Wild Dogs – Review

Os filmes de ação dos anos de 1980 e 90 glorificavam o “exército de um homem só”, o brutamontes com arma na mão, o truculento que podia resolver qualquer situação com uma explosão ou duas, o machão musculoso que deixa a trilha de corpos em seu percurso, o “herói” que destrói tudo que o inimigo não arruinou antes, mas, pelo menos, salva o dia.

É esse tipo de cara que estrela Wild Dogs, novo título do estúdio brasileiro 2ndBoss, que antes já havia lançado Biolab Wars e Milli & Greg, ambos disponíveis no PS4 (e baratinhos, confiram na PS Store!). Se você gosta de jogos retrô em que as coisas fazem BUM!, provavelmente vai entrar na onda da diversão frenética de atirar primeiro e nunca perguntar.

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Assim como o subgênero dos filmes de bala tinha seu reflexo em jogos como as séries Contra e Metal Slug, Wild Dogs bebe da fonte desses games de ação para criar uma experiência incessante que não deixa o jogador tirar o dedo do gatilho. Mais especificamente, é um run and gun, o subgênero cujo nome significa literalmente “correr e atirar” e revela as mecânicas centrais da gameplay.

Há plataformas pelo cenário de rolagem lateral, mas elas não estão ali para testar seus pulos. O que importa é detonar as multidões alienígenas que invadiram a Terra e deixaram as forças armadas à beira da derrota. O general norte-americano não tem outra escolha a não ser apelar para seus cães selvagens da dupla Wild Dogs e dar-lhes carta branca para fazer tudo o que for necessário para derrotar os conquistadores extraterrestres.

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É assim que são enviados o protagonista, o major Frank “Pumpkinhead” Williams, e Teddy, seu companheiro canino. Juntos, eles vão descarregar a munição em tudo o que se move, por todos os meios disponíveis: a pé, no carro, moto, helicóptero, robô, avião, e por aí vai. É aqui que está o principal fator que distingue Wild Dogs: a variedade de estilos.

A maior parte do tempo lembra o formato de Contra, com balas voando pela tela, enquanto Frank e Teddy seguem para a direita em um caminho sem volta. As fases alternam outras formas de jogar, como quando os dois entram em um helicóptero e o jogo passa a ser um shoot’em up sidescroller, ou, em outras palavras, “jogo de navinha lateral”. Depois, a responsabilidade passa para Teddy, que precisa se esgueirar por lugares estreitos e avançar cautelosamente para evitar armadilhas, e assim por diante.

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Tudo ocorre em cinco missões, cada uma com vários sub-chefes e um chefe final. Frank dispõe de três vidas e cinco pontos de saúde para conseguir completar a missão; se perder todas, é game over e o jogador terá que retomar ao começo daquela mesma missão. Eu diria que o objetivo principal deve ser tentar manter a vida até encontrar uma caixa de coração que restaura a saúde completamente. Felizmente, essas aparecem com certa frequência, juntamente com caixas de armas.

Frank pode alternar entre duas armas diferentes por vez e coletar uma nova arma substitui aquela que está selecionada no momento. Não há limite de balas, basta segurar o botão de atirar e manter a chuva de projéteis sobre os inimigos. As opções incluem o tiro em cone, o míssil perseguidor, o lança-chamas e o tiro bumerangue, mas, ao morrer, essa arma é perdida, retornando ao tiro simples, uma punição que reduz suas chances de sobrevivência.

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Como antigamente, há um marcador de pontuação, que serve apenas para comparar com outros jogadores e, de forma mais útil, para ganhar uma vida extra a cada 50 mil pontos obtidos, o que é um grande alívio porque, como esperado do gênero, Wild Dogs é um jogo difícil. Muito.

Isso é parte inerente da experiência que se baseia em atenção e aprendizado, exigindo que o jogador aprimore suas habilidades a cada tentativa de completar uma missão inteira e garantir seu progresso. Essa lógica é adequada à brevidade da campanha, que duraria menos de duas horas se a pessoa finalizasse de primeira.

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Para os que acharem que a persistência é extenuante, o 2ndBoss deixou um cheat menu secreto que pode ser ativado a qualquer momento da partida. Basta pausar o jogo e pressionar os comandos direcionais:

cima, esquerda, direita, baixo, cima, baixo.

Disponha.

Com isso, você terá opção de ficar invencível ou apenas aumentar o número de vidas sempre que precisar. Sinceramente, eu não teria passado da metade do jogo se não pudesse apelar para as vidas extras, algumas partes são realmente insanas. Para quem vai na linha oposta e quer uma experiência ainda mais exigente, também é nesse menu que ativa o Modo Hardcore.

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Ainda falta falar do óbvio, não é mesmo? O visual de Wild Dogs segue estética de Game Boy, restrita a quatro cores na tela. Isso não quer dizer apenas aquele tom de verde antigo; o jogo tem cerca de 50 combinações diferentes para alterar a paleta instantaneamente com o mero apertar de L1 ou R1.

Mudar as cores pode influenciar até na atmosfera do ambiente, deixando-o mais ameaçador ou suave; mais frio ou mais quente; diurno, noturno, e até em tom de pôr ou nascer do sol. Achei alguns desses filtros escuros demais, com pouco contraste com os inimigos, o que prejudicou minha percepção do que está na tela. São tantas opções de cores que acho que seria bom ter um menu para selecionar umas 10 que você quer usar e, assim, não ter que percorrer a extensa lista em busca das que mais agradam. Já deu para sentir como fica pelas imagens da review, mas veja abaixo uma demonstração da vaeridade.

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A píxel art não impressiona, mas, no geral, faz um trabalho competente, especialmente nos chefes, que é onde o gênero costuma gastar suas fichas gráficas. Por outro lado, a aparência do protagonista é sem sal, tanto nas ilustrações mais detalhadas, como no sprite de jogo, que parece apenas um modelo humano genérico sem traços peculiares que lhe dêem um design individual e interessante.

Por fim, a trilha sonora é enérgica e dá o tom intenso da gameplay, com batidas empolgantes de rock que se alinham com a premissa de ação irrefreada.

Jogo (versão de PS4) analisado no PS5 com código fornecido pela QUByte Interactive.

Veredito

Wild Dogs atende muito bem à diversão do nicho de quem quer encarar o desafio clássico dos run and guns e shoot’em ups de gerações passadas. A pixel art em quatro cores não é meu estilo favorito, mas não me incomodou quando usei as paletas certas para mim, entre as dezenas disponíveis. A diversão de explodir pixels em vários estilos de gameplay certamente vale muito mais do que o preço baixo, que torna o jogo recomendável até para os que não são acostumados ao nível de dificuldade do gênero, algo que pode ser resolvido pelo cheat de aumentar as vidas.

70

Wild Dogs

Fabricante: 2ndBoss

Plataforma: PS4

Gênero: Ação / Tiro

Distribuidora: QUbyte Interactive

Lançamento: 20/04/2023

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

Comprar na

Veredict

Wild Dogs can be very fun to those who want to face the classic challenge of run and guns and shoot’em ups from past generations. Four-color pixel art isn’t my favorite style, but it didn’t bother me when I used the right palettes for me among the dozens available. The fun of exploding pixels in various gameplay styles is certainly worth the price, which makes the game recommendable even for those who are not used to the difficulty level of the genre, an issue that can be solved by using the convenient cheat code to increase lives.