isso a um sistema de câmera que só prejudica, alguns combates contra chefões de fase são sofríveis para se dizer o mínimo.

O stealth também é fraquíssimo e tem poucas possibilidades de variação, como se esconder em um barril para passar desapercebido ou apenas caminhar lentamente até chegar próximo do inimigo e dar um golpe para que ele desmaie. Outra escolha inusitada é a falta de itens de cura, contando apenas com a lenta regeneração da barra de vida de Luffy.

Como dito, o gameplay de World Seeker é dividido em combate e exploração. Na segunda categoria, Luffy pode explorar um mundo aberto cheio de missões principais e secundárias. Uma das melhores partes de explorar esse mundo é o sistema de usar as habilidades de Luffy para alcançar beiradas de edifícios, outdoors e árvores e se catapultar para frente. Esse sistema lembra muito jogos como Batman Arkham City, trazendo uma satisfação em apenas andar de um ponto ao outro do mundo aberto. A sensação é ampliada quando se adquire upgrades das habilidades, fazendo Luffy praticamente voar de um lado para o outro, especialmente com o Gear Fourth.

O mundo aberto de World Seeker é vasto. Tentando trazer uma ilha imensa dividida em regiões com diferentes vilas, florestas e montanhas. Há coletáveis por todos os lados, mas entre isso e encontrar missões secundárias e bater em inimigos, não há muito mais para se fazer.

Juntando os elementos de combate e exploração, World Seeker entrega uma jogabilidade competente e superior comparado com outros jogos da franquia. Mas se as mecânicas foram bem planejadas e há uma boa surpresa em encontrar uma história exclusiva para o game, o mesmo não pode ser dito do resto da experiência.

A estrutura das missões é dividida em principais e secundárias. A história é dividida em arcos, com algumas missões espalhadas pelo mapa que desbloqueiam o próximo capítulo após todas serem completadas. Em suma, os dois tipos de missões basicamente consistem de várias fetch quests: ir de um lado do outro da ilha ou para salvar alguém ou para coletar um item, com pouquíssima variedade e inimigos repetitivos. Fora a curiosidade de saber como a previsível história vai terminar, o game não traz nada que realmente faça o jogador querer avançar na história. O design das fases é simplório para os padrões modernos de um jogo do gênero, com fases como cavernas ou prisões com layouts entediantes e assets repetidos múltiplas vezes.

Poucos momentos realmente variam desse looping de fetch quests, com momentos que o jogador precisa encontrar algum companheiro em uma prisão se utilizando de Haki ou seguindo um personagem sem ser percebido. As missões que necessitam de movimentos precisos como as de stealth são confusas e frustrantes, com pouquíssima chance para erros, ao contrário do resto do jogo. No total, as missões principais deverão levar de 10 a 15 horas para serem completadas, com o dobro de tempo se você for completar todas as missões secundárias.

Para adquirir equipamentos, trajes e itens valiosos, o jogo permite criar itens com Franky e Ussop, ou enviar algum membro do bando para missões que demandam algumas horas para serem concluídas dentro do jogo. Após o tempo determinado, Luffy pode conversar com o personagem e adquirir os itens. É um sistema bem rudimentar e simplista, ajudando quase nada em relação ao progresso do game.

Outro sistema que permite uma maior interação com os personagens é o sistema de Karma, onde cada facção dentro da Ilha da Prisão exige que certas tarefas sejam concluídas. Um exemplo é como os habitantes da ilha estão divididos em pró-marinha e antimarinha, Luffy pode então bater em marinheiros ou piratas para ganhar mais karma entre essas duas facções. Nada mais do que um compilado de marcações de tarefas que podem ser realizadas para dar a sensação de progresso com os personagens do grupo.

Um dos elementos que demonstram como One Piece World Seeker era um jogo que não alcançou o máximo de seu potencial é na sua apresentação de mundo em relação a do personagem principal. Em uma primeira impressão, os gráficos são muito bons e espelham a ambição que o time almejava com o game, com o destaque ficando para as animações e movimentação de Monkey D. Luffy, uma das melhores já vistas em um jogo da série, conseguindo capturar a essência das habilidades de borracha de Luffy tanto no combate quanto na movimentação pelo mundo.

Mas o mundo aberto não alcança o mesmo nível, chegando ao nível de ser genérico e sem inspiração em seu design. As cidades possuem um ar vazio e pouco detalhado, e apesar das diferentes regiões, nada realmente se torna memorável. Os NPC’s aparentam estar fora de lugar em comparação ao resto do mundo e seu visual é repetido múltiplas vezes. Nada realmente se destaca e o jogo parece parado no tempo. Soma-se a isso a ausência de um sistema de dia e noite e temos um dos mundos abertos mais genéricos dessa geração.

Apesar de todas as críticas, é valido notar como a engine exclusiva consegue trazer draws distances ótimos, e texturas e efeitos de partícula competentes. E apesar do sentimento de um jogo com desenvolvimento corrido, há pouquíssimos bugs ou problemas que encontrei durante o jogo.

Outro local que mostra um pouco de preguiça dos desenvolvedores é a falta de mais diálogos completos durante o jogo ou cutscenes, que se resumem a gritos e sons de surpresa em cada diálogo, seja missões principais, secundárias ou até mesmo quando um personagem fala com Luffy enquanto o jogador caminha pelo mundo. Outra economia de recursos são nas cutscenes, que cortam frequentemente para economizar nas transições de animações e reações frequentemente reutilizadas dos personagens.

Na parte sonora, o jogo surpreende e traz composições exclusivas de Kohei Tanaka, famoso compositor da trilha sonora do anime de One Piece. Isso dá o tom certo para a história do jogo, dando mais fidelidade na aventura de Luffy. Outra boa noticia para os fãs brasileiros é a adição da legenda em português.

Veredito

One Piece World Seeker é no mínimo ambicioso. Ao tentar produzir um jogo de mundo aberto, a Bandai Namco não parece ter sido disposta a arriscar todo o tempo e dinheiro que um jogo desses precisa para realmente sair completo e apenas fez o mínimo. Entregou um gameplay sólido, mas um mundo aberto vazio e genérico. Fez uma história exclusivamente para o jogo, mas esqueceu de tornar as missões principais cativantes e diversificada o suficiente para prender a atenção do jogador. No final, o jogo parece um produto feito pela metade, com um potencial de ser muito melhor se tivessem dado a Ganbarion mais uns dois anos de desenvolvimento.

Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Bandai Namco.

Veredito

60

Fabricante:

Plataforma:

Gênero:

Distribuidora:

Lançamento:

Dublado:

Legendado:

Troféus:

Comprar na

Veredict

One Piece World Seeker is at least ambitious. When trying to produce an open world game, Bandai Namco does not seem to have been willing to risk all the time and money that such a game needs to really come out complete and just did the bare minimum. They delivered a solid gameplay, but an empty, generic, open world game. A story was exclusively made for the game, but the main missions aren’t captivating and diverse enough to catch your attention. In the end, the game looks like a half-done product, with a potential to be much better if they had given Ganbarion another two years of development.