Wanted: Dead – Review

Wanted: Dead possui um charme inexplicável. Atraído pela sua premissa de ser um jogo de ação da Soleil (de Valkyrie Elysium), esperava encontrar um tipo de game, mas esse foi o meu erro. Você não pode ir com expectativas: é preciso deixar que Wanted: Dead o puna bastante para entender que é preciso seguir as regras impostas por ele.

O que quero dizer com essa frase estranha do parágrafo anterior é que Wanted: Dead é um jogo bastante desafiador, mas que fica cada vez mais acessível se entender o que deve ser feito para progredir. Se você tiver paciência e tempo para isso, é possível que acabe se divertindo. Caso contrário, achará o pior jogo do mundo.

Wanted: Dead

Wanted: Dead segue a história da ‘Zombie Unit’, um esquadrão policial em uma Hong Kong que mistura cyberpunk com retrô. O jogador controla a Lt. Hannah Stone, uma policial durona que sabe muito bem usar sua katana e diferentes tipos de armas. Sem entrar em muitos spoilers, o enredo envolve organizações, robôs e conspirações. É uma história bem fraca, sendo que em alguns pontos as cutscenes são mais longas que deveriam. Algumas cenas de anime existem também para mostrar o passado de Hannah e, apesar do enredo fraco, são bem feitas.

Além da história não muito interessante, o maior problema de Wanted: Dead é a sua longevidade. A estrutura do jogo é basicamente composta dessa forma: cutscenes, a fase em si, chefe, cutscenes, a hub na estação policial, um minigame, mais cutscenes e segue para a próxima fase. Se você ver todas as cutscenes, passar um tempo jogando os minigames e morrer um número considerável de vezes nas fases, a campanha leva em torno de 10 a 12 horas para terminar no Normal.

Wanted: Dead

Terminada a campanha, você tem a opção de rejogá-la no New Game Plus ou iniciar do zero em uma dificuldade superior (não é possível jogar o NG+ em uma dificuldade maior). É quando você rejoga que nota que o game é muito curto. Ignorando as cutscenes e fazendo os minigames obrigatórios entre as fases (além de saber jogar agora), a história leva cerca de 3 a 4 horas no máximo.

Apesar do enredo fraco e da campanha curta, Wanted: Dead é sustentado pelo seu gameplay viciante. E é aqui que se encontra o “8 ou 80”: ou você aceita e entende como se joga (e não fica spammando botões ou atirando para tudo que é lado) ou larga o jogo.

Wanted: Dead

O começo de Wanted: Dead vai parecer estranho. Não fica claro se é um jogo de tiro em terceira pessoa ou hack and slash. Depois que você se adapta e entende a se posicionar em cada situação, vem o que realmente importa: a Skill Tree. É nela que está o maior problema: há muitas habilidades extremamente importantes para o gameplay que só podem ser destravadas aqui. O maior exemplo é o desvio. Se você apertar X para desviar sem adquirir nada na Skill Tree, Hannah vai simplesmente dar um passo. É um desvio horrível e que raramente ajuda. Porém, na Skill Tree há um desvio de rolar (pressionando X duas vezes) e, além de ser imune em partes do “rolamento”, muda o jogo completamente.

Assim sendo, você precisa ficar sempre de olho na Skill Tree, pois é nela que destrava habilidades essenciais, assim como mais itens de cura e até mesmo mais opções para os seus companheiros no combate.

Wanted: Dead

Companheiros? Sim, Hannah não está exatamente sozinha. Não há como dar ordens a eles, mas também não precisa se preocupar em protegê-los. Além disso, nem sempre todos acompanham você. Mas, essencialmente, eles ajudam a eliminar os inimigos e um deles revive você uma vez até chegar a outro checkpoint, caso sua vida acabe.

Wanted: Dead é bem direto no gameplay, mas o “timing” de suas ações e, como dito, as habilidades na Skill Tree são o que o diferencia de outros jogos de ação. Você usa uma metralhadora básica (que pode ser modificada para causar mais dano e ter menos precisão, por exemplo; há diferentes situações) no R2 (pode mirar com L2), uma pistola no triângulo que serve basicamente para um “counter” desesperador e a sua katana com quadrado para atacar e L1 para defender. A granada no R1 (que é uma habilidade da Skill Tree!) e outras armas obtidas dos inimigos completam o arsenal de Hannah.

