Ys VIII: Lacrimosa of Dana (PS5) – Review

A chegada do PlayStation 5 ao mercado abriu as portas para diversas possibilidades. Dentre elas, resgatar antigos clássicos para não apenas remasterizá-los, mas garantir uma performance mais decente e recursos que não existiam em suas versões originais, como é o caso de Ys VIII: Lacrimosa of Dana.

O jogo foi lançado em 2016 para PS Vita e, posteriormente, Playstation 4. Naquela época nós ainda não tínhamos noção de até onde era possível chegar com o quesito qualidade, e hoje, rodando em 4K a 60fpst, Ys VIII: Lacrimosa of Dana promete entregar uma das melhores experiências dos jogos do gênero.

Ys VIII: Lacrimosa of Dana narra a história de Adol, um jovem aventureiro que está a bordo do Lombardia, um navio que está o levando até a sua próxima jornada. No entanto, após o ataque de um monstro misterioso, a embarcação afunda e todos os tripulantes vão parar numa ilha aparentemente amaldiçoada chamada de Isle of Seiren, cujas histórias são terríveis.

Agora, para escapar deste lugar, Adol e os tripulantes precisam se unir para aprender mais sobre a misteriosa ilha e sobreviver, custe o que custar.

A história de Ys VIII: Lacrimosa of Dana pode parecer bem genérica, afinal, por muito tempo seu único objetivo é encontrar uma maneira de escapar da ilha e encontrar os tripulantes. Porém, no progredir da história, vários segredos sobre o lugar começam a ser revelados, tornando a narrativa mais imersiva e bem mais interessante.

Como em qualquer RPG, Ys VIII: Lacrimosa of Dana tem muita conversa, e isso nem é o problema. Talvez o que incomode aqui seja o fato delas serem um tanto quanto longas e um pouco chatas, ao menos no início. Por outro lado, assim como acontece em Persona, esse bate papo todo ajuda você a conhecer mais os personagens que estão com você e a identificar suas necessidades.

O principal destaque desta versão é, sem sombra de dúvidas, a melhoria gráfica, desempenho e tempo de loading. Mesmo sem colocar ambos os jogos lado a lado, você consegue perceber o quanto a Falcom conseguiu deixar o jogo com cores muito mais vibrantes e um design mais refinado para os personagens. Claro, ainda existem alguns “poréns” e nem tudo é perfeito – como no caso dos inimigos – mas a melhoria existe.

De acordo com as informações divulgadas, é possível jogar em duas resoluções: 4K rodando a 60fps ou 1080p a 120fps. A TV que eu usei para testes tem suporte a 120fps, mas não sei se o jogo estava rodando nessa taxa porque não existe uma opção na área de configurações. É isso mesmo. Embora o estúdio tenha divulgado essas duas possibilidades, não existe qualquer forma de alterar isso, então não é possível dizer com exatidão em qual das qualidades o jogo estava sendo executado.

Embora o design dos personagens esteja muito mais bonito e nítido, a dublagem, infelizmente, não levou o mesmo cuidado. Isso porque os personagens começam a falar em uma determinada cena e, poucos instantes depois, as vozes desaparecem. Se é proposital ou não, eu não sei, mas era preferível que deixassem cenas assim totalmente sem som, justamente para não causar estranhamento ou o jogador achar que é algum tipo de bug.

Os cenários de Ys VIII: Lacrimosa of Dana são repetitivos por um único motivo: eles estão em uma ilha deserta. É justificável você olhar para o lado e só ver mato, precipícios, praias e mais mato. Existem alguns biomas internos diferentes para dar aquele fôlego, mas não foge muito do que é visto do lado de fora.

Mesmo assim, o jogo consegue entregar uma exploração impecável e super viciante. Isso se deve ao fato da necessidade de farm para completar diversas tarefas, como ajudar a construir a sua própria vila, concluir missões secundárias dadas pelos moradores e muito mais.

