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WrestleQuest – Review

Oh yeah. Diga essas duas palavras em um certo tom de voz a qualquer fã de Luta Livre por aí e as chances são enormes de que uma memória afetiva seja ativada e ele saiba exatamente em referência a quem você está falando aquilo. O lendário “Macho Man” Randy Savage é um dos maiores ícones da cultura pop dos anos 80 e 90, presente não só nos ringues da WWE e WCW e em seus jogos, mas também em comerciais de TV, brinquedos e até no primeiro filme do Homem-Aranha.

Então, nada mais justo, do que o cultuado lutador ser literalmente idolatrado como um deus em WrestleQuest, uma mistura inesperada de RPG e Luta Livre desenvolvido pela Mega Cat Studios e publicado pela Skybound Games. E, se nas eternas palavras do Macho Man “o creme sempre vai subir para o topo”, era de se esperar que o jogo também seguisse esse lema ao pé da letra, correto?

Bom, não é bem o que vemos aqui. WrestleQuest é uma divertida homenagem a uma era da Luta Livre na qual os lutadores eram super-heróis (ou nesse caso, literalmente brinquedos) ganhando vida, maiores do que a realidade, projetando um ar de constantes batalhas entre titãs da vida real. Capturar isso até em um jogo de luta pode ser difícil e mesmo com todas as firulas que um RPG permite, algo parece faltar aqui.

WrestleQuest

O jogador assume o controle de um luchador chamado Randy ‘Muchacho Man’ Santos, um jovem que, como o próprio nome já entrega, cresceu idolatrando Randy Savage e tem o sonho de se tornar o grande campeão mundial de Luta Livre que, aliás, na cabeça dele, são lutas reais e nada coreografadas, muito menos com resultados pré-definidos.

Por outro lado, o co-protagonista é o seu completo oposto. Brink Logan é filho de um promotor na parte norte do país e, apesar de ser reconhecido pela sua qualidade técnica, junto com seu primo, trabalha como um “jobber”, sempre perdendo como uma forma de dar maior credibilidade aqueles que aparentam ser estrelas maiores e que trarão maior retorno para a federação. E sim, se você não captou as semelhanças com Bret ‘The Hitman’ Hart, então talvez já seja o primeiro indício de que WrestleQuest não é pra você.

Juntos, Randy Santos e Brink Logan capturam a atenção do dono da PAW, que resolve usá-los em seus planos maléficos para completa e total dominação do mundo da Luta Livre. Cabe então a Randy e Brink lutarem para salvar o seu mundo e garantirem que irão fazer jus ao legado dos seus ídolos, com mucha lucha e uma boa dose de Sharpshooters e Flying Elbow Drops.

WrestleQuest

Em questão de história, WrestleQuest não foge muito dos clichês de um RPG. Você irá explorar o mundo, recrutar novos lutadores para o seu grupo, eventualmente aprender mais sobre o funcionamento do mundo mas seguir em frente lutando para salvá-lo em nome dos seus ideais. Você provavelmente vai achar algum Top 10 por aí sobre jogos assim e, apesar de muito bem feita, a história aqui não entraria numa lista dessas.

O charme dela fica, portanto, por conta da divertida forma como tudo é apresentado usando a Luta Livre de pano de fundo. Sua party é chamada de Estábulo, por exemplo. Existem ataques em grupo, auxílio de Managers e tudo aquilo que só a Luta Livre pode proporcionar. E cabe ainda destacar o excelente uso das Lendas do esporte, com várias delas aparecendo aqui em papéis importantes.

Embora a grande estrela seja, obviamente, ‘Macho Man’ Randy Savage, vários outros nomes importantes desse período em específico da Luta Livre também estão presentes. Andre the Giant, Jeff Jarrett, Diamond Dallas Page e os Road Warriors são os de maior destaque e, se você reconhece esses nomes, seja por ser um fã apaixonado pela história do esporte ou alguém mais velho que viveu essa chamada “Era de Ouro”, então WrestleQuest deve apelar bem para você. O jogo é entupido de referências a momentos icônicos das carreiras deles e desse período, sendo um prazer à parte pegá-las.

