Dizer que Attack on Titan, ou Shingeki no Kyojin para os puristas, é um dos animes de maior sucesso nessa última década não é nenhum exagero. Desde que a primeira temporada se tornou o centro das atenções em 2013, as adaptações da série de mangás escritos por Hajime Isayama para a Kodansha chegaram a várias mídias, incluindo um jogo para PS3, PS4 e PS Vita em 2016 e uma sequência no ano passado.
A principal crítica aos jogos desenvolvidos pela Omega Force, desenvolvedora por trás das séries Samurai Warriors e Dynasty Warriors, e publicados pela Koei Tecmo, principalmente a Attack on Titan 2 era uma distinta falta de conteúdo, algo que esse relançamento/DLC intitulado Attack on Titan 2: Final Battle busca solucionar, por mais que ele talvez venha um pouco tarde demais para quem já havia adquirido o jogo original.
Chegando na esteira da conclusão da terceira temporada do anime, AoT2: FB traz duas grandes novidades principais: a adição do conteúdo referente à terceira temporada do anime ao Story Mode e um novo modo chamado Territory Recovery Mode, ambos servindo bem para finalmente deixar o jogo com uma quantidade de modos e horas de jogo mais alinhado com o que se espera.
O Story Mode é o principal destaque do jogo, contando a história das três temporadas do anime (ou até o capítulo 90 do mangá) de um ponto de vista um pouco diferente: um personagem criado pelo próprio jogador. Não que o seu personagem assuma o papel de protagonista da história, mas controlar um Cadet/Scout anônimo adiciona uma nova perspectiva e uma nova camada na história que a faz valer a pena até para os maiores fãs do anime.
O seu Cadet/Scout faz parte da mesma turma que os protagonistas da série, Eren Jaeger, Mikasa Ackerman e Armin Arlert, sendo através dele que você irá interagir com os vários personagens do jogo, não só presenciando e participando das diversas lutas contra os titãs, mas também desenvolvendo seu próprio relacionamento com dezenas de personagens, participando de missões secundárias e melhorando o seu equipamento e habilidades através de treinamento dentro das muralhas.
Caso o jogador não tenha tanto interesse em desenvolver o seu próprio personagem ou aproveitar o estilo um pouco mais próximo de um RPG que o Story Mode possui, o jogo possui ainda o Character Episode Mode, através do qual é possível ver a história do ponto de vista dos personagens do anime, e o Another Mode, através do qual é possível jogar missões especiais ou as do modo história com qualquer personagem, online com outros jogadores ou offline.
Estranhamente, o conteúdo da terceira temporada do anime só está disponível no Character Episode Mode, sendo impossível continuar a história do seu Cadet. É um pouco estranho considerando o quanto o jogo gasta desenvolvendo a história do seu personagem, mas é compreensível, afinal, a história de AoT pertence aos personagens do anime/mangá. Felizmente, é possível usar todos os personagens apresentados ao longo das três temporadas nesse modo, sendo bem fácil de se encontrar alguém com quem você queira jogar.
É claro, a sua essência ainda é a mesma e reviver os momentos mais importantes do anime com o seu próprio personagem é algo bem especial. Attack on Titan é um dos melhores animes shonen da atualidade e ele se encaixa bem com o estilo do jogo, com vários inimigos e um constante senso de perigo, com todo e qualquer personagem sempre estando suscetível a morrer em combate.
As batalhas são bem diferentes do estilo que se espera dos jogos da Omega Force. Ao contrário de um musou tradicional, em que se precisa defender bases e derrotar centenas e milhares de inimigos, o jogo abraça realmente o estilo do anime, com as batalhas sendo contra Titans em ambientes diferenciados em que ataques precisos e no tempo correto são mais importantes do que um hack-n-slash descerebrado.
Como membro do exército, o jogador tem acesso a sua própria ODM gear para se mover pelos mapas. Essa locomoção funciona de forma bem similar ao que se de um jogo do homem-aranha, com os ganchos precisando ser presos em algum prédio, árvore ou até mesmo um titã e momentum sendo fundamental para determinar o quão rápido você é capaz de ir de um ponto à outro do mapa, algo importante pois você será obrigado a rodar por todo o mapa para matar titãs e completar missões secundárias.
Essas missões secundárias sempre envolvem defender outros soldados ou resgatá-los, com uma possibilidade de que eles se juntem à sua equipe depois. Esses personagens possuem um ranking de D à S+ e quanto maior, mais poderosas são as habilidades que podem ser usadas por eles ao comando do jogador e maior o tempo necessário para que elas se tornem disponíveis novamente.
Algumas delas são ataques simples, outras servem para capturar um titã, cortar alguns dos seus membros fora, atordoá-lo ou simplesmente causar uma quantidade enorme de dano, além de poderem te salvar quando estiver sob o controle de um titã. Se valer dessas habilidades é especialmente importante para poder derrotar o máximo de titãs possíveis no menor tempo possível, sendo uma das melhores formas de se virar o rumo de uma batalha.
