Watcher Chronicles – Review

Desenvolvido e publicado pela Third Sphere Games Studio, chega essa semana para PS4 e PS5 o game Watcher Chronicles. Ele já havia sido lançado em janeiro para PC e em abril para Switch, e agora chegou também a nossa vez de desfrutar esse delicioso souslike.

Antes da história começar, você escolhe se seu personagem será homem ou mulher, e então acorda numa cripta e simplesmente precisa seguir em frente. Não há maiores explicações a princípio, mas inimigos vão surgindo, e nesse primeiro momento algumas plaquinhas espalhadas pelo caminho te informam a respeito dos controles e do combate em si.

Depois de aprender os comandos que utilizará em Watcher Chronicles, pode considerar o jogo oficialmente começado. Especialmente quando surgir seu primeiro boss, Nemesis. E não se preocupe, você vai morrer. Diferente dos outros que sempre ficam nos mesmos lugares – e mesmo depois de morrer e retornar você os encontra de novo –, haverá chances de derrotá-lo em diversos momentos e lugares do game, geralmente sem a menor pista de que ele vai aparecer. Spoiler: você muito provavelmente vai morrer todas as vezes. Mais para o final do jogo, porém, ele fica fixo num mesmo lugar até que seja derrotado.

Você aos poucos vai avançando e descobre que está no Purgatório, onde existe um demônio que quer destruir tudo. Outros te ajudarão na missão de derrotar o “Rogue Watcher“, mas como na maioria das histórias, aqui também teremos reviravoltas, então pode esperar por traições e mudanças de lado.

Seu conjunto inicial de equipamentos conta com uma armadura, uma espada como arma primária e arco e flecha como arma secundária. Há também três slots para anéis, que te dão vantagens específicas. Todos esses itens podem ser aprimorados em alguns níveis, e pra isso você vai precisar de Penumbra, a moeda de Watcher Chronicles. Além da Penumbra comum, obtida através da morte de inimigos, existem também Lasca de Penumbra, Massa de Penumbra e Penumbra Perfeita, necessárias para determinados tipos de aprimoramentos. Estas são mais difíceis de encontrar a princípio, mas depois é até possível comprá-las de um NPC.

Durante sua aventura, inúmeras armaduras e armas de diversos tipos serão encontradas, como katanas, espadas, machados, foices, espadas duplas, lanças e até livros de magia. Tratando-se de um RPG, não existe uma única forma de jogar. Você pode criar sua própria build, talvez focando em força e ataques primários, talvez uzilizando magias elementais, e claro, é possível trocar tudo a qualquer momento durante Watcher Chronicles. Talvez um conjunto de equipamentos seja melhor para um certo boss, enquanto outro é melhor para batalhas mais comuns. Tudo isso você vai sentir conforme for jogando.

Quando morrer – e acredite, isso vai acontecer bastante – , por estarmos falando de um jogo do gênero souslike, sua “alma” fica no local da sua morte, no formato de uma bolsa enorme com um brilho roxo. Ali fica toda sua penumbra, e pra recuperá-la é só passar por esse lugar de novo. Caso você morra de novo antes de alcançá-la, todo seu conteúdo anterior é perdido definitivamente, e só o que você coletou após a sua morte poderá ser recuperado onde você perdeu a vida mais recentemente.

Além dos equipamentos, em Watcher Chronicles você carrega consigo algumas poções de cura. No início são apenas três, e aos poucos vai encontrando bolsas de poção que aumentam sua capacidade e te permitem carregar mais. Para recarregar seu estoque, basta descansar em alguma das várias estátuas encontradas pelo mapa. Além das poções, também voltam ao máximo sua vida, Resistência (utilizada para ataques e esquiva) e Energia (utilizada para ataque secundário, como flechas e magia). Mas cuidado: sempre que você descansa, todos os inimigos ressurgem e será necessário matá-los novamente por onde passar.

