Wasteland 2: Director's Cut

Wasteland 2: Director’s Cut, criado pela inXile Entertainment, é a sequência direta do Wasteland original, lançado em 1988, e que foi o primeiro RPG pós-apocalíptico para PC’s. Apesar de os dois primeiros jogos da famosa franquia Fallout, lançados no final da década de 90, serem considerados sucessores indiretos de Wasteland, os fãs aguardavam ansiosos a continuação da história desse clássico.

Felizmente para esses fãs, Brian Fargo e a equipe que desenvolveu o jogo original, lançaram em 2012 uma campanha no Kickstarter visando arrecadar fundos para a produção de sua sequência. Essa campanha foi um sucesso e os produtores conseguiram quase o triplo do valor inicialmente estipulado. Em dezembro de 2013, Wasteland 2 foi lançado em acesso antecipado no Steam. Após pouco mais de vinte e cinco anos, a espera dos fãs havia chegado ao fim. Restava saber se valeu a pena.

Em março de 2015, durante a Game Developers Conference, foi anunciada uma versão do jogo para os consoles PlayStation 4 e Xbox One. Essa versão traria algumas melhorias e se chamaria Wasteland 2: Game of the Year Edition. Finalmente, em 13/10/2015, ela foi lançada sob o nome de Wasteland 2: Director’s Cut.

Ambientado em um futuro distópico, no qual o mundo foi devastado por uma guerra nuclear ocorrida em 1998, essa sequência se passa quinze anos após os acontecimentos do jogo original e continua acompanhando a história dos Desert Rangers (uma espécie de milícia) e sua luta para conservar o que restou da civilização.

Como todo bom RPG, nossa jornada começa com a criação dos personagens. Controlamos um grupo com quatro personagens, que podem ser completamente personalizados. Podemos escolher seus nomes, aparências, especialidades e até mesmo dar-lhes uma história. Temos também um certo número de pontos que devem ser distribuídos entre várias características de combate, habilidades e conhecimentos. Essa etapa exige bastante tempo devido às infinitas possibilidades de criação que o jogo nos dá.

Para aqueles que não têm muita familiaridade com RPG’s ou desejem pular essa parte de criação e ir direto ao ponto, há uma opção em que podemos utilizar um grupo pré-definido. Essa alternativa é altamente recomendada se você não tem paciência para passar horas construindo personagens. Não adianta esperar uma boa experiência de jogo se os pontos de habilidades forem distribuídos de qualquer forma. Assim como em outros jogos do gênero essas decisões devem ser muito bem pensadas, pois um grupo formado por personagens mal balanceados entre si vai pesar na sua consciência depois de algumas horas de aventura. Ainda com relação a esse aspecto do game, um ponto interessante foi a inclusão de um sistema opcional de Quirks, características – algumas realmente bizarras – que concedem algum tipo de bônus ao personagem, mas também lhe infringem uma penalidade. Como exemplo (não riam), a habilidade de se esquivar de ataques críticos ao custo de desmaiar em combate.

À medida que avançamos no jogo e os personagens se tornam mais experientes, somos recompensados com mais pontos de habilidades, que podem ser usados para desenvolver novas aptidões ou melhorar aquelas adquiridas originalmente.

A aventura começa com o grupo de personagens assistindo ao enterro de Ace, um ranger veterano que foi morto de forma misteriosa enquanto estava em uma missão. Sua tarefa inicial é concluir a missão iniciada por ele, investigar e eventualmente vingar sua morte. O deserto do Arizona e a cidade de Los Angeles, devastados pela radiação, compõem o cenário do jogo e servem como pano de fundo para o desenrolar da história.

Como em Wasteland 2: Director’s Cut nada é tão simples quanto parece, será necessário completar várias tarefas e enfrentar inúmeros perigos enquanto exploramos o mundo buscando desvendar o assassinato de Ace. Passando por ambientes extremamente hostis, iremos encontrar uma trama intrincada e repleta de dificuldades. Você terá que escapar de nuvens tóxicas, campos minados e plantas venenosas, enquanto animais mutantes, robôs, rebeldes anarquistas e grupos de vândalos são uma ameaça constante. No entanto, ao longo da jornada nosso grupo também poderá receber ajuda de alguns NPC’s e até mesmo ganhar o reforço de mercenários e aliados dos Desert Rangers.

A história do game é cheia de reviravoltas e se desenvolve de uma forma não linear. Com um cenário gigantesco, o jogo nos dá liberdade para escolher a prioridade das missões e buscar suas localizações. A exploração desse mundo devastado requer um pouco de estratégia e bastante cuidado. É necessário estar sempre atento à quantidade de água nos cantis dos personagens e a seu nível de saúde, já que por vezes seremos obrigados a passar por lugares contaminados com altos níveis de radiação.