WrestleQuest

A parte mais inesperada talvez fique por conta do sistema de combate por turnos. Pode parecer estranho um jogo de Luta Livre te prendendo a ações por turnos, mas de alguma maneira ele acaba funcionando. Cada lutador age no seu turno, tendo à sua disposição ataques, uso de itens ou habilidades especiais. É o seu já esperado sistema inspirado por clássicos JRPGs dos anos 80/90, com a diferença ficando por conta, é claro, dos elementos do esporte transportados para cá.

O primeiro e mais importante é a inclusão de uma “Barra de Euforia”. Trata-se de um medidor do quão empolgados os fãs estão com aquela luta (e sim, todas as lutas acontecem com fãs) e isso impacta o seu êxito ou não no combate. Utilizar golpes variados, sejam eles golpes normais ou especiais, os fará ficar empolgados, destravando bônus que te ajudarão a deixar a luta mais fácil.

Por outro lado, caso a barra se mova em direção ao inimigo, eles ficarão mais fortes e seu trabalho mais difícil. Certas habilidades também sacrificam pontos dessa barra para gerar certos buffs (ou debuffs nos inimigos), então gerenciá-la é uma parte bem importante do combate. É aqui também que vem a influência das diferentes “classes” disponíveis. Condizentes com os diferentes estilos de Luta Livre (e bem familiares se você já jogou qualquer WWE 2K), cada uma possui suas vantagens e desvantagens, sendo essencial ter uma equipe variada.

WrestleQuest

Existem outros dois elementos bastante inspirados em Luta Livre que se apresentaram durante o combate. Um, que poderia ser melhor utilizado, é o sistema de Promos, os famosos discursos usados na Luta Livre para promover lutas e convencer os fãs a continuarem assistindo. Elas, no geral, só aparecem próximas a lutas contra chefes, parecendo bem subaproveitadas.

O outro é a necessidade de realizar o Pin dos inimigos após derrotá-los. Embora alguns inimigos mais fracos sejam vencidos ao simplesmente zerar os pontos de vida deles, outros, mais fortes, precisam que seja realizado o Pin, um pequeno mini-game no qual é preciso apertar o botão três vezes seguidas corretamente dentro dos 10 segundos. É bem simples e intuitivo, sendo uma adição legal, por mais que fique desinteressante rápido e seja mais um transtorno para terminar as lutas. Ainda mais que, caso erre, o inimigo recupera parte da vida e retorna ao combate com alguns bônus.

Algumas outras coisas também se mostram presentes, como a possibilidade de de customizar cada detalhe da sua entrada (e ganhar bônus ao realizá-las corretamente) e a estética bastante inspirada pelos bonecos clássicos da WWE nos anos 80 que, junto com a Pixel Art bem feita e a trilha sonora, fazem do jogo uma verdadeira viagem de nostalgia para os fãs.

WrestleQuest

No geral, WrestleQuest é um bom jogo para um nicho muito específico de fãs que gostam tanto de uma era bem clássica da Luta Livre e RPGs por turnos, por mais que seu charme por si só não seja suficiente para segurar a experiência como um todo. Dito isso, é sempre muito bom ver uma desenvolvedora independente se arriscando e trazendo algo novo e único para um gênero tradicionalmente tão apegado aos mesmos clichês.

A paixão pelo projeto e as boas ideias estão presentes em vários momentos aqui, mas elas ou deixam a desejar em algo (a história peca ao introduzir um sistema de escolhas bem raso e raro que quase não muda seus rumos), ou se tornam excessivamente repetitivos pela quantidade de vezes que acontecem, desgastando suas características únicas (como o combate). De toda forma, há algo bem proveitoso a se tirar daqui se você estiver disposto a perdoar as falhas que vão se apresentando ao longo do caminho.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Skybound Games.

Winz.io

Veredito

WrestleQuest é uma divertida homenagem a uma das eras mais importantes da Luta Livre. É envolto em uma narrativa e combate com boas ideias e divertida execução, ainda que falhe em alcançar um nível superior graças a algumas escolhas de design frustrantes que tornam o jogo excessivamente repetitivo.

70

WrestleQuest

Fabricante: Mega Cat Studios

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: RPG

Distribuidora: Skybound Games

Lançamento: 08/08/2023

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

WrestleQuest is a fun tribute to one of the most important eras of wrestling. Its narrative and combat have good ideas and fun execution, yet it fails to reach a higher level thanks to some frustrating design choices that make the game excessively repetitive.


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