Nessas estátuas é possível viajar para qualquer outra delas encontrada em qualquer érea já visitada antes, contanto que já tenha sido usada para descansar. Em Watcher Chronicles o descanso te possibilita também entrar no modo multiplayer, onde algumas coisas mudam. O player 2 não pode escolher sua própria build, optando apenas por uma classe genérica já montada, o que o torna inferior se comparado ao jogador principal. A saúde de um se divide para os dois players, sendo assim mais fácil de alguém morrer.

Em contrapartida, um jogador pode ressuscitar o outro em caso de morte, o que é de grande ajuda. Especialmente em chefes, um pode chamar a atenção do boss e atacá-lo enquanto o outro se recupera da batalha e se prepara para entrar em cena novamente. Neste modo, o número de poções não é dividido, cada um ficando com o máximo permitido no modo solo. O player 2 não pode acessar menus e nem abrir baús, sendo o combate a única coisa à qual pode se dedicar.

Este modo de Watcher Chronicles é um pouco diferente também em sua forma visual, já que a tela se expande o máximo possível para que os dois personagens fiquem visíveis, sendo assim possível ver mais coisas na tela. Isso pode ser visto como um ponto positivo, já que normalmente o jogo é bastante ampliado e o tamanho dos personagens em relação à tela é grande, não sendo possível ver tanto à frente e dando a impressão de que a qualquer momento você pode ser surpreendido com hordas de monstros ou até com um boss surpresa.

Algo que me incomodou foi o fato do foco principal ser sempre o player 1. Quando ele se afasta muito, o outro personagem é automaticamente teletransportado para perto novamente. Isso poder ser muito positivo em diversas situações, como por exemplo para escapar de inimigos ou até mesmo em quedas muito longas (neste caso, ao invés de cair e morrer, o player 2 nem chega a tocar o chão e é posto novamente ao lado de seu companheiro como se nada tivesse acontecido). Apesar de ser possível tirar proveito desses momentos, são coisas visualmente incômodas.

Uma das coisas que mais chamam nossa atenção nos anúncios de Watcher Chronicles é o número de chefes a serem derrotados. Isso, de fato, é um dos pontos fortes do game. É necessário estudar seus movimentos, calcular o momento certo de agir e o que exatamente fazer, para enfim matá-los. Não será, na maioria das vezes, uma tarefa fácil, e morrer algumas vezes é algo esperado. Para alguns deles você vai contar com a ajuda de NPCs, e isso vai fazer diferença (assim como o fator multiplayer mencionado antes).

São 23 chefes principais, e pela vitória sobre cada um deles é concedido o mesmo número de troféus. Após derrotar alguns bosses chave, você também adquire chaves que abrem locais trancados com conteúdos especiais e também suas respectivas cabeças, utilizadas mais para o fim do jogo em um ritual para abrir uma passagem para a última área onde ocorrerá a batalha final.

Logo após a luta, você vai poder escolher entre dois finais e suas respectivas cenas de encerramento – além de receber os dois últimos troféus de Watcher Chronicles antes da desejada platina. Não que isso faça muita diferença na prática, já que depois surge apenas a opção de “New Game +“, onde você começa tudo de novo, porém mantendo todos os seus itens.

Os gráficos foram parcialmente responsáveis pelo meu interesse em Watcher Chronicles e a trilha sonora detalhada também não decepcionou. Ela é bem construída, e ganha características especiais para cada área do Purgatório, inclusive adquirindo um tom mais épico em batalhas contra bosses, como de costume em jogos assim. Fun Fact: eu moro perto de uma igreja, e sempre que estava jogando na cripta eu confundia o som dos sinos e não sabia de primeira se eram do jogo ou da vida real.

O game peca na história pouco explorada e sem muitos detalhes, além de pouca originalidade. Existem reviravoltas, como mencionado antes, mas nada inesperadas. Contudo, Watcher Chronicles é muito divertido, tanto solo quando no modo multiplayer, e vai te render boas horas de entretenimento. Da mesma forma, o stress é garantido por inúmeras vezes ter morrido e perdido toda sua Penumbra, mas mesmo assim você vai continuar voltando para mais desafios.

Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Third Sphere Games Studio.