Aqui sou obrigado a me render ao saudosismo. Essa parte do jogo em que vagamos livremente pelo mundo, controlando apenas um ícone semelhante a um distintivo que simboliza o grupo de personagens, lembra bastante Ultima IV (poderio dos consoles à parte). Um ótimo RPG eletrônico que conheci na infância quando tinha meu saudoso Master System.

Quando chegamos a uma determinada localidade, a perspectiva do jogo muda. Temos uma visão isométrica de nossos personagens, dos NPC’s e do cenário. É possível perceber que os gráficos em 3D foram muito bem modelados e têm bom nível de detalhe, graças ao motor gráfico Unity 5.

Um aspecto marcante nessa parte do jogo em que exploramos um local específico é o log da missão. Uma espécie de diário datilografado em que tudo que acontece fica registrado: diálogos, acontecimentos, sensações e observações dos membros do esquadrão. É difícil se acostumar com essa enorme quantidade de informações no início do jogo e isso torna a experiência um tanto cansativa. Entretanto, justamente nesses textos é possível encontrar dicas e avisos importantes sobre as missões e seus inimigos.

O jogo também tem a irritante característica de reviver inimigos. Muitas vezes, quando voltamos a um local que já havíamos visitado antes, encontramos os mesmos inimigos novamente. Apesar de ser possível recolher novos itens e ganhar pontos de experiência, esse fator atrapalha o desenvolvimento da narrativa.

O sistema de controle da câmera é um pouco complexo e também acaba se tornando um ponto negativo durante as incursões do grupo pelos cenários. Pra começar, mesmo diminuindo o zoom ao mínimo possível, não conseguimos ter um campo de visão satisfatório, o que é essencial em um RPG com pegada tática. Há dois modos de se utilizar a câmera: livre e fixa. Basta apertar R3 para se alternar entre os dois. No primeiro podemos girá-la livremente ao redor do grupo de personagens. No segundo, apesar de não podermos girar a câmera, podemos movimentá-la por todo o cenário, independente da posição do grupo. A ideia é muito boa e poderia amenizar o problema do campo de visão limitado, acontece que a desenvolvedora do game resolveu vincular um terceiro comando ao botão R3 – que controla o log da aventura – e transformou num pesadelo a tarefa de controlar a câmera.

Apesar do combate nem sempre ser a melhor solução para os impasses em que o jogo nos coloca, inúmeras vezes ele será inevitável. Wasteland 2: Director’s Cut utiliza um sistema de combate tático baseado em turnos. Cada personagem tem certo número de pontos de ação que podem ser utilizados a cada turno. Cada ação (se movimentar, abaixar, recarregar a arma, atacar) consome determinado número de pontos, quando o personagem não tem mais pontos suficientes para agir seu turno é encerrado.

Esse é um sistema simples, mas que se encaixa perfeitamente a esse tipo de jogo. Não basta sair atirando em tudo que se move, para se sair bem é preciso calma para pensar em cada ação e avaliar a possível reação do inimigo. É necessário posicionar seus personagens de uma maneira em que eles possam utilizar plenamente suas habilidades de combate, afinal é estupidez pedir que um sniper atire à queima-roupa. É também importante saber quando não atacar e tomar atitudes mais defensivas já que aqui a morte é permanente e é muito difícil repor qualquer um dos membros do seu grupo.

Inimigos eliminados, é hora de recolher seus espólios. O game possui uma infinita variedade de armas, munições, itens e bugigangas diferentes. Há a possibilidade de que algum personagem com a habilidade certa consiga criar equipamentos personalizados, como armaduras de sucata, armas modificadas e munição caseira, utilizando os itens saqueados. Além disso, o que for inútil para você pode ser vendido para algum NPC por um bom preço. Nunca se sabe do que as pessoas podem precisar em um mundo pós-apocalíptico e é muito importante ter sempre um espaço vazio em seu inventário.

Veredito

Ainda que sua interface apresente alguns pontos negativos, Wasteland 2: Director’s Cut é divertido, imersivo e razoavelmente desafiador. Apresenta um mundo envolvente e nos dá total liberdade para explorá-lo da forma que bem entendermos. Apesar de sua história se desenvolver a partir de um contexto um tanto clichê, é um excelente jogo de RPG que consegue tanto agradar aos fãs mais antigos quanto atrair novos jogadores. É uma ótima pedida se você tem umas oitenta horas livres.

Jogo analisado com cópia digital fornecida pela inXile Entertainment.

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