Ys: Memories of Celceta é um JRPG com muitos elementos de ação. Quando alguém me pergunta que tipo de jogo ele é, eu gosto de responder que é um "Tales of" sem a transição para a batalha – ela acontece em tempo real. Claro, essa é uma descrição curta e grossa desse ótimo título para o PS Vita.
O título é um remake de Ys IV, com uma história retrabalhada para se encaixar melhor na cronologia da série. O personagem principal se chama Adol Christin. Ele sofre de amnésia após retornar da floresta de Celceta, um lugar que tem a fama das pessoas entrarem e nunca mais retornarem. Para recuperar sua memória, e à pedido de Griselda para mapear a floresta, Adol retorna para lá juntamente com seu amigo Duren.
Obviamente, essa história é apenas a ponta do icebergue de uma trama bem mais envolvida que, se entrássemos em detalhes, estragaria sua surpresa. Ys: Memories of Celceta possui muitos momentos de dublagem (em inglês) e também algumas cenas (artworks) para ilustrar ocasiões importantes da história.
A memória de Adol funciona mais como um sistema de narrativa, mas ela está literalmente espalhada pelo jogo. Conforme um pedaço dela (em forma de uma luz azul) é coletada, o personagem, além de contar o que está vendo, recebe um leve upgrade em suas estatísticas.
Exploração também é um elemento muito importante para o jogo. Adol e Duren, no início, precisam preencher o mapa da floresta, como foi dito anteriormente. Esse "preencher" é somente caminhar pelos lugares do título, inclusive mostrando uma % do quanto você fez. O mapa mostra também coisas como baú de tesouros, pontos de teletransporte (para facilitar a sua locomoção), dungeons, cidades, etc., inclusive considerando a diferença de altura. Você passará bastante tempo explorando toda a região – e, no processo, enfrentando diversas vezes os inimigos.
Apesar do mapa ser funcional assim, acredite, você vai se perder muitas vezes, principalmente porque o caminho se separa inúmeras vezes. Ou seja, você segue um caminho e depois pensa "e se eu tivesse ido por lá?". Daí volta, resolve ir por lá, e descobre que também pode seguir por aqui. Mas um desses caminhos será sem saída – seja porque tem um baú no fim ou porque não é a hora de seguir por aqui. Mas até você chegar nessa conclusão, ficará na incerteza de onde deve ir.
O sistema de combate de Ys: Memories of Celceta é bastante simples. Você terá à sua disposição uma party de até três membros. Dois são controlados pela CPU – você pode trocar para qual deseja controlar a qualquer momento através do botão círculo. Quadrado é o ataque padrão, enquanto que X é a esquiva (realizando essa ação no momento certo, você "pausa" tudo para poder atacar o inimigo várias vezes, assim como outro movimento fornece mais dano). Triângulo é a defesa. Há ainda movimentos especiais realizados através do botão L e R, principalmente no R, que segurando ele e apertando um dos 4 botões realiza-se diferentes movimentos especiais.
Os elementos de RPG surgem no momento do ataque. Adol, por exemplo, usa espadas, enquanto que Duren é do tipo físico (mais precisamente, há três tipos de ataques: slashing, piercing e strike). Cada inimigo possui uma fraqueza e cabe a você descobri-la e aproveitá-la com os golpes certos.
Basicamente são essas as características únicas de Ys: Memories of Celceta. Podemos citar mais, como seu gameplay rápido e fluente, além de sua trilha sonora muito boa. Assim como todo RPG, o jogo possui várias quests a serem feitas, sejam principais ou side (pegas em um mural e depois conversando com NPCs).
Porém, infelizmente, há alguns defeitos. A história, apesar de interessante (você vai querer saber o motivo de Adol ter perdido sua memória e outras intrigas), não possui personagens marcantes exceto talvez os que você controla. Para um JRPG, isso é meio problemático. Além disso, os gráficos do jogo são muito simples e há um filtro estranho que parecem que estão "borrados". Você acaba ignorando isso conforme joga, mas é algo que incomoda à primeira vista. Outro problema é o framerate. Muitas vezes ele é fluente, mas há momentos que quando temos muitos inimigos na tela, você nota uma queda brusca.
Outro problema de Ys é a sua dificuldade desbalanceada. O jogo no Hard (e depois no Nightmare) pode ser considerado bastante difícil, mas no Normal ele não apresenta muitas dificuldades. Logo no início, você aprenderá que se ficar parado, o personagem recupera a vida sozinho. Ou seja, se você estiver morrendo, basta ter paciência de ficar parado em um canto e depois seguir viagem. As Potions e outros itens de cura só são precisos, no fim, contra chefes ou se há muitos inimigos fortes ao seu redor. E inimigos fortes, exceto os chefes, só são assim quando você chega em uma área – depois que se acostumar a ela e realizar os upgrades corretamente, tudo fica muito simples.
Veredito
Ys: Memories o Celceta é um excelente JRPG com elementos de ação. Sua história é intrigante, tem uma boa trilha sonora e seu gameplay é bastante fluente. Há alguns problemas técnicos que incomodam, mas não se engane: é um título obrigatório para a sua biblioteca de jogos do PS Vita.
Jogo analisado com código fornecido pela XSEED Games.