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Análise – Mistover

Mistover, novo jogo desenvolvido pela Bluehole, estúdio sul-coreano mais conhecido como os responsáveis pelo MMORPG TERA e parte do conglomerado da KRAFTON, responsável por publicar, entre outros jogos, PlayerUnknown’s Battlegrounds e o próprio MO, é um jogo relativamente estranho, tanto em sua execução quanto em seus conceitos.

Desde os primeiros momentos, o que se percebe é que Mistover é um jogo que bebe muito de várias influências, com alguns aspectos inspirados em SRPGs e outros tantos tirados de um dos maiores sucessos independentes dessa geração, Darkest Dungeon. Dessas influências, a de Darkest Dungeon é a mais clara e que mais permeia cada aspecto do jogo, das suas mecânicas ao seu visual e ambientação, tudo grita uma versão “anime” de DD.

Mistover

Mistover coloca o jogador no papel de um aventureiro em um reino destruído pelo “Pillar of Despair”, um vortex gigantesco de névoa corruptiva e venenosa que é habitado por uma série de monstros violentos e capazes de derrotar com um só golpe até o mais habilidoso dos guerreiros, que acaba se juntando a Expedition Corps, responsável por desbravar e desvendar os segredos do Pillar of Despair anos após os monstros repentinamente pararem a sua invasão.

Como todo bom Dungeon RPG, a história aqui funciona muito mais apenas como um pano de fundo do que o cerne motivador por trás de cada passo do jogador. Esse cenário pós-apocalíptico acaba funcionando muito bem aqui, com o visual mais vitoriano/gótico que o mundo possui se combinando com a estética mais comum de produções asiáticas, o que dá a ambientação do jogo uma sensação bem singular.

Mistover

Infelizmente, por esse foco quase inexistente na história, os jogadores que buscam mais uma boa narrativa do que um gameplay desafiador não terão muito o que tirar de Mistover, sendo um jogo muito mais propício a se pular os diálogos e partir para a ação do que uma experiência receptiva aos jogadores que preferem jogar no “easy” para chegar mais rápido as próximas cenas e grandes acontecimentos narrativos.

A ideia de explorar o Pillar of Despair e tentar descobrir mais sobre aquele fenômeno e o que aconteceu durante a invasão dos monstros aquele planeta (e descobrir mais sobre a memória perdida do seu protagonista amnésico, porquê, bem, clichês existem por um motivo) é boa suficiente para justificar o looping de derrotar inimigos, coletar loot, explorar os mapas e evoluir o seu personagem, tudo enquanto luta contra o Doomsday Clock que, ao alcançar meia-noite, causa a destruição do mundo (e um consequente game over).

Mistover

Por outro lado, o que temos aqui é um jogo que faz um trabalho muito sólido em construir cada uma das diferentes fases dos seus vários sistemas de jogabilidade.O cerne de Mistover é dividido em três etapas: a primeira se passa na cidade, a preparação onde o jogador adquire suprimentos e prepara sua equipe, a segunda ao entrar nas masmorras, onde o jogador precisa se mover com bastante cuidado, e a terceira nas batalhas em si, que tomam o formato de um grid de 3×3 e acontecem por turnos.

A fase de preparação é a mais calma de todas, o que não torna menos importante. O jogador pode explorar a cidade onde a Expedition Corps fica sediada e usá-la para comprar novos itens, recrutar e evoluir as tropas e escolher quais as missões que irá cumprir. Administrar os recursos e manter a sua equipe sempre bem preparada é fundamental e uma parte importante do desafio, considerando que o jogo conta com morte permanente, então qualquer erro de preparação ou execução pode ser fatal.

Mistover

Ao entrar nas dungeons, logo o jogador vai perceber algo: como todo rogue-lite moderno, Mistover conta com mapas gerados aleatoriamente, sempre mudando a cada nova visita ao Pillar of Despair. O jogo faz um bom trabalho em justificar esse aspecto dele através da lore por trás do vortex, mas a opinião do jogador quanto a isso vai depender do que ele pensa sobre mapas gerados proceduralmente, já que não há absolutamente nada de especial ou inovador na forma como esse conceito é aplicado aqui.

O que se tem nesses mapas é exatamente o que alguém pode imaginar do simples conceito dele: você precisará se mover com cuidado, sempre prestando atenção aos objetivos específicos de cada andar da masmorra, coletando chaves para abrir caminhos e baús, tendo cuidado com a iluminação dos caminhos e buscando novos itens espalhados pelo cenário, tudo sem deixar de se envolver estrategicamente em batalhas.

