Prepare-se para morrer. Não, Dead Cells não é nenhum Dark Souls novo, mas possui algumas inspirações na série da From Software adaptadas para o estilo metroidvania e roguelite. O jogador será sempre lembrado a cada momento de como Dead Cells deve ser jogado: mate, morra, aprenda, repita.
Não há muitas explicações sobre a história no início do jogo e tudo começa quando uma célula viva se instala em um soldado morto e o tráz de volta à vida. De posse de um novo corpo, a célula e o soldado reanimado devem enfrentar todos os perigos possíveis em uma ilha coberta de segredos e dominada por mutações e pragas.
Todos os pequenos segredos de Dead Cells vão sendo explicados pelos poucos NPCs que vão surgindo e por salas secretas pelas fases, que mostram eventos e textos com explicações de forma fragmentada, cabendo ao jogador juntar as informações e entender a “lore” do jogo. Isso é bastante interessante e sempre força a se explorar cada vez mais, nem que seja por mais informações da ilha e do que aconteceu com ela ou atrás de pequenos itens para sua aventura.
Explorar as diversas áreas da ilha vai depender de muita habilidade do jogador. A jogabilidade é excelente e o combate bastante desafiador. Morrer por erros ou falta de atenção será bastante comum e isso irá criar um aprendizado constante, mesmo que, dentro de cada área da ilha, as salas sejam geradas aleatoriamente.
Estudar os inimigos e seus movimentos vai se mostrando primordial a cada passo no jogo. Todos têm habilidades que podem ser devastadoras e retirar boa parte de vida ou até te deixar preso em um canto e não ter escapatória. Os chefes são difíceis e atacam de formas variadas, fazendo com que cada boss fight seja um encontro único, que pode ser mais fácil ou difícil dependendo do arsenal que você estiver carregando.
O jogador pode carregar duas armas e dois itens por vez. Essas armas podem variar entre espadas, chicotes, adagas, arcos, lanças e até escudos entram nessa categoria. Cada um tem seu estilo de ataque, com movimentos únicos e habilidades próprias. Os itens por sua vez, podem ser granadas de fogo ou gelo, armadilhas que aprisionam ou causam dano constante, torres que disparam flechas e vários outros.
Toda essa diversidade de armas e itens é que vai ditar como será sua jornada até morrer e começar novamente. De certa forma, os itens que se encontram são aleatórios e podem aparecer quando um inimigo morre ou em salas no mapa, além de ser possível comprar com um vendedor que também aparece de forma aleatória.
O estilo de ataque vai estar em constante mudança, porque não é certeza de ter sempre o mesmo inventário. Por exemplo, há uma arma que funciona como um hadouken de gelo, congelando tudo à frente e sendo extremamente útil contra qualquer inimigo ou chefe. Porém, caso você já esteja acostumado com esse estilo e não consiga a arma ou não a tenha ainda disponível para fabricar, o combate vai ser muito mais desafiador. O jogo sempre vai forçar o jogador a variar seu tipo de abordagem e aprender formas novas de atacar e defender.
Os estilos metroidvania e roguelite se encontram e produzem uma mistura agradável, mas não tão balanceada. O design dos mapas é excelente e o visual pixelado traz uma distinção fantástica pra cada área. As habilidades fixas que vão sendo liberadas melhoram ainda mais o progresso, como uma que permite atravessar o chão ao quebrá-lo ou outra que te teletransporta para outras salas. Toda essa parte do metroidvania funciona perfeitamente, mas alguns percalços são encontrados quando falamos do roguelite.
De certo modo, o jogo ainda preserva um pequeno progresso, que consiste mais nos itens que foram desbloqueados e que podem ser equipados durante a transição de cada área. Todo o restante é zerado quando se morre. Durante as partidas é possível coletar melhorias que vão aumentar o dano das armas físicas, armas à distância, armadilhas e também a sua vida. Ao morrer, tudo isso desaparece e é necessário coletar de novo.
Os chefes precisam ser derrotados novamente a cada vez que se passa pelo seu local, mesmo se já o tiver derrotado várias vezes antes. Isso acaba tornando a repetição exaustiva e não uma prova pra se mostrar aprendizado. Por mais que o combate seja interessante, a falta de progresso mostra o jogo muito mais como um roguelike (onde não há progresso algum salvo) do que um roguelite. Se observarmos o quão bem o metroidvania é bem feito, o progresso poderia ser fixo e o jogo ser apresentado mais como um Castlevania reformulado, de certa forma, até dispensando o roguelite existente.
Apesar de pequenas falhas, Dead Cells é uma aventura intrigante, desafiadora e viciante. Conseguir liberar todas as fórmulas e habilidades é um trabalho árduo e pode demorar bastante tempo. A morte não é um fim, mas apenas o início de uma nova experiência que, definitivamente, vai exigir bastante habilidade e comprometimento.
Veredito
Dead Cells aposta na pixelart deslumbrante, no combate agressivo e desafiador, além do excelente uso do estilo de plataforma metroidvania. Peca em parte pelo fraco progresso e da forma como o roguelite é utilizado, fazendo uma experiência mais repetitiva e não tão recompensadora à primeira vista. Apesar de tudo, é um jogo divertido e que pode prender o jogador por horas e horas.
Jogo analisado com código fornecido pela Motion Twin.
Veredito
Veredict
Dead Cells bets on dazzling pixelart, aggressive and challenging combat and also on the excellent use of the metroidvania platform style. It has a poor progress and the way the roguelite is used isn’t good, making it a more repetitive than rewarding experience at first sight. After all, it is a fun game and it can hold the player for hours and hours.