As lutas contra os titãs funcionam de forma relativamente simples, com o jogador travando a mira em um dos quatro membros ou no ponto fraco das criaturas atrás do pescoço, usando a ODM para se puxar em direção ao ponto de ataque e causar o dano necessário para decepar o membro ou derrotar o titã. É possível mirar todos os ataques no pescoço dos titãs, mas alguns deles dropam recursos que podem ser utilizados para melhorar as suas armas e equipamentos quando perdem um dos outros membros e a única forma de capturá-los é cortando os braços e pernas.
Outro ponto que adiciona bastante estratégia ao combate é a forma como a trava com a ODM funciona, sendo necessário prestar bastante atenção no ângulo e velocidade com a qual o jogador ataca, pois quanto menor elas forem, menos dano vai ser causado. É possível usar alguns boosts gastando mais gás para impulsionar os seus ataques, mas quanto mais isso for utilizado, mais rápido se torna necessário trocar os tanques da ODM e quanto pior o ângulo, maior o desgaste das lâminas.
Administrar estes recursos, incluindo as bombas para atordoar os titãs que entram em estado de fúria, os itens de cura, captura e demais itens equipáveis, é parte fundamental do ritmo da batalha, o que acaba incluindo a administração das bases que podem ser instaladas ao longo dos mapas, sendo importante decidir se você irá instalar pontos de recarga de recursos, torres de auto-defesa, torres explosivas, mineradoras e uma vasta gama de outras opções.
No geral, o combate é o ponto alto do jogo, captando bem o espírito e dinamicidade do anime, mesmo que ele acabe se tornando repetitivo com o tempo. Há uma quantidade até surpreendente de titãs diferentes, mas isso não afeta tanto o jogo já que a estratégia para derrotá-los é sempre a mesma, sendo mais uma escolha estética mesmo.
A grande novidade de Final Battle nesse aspecto é a inclusão de armas de fogo que podem ser usadas no lugar das lâminas. Elas acrescentam uma nova dimensão ao combate, por mais difícil que seja de entender o seu funcionamento à primeira vista, já que não são tão intuitivas quanto as lâminas, mas a possibilidade de manter-se mais distante do titã sem perder a alta intensidade e diversão que o combate em si já propõe tornam a sua existência justificável.
Onde o jogo sofre mesmo é em sua performance. Quedas de framerate, clipping, personagem caindo por pontos do cenário aleatoriamente… Tudo isso acontece com uma frequência desconcertante, sendo clara a necessidade de um polimento maior no jogo. Nem mesmo a qualidade dos gráficos do jogo explica a performance, já que fora os modelos dos soldados e dos titãs que ficaram muito bonitos em cel-shading, as áreas não são nada de muito especiais.
A falta de conteúdo no jogo original é algo que, se não será um problema para quem está entrando diretamente nessa versão, é possível notar o porque das reclamações com o jogo original, já que muito do que se pode fazer aqui envolve rejogar o modo história de pontos de vista diferente para subir o nível dos personagens e torná-los mais poderosos.
Felizmente, a inclusão do Territory Recovery Mode sana muito disso, sendo o grande destaque não só do DLC, mas do jogo como um todo. Esse modo te vê construir a sua própria força de ataque para repelir os titãs e reconquistar os territórios perdidos entre as muralhas.
Para isso, você precisa escolher quais missões realizar para recrutar novos membros para sua equipe, melhorar suas habilidades e equipá-lo com novos itens, criando um time cada vez mais afiado e preparado para lidar com a ameaça dos titãs. Não há nada de muito surpreendente nesse modo, mas ele é bastante divertido e por si só torna o DLC recomendável para quem já tem o jogo base e está disposto a pagar o preço salgado desse upgrade.
É impossível não sentir que Attack on Titan 2: Final Battle é como AoT2 deveria ter sido lançado inicialmente. O preço salgado do DLC torna recomendá-lo para quem já tem o jogo base algo complicado, mas para quem esperou até agora e é fã da série, adquirir o pacote completo é a opção correta, algo que se aplica também a quem é fã da Omega Force, já que o jogo é um dos mais diferentes e criativos que a “Casa dos Musous” já criou.
Jogo analisado no PS4 padrão com cópia digital fornecida pela Koei Tecmo.
Veredito
Attack on Titan 2: Final Battle é a versão definitiva do jogo, entregando um gameplay bastante divertido e uma quantidade de conteúdo significativa, mesmo que a performance inconsistente e o preço salgado do DLC para quem já possui o jogo-base trabalhem contra ele.
Veredict
Attack on Titan 2: Final Battle is a definitive version of the game, delivering very fun gameplay and a considerable ammount of content, even if the inconsistent performance and the high price of the DLC for those that have the base-game work against it.