E por falar em vila, devo enfatizar aqui que este sistema de construção é extremamente divertido. No começo você consegue fazer algumas coisas sozinho, porém, como Adol não é nenhum expert no assunto, existem limitações na hora de criar qualquer item. Para melhorar a sua vida e garantir melhores construções, é preciso sair em busca dos tripulantes perdidos do Lombardia e levá-los para sua vila, assim, vários recursos antes inexistentes passam a integrar a lista de possibilidades do que é possível fazer.

Outra coisa que chamou atenção aqui em Ys VIII: Lacrimosa of Dana é que não existem baús com armas distintas. Tudo deve ser aprimorado na Ferreira da vila, que além de aumentar o nível da arma, a transforma em outra totalmente diferente se você levar os itens certos. Devo admitir que eu achei este sistema muito melhor do que o tradicional do gênero, que exige a coleta de diferentes espadas com efeitos distintos.

Além de todas as melhorias que os moradores da vila garantem a você e seu time, existe também algo extremamente importante para a exploração da ilha: somente com a ajuda deles é possível liberar o acesso a determinadas áreas.

O mapa de Ys VIII: Lacrimosa of Dana é gigantesco, então existem diversos caminhos a serem seguidos. No entanto, alguns deles são bloqueados e só podem ser liberados caso você tenha uma quantidade X de residentes na vila. Este sistema se mostra muito inteligente e bacana, pois enfatiza aqui o discurso dos personagens de que “seria necessário trabalhar em grupo para sair da ilha”, coisa que de fato acontece.

Para ter uma boa sinergia com todas as possibilidades oferecidas, Ys VIII: Lacrimosa of Dana garante ao jogador uma jogabilidade fácil, atraente e extremamente dinâmica. Isso vale tanto para os embates, quanto para a exploração em si.

Durante sua aventura por esta ilha você irá se deparar com diversos monstros. Os tipos de inimigos variam muito de acordo com a área que você está, e em muitos momentos eles vão se repetir até você cansar. Porém, existem outros especiais que recebem destaque não só pelo seu tamanho, mas pela originalidade de seu design.

Os combates são muito dinâmicos e rápidos. Com a possibilidade de manter até três personagens no grupo, você consegue rapidamente trocar com o apertar de um botão para aquele que tem maior vantagem sobre um inimigo específico. Adol, por exemplo, causa mais danos contra cavalos-marinho, e assim por diante.

Os personagens também possuem golpes especiais únicos, que podem ser desferidos após a sua barra do lado inferior direito se encher. O único problema talvez seja que o jogo não te explica como usar, e a primeira vez que eu consegui executá-lo foi como se eu tivesse acabado de desferir um golpe inacreditável num jogo de luta ao apertar vários botões ao mesmo tempo.

Explorar a Isle of Seiren é divertido não só pelo fato de existirem dezenas de inimigos para você trucidar, mas também pela grande quantidade de caminhos para seguir e aquela necessidade de completar 100% do mapa a qualquer custo.

Como dito anteriormente aqui, para liberar alguns caminhos é necessário chamar os moradores da vila para te ajudar a tirar uma pedra, uma árvore ou a limpar alguma coisa. Porém, outro meio de conseguir avançar nas dungeons é coletando equipamentos especiais.

Durante a jornada você encontrará diversos acessórios que te ajudarão a escalar, iluminar locais extremamente escuros, andar em pântanos e muito mais. No começo você só pode carregar um item por vez, sendo necessário trocar de acordo com a necessidade, mas após completar alguns desafios, você consegue aumentar o número de espaços, o que torna sua vida muito mais fácil.

Algumas pessoas podem achar desnecessário um jogo tão antigo receber uma versão para a nova geração, mas eu digo que valeu muito a pena. Ys VIII: Lacrimosa of Dana está muito mais colorido, bonito e dinâmico, aumentando ainda mais a vontade de jogar e deixando-o ainda mais divertido.

Se você já tiver o jogo para o PS4, talvez não valha investir agora, pelo menos não com o preço cheio. Porém, caso ainda não tenha tido a oportunidade de desbravar a Isle of Seiren, não perca tempo e vá correndo garantir a sua cópia, pois vale cada centavo.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela NIS America.