O jogo prioriza o combate próximo, mas você pode – e deve – utilizar as armas de fogo também. Os combos com a espada são simples (todos localizados no quadrado, sendo que o triângulo pode ser usado para mesclar com a pistola), mas há ainda alguns elementos no gameplay que tornam os combates interessantes. Primeiramente, como dito, há os “counters” com a pistola (o inimigo brilha vermelho para indicar isso), assim como os parries com a espada. Em diferentes situações, como o inimigo quase morrendo ou com um membro do corpo decepado, você pode finalizá-lo com uma animação especial pressionando triângulo e bola. Aliás, poder eliminar com um membro faltando é, mais uma vez, uma habilidade da Skill Tree.

Wanted: Dead

Por fim, Hannah possui uma barra de adrenalina (um círculo que fica localizado onde indica a munição restante). Quando estiver cheio, é possível ativar duas ações diferentes, mas a mais importante é o Bullet Time. Pressionando L3+R3, você dispara rapidamente em todos os inimigos ao seu redor, deixando os nocauteados para finalizações. É tipo um movimento “desesperador”.

Explicado o sistema de combate, que é basicamente a essência de Wanted: Dead, posso esclarecer o comentário do início do review. Além da Skill Tree ser importante (e não deixar claro exatamente o que vale a pena gastar), muitos inimigos precisam ser derrotados “do jeito que o jogo quer”. Se você tentar inovar um pouco, acabará morrendo facilmente. Ou seja, se você não gosta de seguir regras no gameplay, pode se desapontar com o título. Pessoalmente, depois que o fluxo do combate é compreendido, chega a ser viciante – mesmo nos momentos de frustração por conta da dificuldade alta.

Wanted: Dead

Wanted: Dead possui alguns minigames entre as fases. São simples e diretos (e até lembram os da série Yakuza), mas sinceramente além de serem mais ou menos, foram inseridos para ferrar com a platina de qualquer jogador que queira o game por sua ação. Obter combo perfeito no minigame de ramen (que é basicamente um minigame rítmico), pegar todas as miniaturas com a “Garra” ou terminar o jogo retrô Space Runaway no Hard não são coisas para qualquer um. Aliás, Space Runaway é um título com aspecto retrô, mas que foi criado para Wanted: Dead. É um esforço notável para um extra.

Infelizmente, Wanted: Dead não possui suporte ao português do Brasil (nem mesmo legendas). O trabalho das vozes dos personagens não é ruim, mas a qualidade do áudio delas não parece nítida. Além disso, se prepare para ouvir repetidamente comentários de Hannah e de seus companheiros no combate. “Grenade!” e “Nicely done, Cortez” chegarão a irritá-lo. Já as músicas são legais, principalmente as que estão disponíveis na Jukebox da estação policial.

Wanted: Dead

No entanto, mesmo no PS5, Wanted: Dead não está livre de bugs, principalmente de perfomance. Em nossa jornada, o título chegou a travar duas vezes, além de sofrer com quedas gigantes de framerate em alguns momentos. Ou seja, caiu de 60 para algo como 10 a 15 fps. Claro que aconteceu algo na tela: em um dado momento tivemos uma granada que levantou vários papéis pelo cenário. Já os outros não sei o que aconteceu para as quedas ocorressem – mas não é algo frequente. Com sorte, um patch arrumará esses problemas menores.

No fim, Wanted: Dead possui um gameplay viciante se você puder ignorar o restante dos problemas discutidos nesta análise. É bastante desafiador e com uma atmosfera única. Por outro lado, a sua história, perfomance técnica e a Skill Tree problemática (que bloqueia acesso a habilidades que chegam a melhorar a experiência de tão úteis que são) fazem ele ficar longe de ser um jogo perfeito.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela 110 Industries.

Veredito

Wanted: Dead é um jogo de ação simples e direto, mas desafiador. A história é fraca, há poucas fases e os minigames no geral são desinteressantes. Por outro lado, o gameplay é muito bom depois que você pega o jeito. Se você não se importar com o enredo, relevar alguns problemas técnicos e tiver paciência para aprender o game, pode acabar encontrando uma boa fonte de diversão.

70

Wanted: Dead

Fabricante: Soleil

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: Ação

Distribuidora: 110 Industries

Lançamento: 14/02/2023

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

Wanted: Dead is a simple and straightforward yet challenging action game. The story is bad, there are few levels and the minigames are generally uninteresting. On the other hand, the gameplay is pretty good once you get the hang of it. If you don’t care about the plot, overlook some technical problems and have the patience to learn the game, you might end up finding a good source of fun.