Um ponto em a exploração dos mapas acaba influenciando nas batalhas é na existência de dois medidores em específico: Fullness e Luminosity. Fullness, como o nome já diz, se refere ao quão bem alimentados os membros da equipe estão. Caso essa barra chegue a zero, o jogador passará a sofrer dano com cada passo dado até morrer ou se alimentar novamente. Já Luminosity reflete o quão iluminado o mapa está e facilidade de se conseguir enxergar os inimigos ou quão vulnerável o jogador fica a ataques surpresa.

Mistover

São essas batalhas, aliás, que representam os principais desafios do jogo. Como dito antes, elas acontecem em grids de 3×3 (um específico para cada equipe), com o posicionamento de cada membro da sua equipe sendo fundamental para definir a dinâmica delas. O jogador é livre para escolher a composição da equipe, não havendo a obrigação de escolher classes específicas para as missões, mas, como sempre, o ideal é tentar manter o grupo mais equilibrado possível.

Isso se dá muito porque, em razão dos grids (que, se não funcionam exatamente como em um RPG de Estratégia, são um clara influência para a dinâmica das lutas), determinados ataques só poderão ser executados a partir de determinadas posições ou só afetarão os inimigos dentro de um determinado raio de ação e efeitos especiais ou ataques em duplas só serão ativados a partir de pareamentos específicos de classe e posição.

É claro, pelo posicionamento ser importante assim, existem ataques tanto seus quanto dos inimigos que afetam esse posicionamento. Ataques seus podem empurrar o inimigo para a posição que ele precisa estar para o seu próximo golpe ou podem te empurrar para trás em uma espécie de “coice” e os adversários têm acesso à mecânicas semelhantes, de forma que isso se torna especialmente importante porque um passo em falso, um ataque errado e todo o seu esforço vai por água abaixo.

Mistover

Talvez a maior qualidade do jogo seja exatamente o quão desafiador o combate é desde o começo, mantendo-se com uma boa curva de aprendizado e desafio ao longo das suas 30-40 horas de jogo, sem em momento algum ter pena de chutar o traseiro do jogador ou fazê-lo se sentir um lixo pelos erros mais idiotas possíveis, mas sem perder a sensação de que realmente há algo a se aprender com os seus vacilos.

Infelizmente, essas boas ideias não impedem que o combate acabe se tornando chato e lento demais muito rápido, se tornando quase insuportável de tão lento nas fases mais avançadas do jogo, com uma série de ideias que não contribuem pro seu sucesso, como o fato de que os inimigos derrotados ressurgem no mapa e não existe qualquer recompensa por ser forçado a lutar com eles novamente ou as animações desnecessariamente longas, fazendo com que aquilo que deveria ser sua principal qualidade logo perca o brilho.

Mistover

Isso não quer dizer que Mistover não é um jogo que possa divertir o jogador, já que ele é, mas talvez não seja a experiência incrível e agradável que os desenvolvedores esperavam entregar. Ele acaba parecendo uma mistura desajeitada de ideias vindas de várias fontes, com pontos altos (como a ambientação e o conceito do combate), mas que falha em sua execução, alternando muito entre pontos altos e baixos.

Assim, o que temos aqui é um jogo difícil de se recomendar de início, mas que é uma boa curiosidade para jogadores que buscam experiências desafiadoras e que estão dispostos a ignorar os maiores problemas que os jogos tem quando há um loop básico de gameplay interessante o suficiente e que é melhor aproveitado aos poucos do que tentando completá-lo de uma vez só.

Mistover

Veredito

Apesar de estar longe de ser uma combinação perfeita, com muitas das suas ideias parecendo incompletas, Mistover é uma experiência interessante e divertida, com um conceito básico bastante sólido e que agradará aos jogadores ávidos por desafios.

Jogo analisado no PS4 padrão com cópia digital fornecida pela Krafton, Inc.

Winz.io

Veredito

60

Mistover

Fabricante: Bluehole

Plataforma: ps4

Gênero: RPG / Estratégia / Aventura

Distribuidora: Krafton, Inc

Lançamento: 10/10/2019

Dublado:

Legendado:

Troféus:

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Veredict

Although far from being a perfect combination, with many of its ideas seeming incomplete, Mistover is an interesting and fun experience, with a very solid basic concept that will appeal to players eager for challenges.