Preciso ser sincero já desde o início aqui e dizer que alguns temas em jogos sempre vão me atrair mais que outros. Fantasia medieval, ficção científica espacial, a época de ouro da pirataria no Caribe e o velho-oeste americano são os principais para mim. Independente do que seja entregue como jogo, vou acabar olhando fácil para cada um com certo interesse.
Weird West é um que entra nessa lista já desde seu anúncio, prometendo uma abordagem diferente na ambientação do que já vimos antes em jogos como Red Dead Redemption, Gun, Desperados e mais. A intenção da WolfEye Studios é mesclar a temática do oeste selvagem com misticismo escrachado, mecânicas de RPG e decisões de impacto no estilo simulador imersivo, criando assim uma proposta única numa roupagem já conhecida.
O jogo acontece ao redor de 5 personagens e suas jornadas únicas no oeste, com cada um tendo um caminho bem diferente e histórias peculiares que, ao longo do avanço de cada campanha, o jogador vá percebendo as amarras da narrativa na formação de uma história muito maior envolvendo todos ali. Uma antiga caçadora de recompensas, o homem porco, o nativo protetor, um lobisomem e uma cultista são os heróis de suas próprias histórias, que acontecem se interligando de alguma forma imprevisível.
Cada campanha, que dura cerca de 6 a 7 horas, mostra o lado de cada personagem e como ele vai se emaranhando nas regiões do oeste fantasioso do jogo, encontrando inimigos de todos os tipos, facções e gangues, pessoas que precisam de ajuda e muito mais. Seja na busca de seu cônjuge, procurando relatos de uma vida esquecida ou caçando um antigo inimigo, todas vão colocar o jogador no papel de explorador e sobrevivente, tomando decisões que vão impactar em outros personagens do jogo e tendo um retorno em algum momento do jogo.
Claramente o maior foco é no simulador imersivo, que é o impacto das decisões e escolhas do jogador em momentos e que vão impactar algo posteriormente. Salve alguém de bandidos e esse pode voltar como aliado em momentos oportunos ou caça uma recompensa mas acabe por não eliminar toda uma gangue e os remanescentes se lembrarão de você e voltarão depois para te caçar. Esses são só alguns exemplos que vão impactar o jogo em algum momento, assim como decidir ser impiedoso, sorrateiro, ladrão, executor da lei ou demais ações que acarretarão em alguma reação. Contrate parceiros, recolha recompensas únicas, crie inimizades com gangues ou enfrente espíritos numa cidade fantasma, mas saiba que tudo pode gerar uma consequência depois.
Tudo isso funciona muito bem aqui, fazendo cada história ser diferente em um nova jogada, mesmo com os mesmos personagens. Junte aqui também os eventos aleatórios enquanto explora o mapa e mudanças sutis em missões principais e secundárias que forem surgindo. Há diversas maneiras de resolver uma situação ou criar uma e cada ação diferente pode gerar um novo caminho com recompensas diferentes.
Quanto à jogabilidade, Weird West vai ser muito similar a outros RPG’s de ação com visão isométrica encontrados até hoje. Há um certo sistema de evolução de habilidades que é repassado para outros personagens e também inventário para cada um deles que pode te dar uma baita dor de cabeça em carregar tudo o que achar necessário. Vender, equipar, comprar, pilhar e mais fazem parte do loop de ações necessárias por todo o jogo.
O combate é um dos pontos mais interessantes da jogabilidade, usando o mesmo sistema de escolhas para uma melhor aproximação. Seja utilizando stealth e tentando uma abordagem sorrateira ou atirando sem piedade, usar tudo o que o mapa te oferece é sempre o melhor caminho. Feno seco pode ser incendiado e pegar inimigos desprevenidos, assim como usar barris de óleo que podem explodir, tanques de explosivos, utilizar terreno alto para uma melhor abordagem ou procurar cobertura e tentativa de ataque silencioso com arco e flechas. Opções aqui existem ao monte e devem ser exploradas sempre que possíveis.
Um problema peculiar encontrado é quanto aos comandos e algumas ações aqui. O tipo de visão não favorece muito em alguns mapas, principalmente mais apertados e mesmo com opção de 3 distâncias de câmera. De toda forma, mirar no esquema twin stick pode ser um tanto quanto impreciso aqui. Além disso, é fácil confundir os comandos de habilidades para cada tipo de armamento e geral do personagens, precisando de uma combinação de 3 a 4 comandos por vez para o acionamento de uma simples ativação de um tiro silencioso e mortal com um rifle de repetição, por exemplo.
De certa forma e no geral, os comandos são meio grosseiros e poderiam ser melhor mapeados e pensados, principalmente para o sistema de habilidades já relatado anteriormente. Pense que, caso você seja pego no seu momento sorrateiro e tentando não entrar em combate com mais de 10 capangas inimigos, um comando errado pode ser fatal na sua estratégia e te fazer reiniciar até o último ponto de controle.
Esse também é uma mecânica que o jogador precisa assimilar rápido para não perder progresso. O jogo salva automaticamente em momentos chave ou apenas quando entra em um novo mapa. Fora disso, cabe ao jogador salvar manualmente sempre que quiser. Esqueça de salvar e corra o risco de perder 20 a 30 minutos de exploração numa região maior ou cheia de eventos e crie assim uma experiência frustrante.
Se você também quer um sistema de RPG mais profundo, Weird West também não te dá essa opção. Não que seja uma falha do jogo, mas esperar por mais do que o básico de diálogos simples, equipamentos básicos, sistema de inventário mais grosseiro e habilidades básicas talvez seja almejar demais e sem muita necessidade. Em resumo, parte dessas mecânicas carecia de um pouco mais de refinamento ou serem repensadas para uma execução melhor e mais prática.
Weird West se fundamenta mais na sua quantidade de opções e diversão na exploração, numa ambientação bem feita e sem medo de usar temas nada convencionais para criar seu universo. Ainda que seja meio grosseiro em algumas partes e não tão bem executado em outras, o jogo entrega diversão, desafio na medida certa, horas de exploração e uma campanha total que dura pelo menos de 25 a 30 horas e alto valor de replay. Seja você apenas fã do tema de velho-oeste como eu, amante de jogos isométricos ou ainda saudosista dos simuladores imersivos, Weird West com certeza vale uma chance.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Devolver Digital.
Veredito
Carecendo de algum refinamento no geral e melhorias nos comandos, Weird West supera esses pequenos problemas com boas histórias em personagens distintos, ótimo sistema de simulador imersivo e um combate viciante.
Veredict
Lacking some refinement in general and improvements in controls, Weird West overcomes these minor problems with good stories in different characters, great immersive sim system and an addictive combat.