Voice of Cards: The Forsaken Maiden – Review

Quando Voice of Cards: The Isle Dragon Roars foi lançado, uma das claras sensações que a grata surpresa deixou é que veríamos mais jogos aproveitando a estrutura e fórmula estabelecida pelo jogo nascido da intrépida mente do seu Diretor Criativo, Yoko Taro. O que eu não esperava era ver uma sequência tão rapidamente.

Esperado ou não, de toda forma, cá estamos com o recém-lançado Voice of Cards: The Forsaken Maiden, novo jogo da agora série de RPGs por turnos utilizando cartas no lugar de, bem, quase tudo. Além de Yoko Taro retornando como Diretor Criativo, o título traz os mesmos nomes de peso do anterior, com Keiichi Okabe como Diretor Musical e Kimihiko Fujisaka como Designer de Personagens.

The Forsaken Maiden, tal qual seu predecessor, é mais um jogo completamente isolado, contando uma história completamente separada de The Isle Dragon Roars, se valendo apenas da mesma estrutura e reaproveitando alguns assets para permitir ao estúdio por trás do seu desenvolvimento a liberdade criativa de experimentar com novas ideias sem a necessidade de se comprometer com um longo ciclo de desenvolvimento de um RPG da escala de um novo NieR.

Voice of Cards: The Forsaken Maiden

Se você jogou o anterior ou viu algum dos trailers de um dos jogos, você já deve imaginar o que te espera aqui. The Forsaken Maiden segue a mesma estrutura emulando a experiência de se jogar um tradicional RPG de mesa, com a história sendo contada ao jogador por um novo Dungeon Master (ou Mestre de RPG) e você tomando decisões de diálogo, movimentação e combate de toda a sua party.

A história aqui contada gira em torno de dois personagens: a jovem Laty e o protagonista, a quem você dará o nome, que partem em uma jornada pelo mundo para salvar a ilha onde eles vivem. O mundo de The Forsaken Maiden é dividido em ilhas, todas ameaçadas de destruição e que só podem ser salvas por uma jovem garota escolhida em seu nascimento, as chamadas Maidens.

Laty é a garota nascida para se tornar a Maiden de Omega Island mas, por algum motivo, ela perdeu os seus poderes e, por isso, seu lar está condenado à extinção. No entanto, Laty e o protagonista conhecem uma figura mágica chamada Lac que revela que, caso Laty consiga reunir as relíquias das outras quatro Maidens espalhadas pelo mundo, ela pode recuperar os seus poderes e salvar o lugar onde nasceu.

Voice of Cards: The Forsaken Maiden

Cada capítulo da história gira em torno, então, da jornada de Laty por uma das outras quatro ilhas, conhecendo as suas respectivas Maidens, as ajudando em seus objetivos e as convencendo a auxiliá-la emprestando suas relíquias. É uma estrutura bem simples, mas que funciona muito bem e desde o começo já diferencia e muito esse Voice of Cards do anterior.

Parte disso é o maior foco na navegação e explorar o oceano (por mais que na prática seja exatamente igual a como se explorava a Ilha do jogo anterior ou as ilhas em cada capítulo desse), mas a narrativa, como já era de se esperar, é o que realmente torna TFM um título que merece a sua atenção.

Como toda boa obra que envolve o nome de Yoko Taro, há um constante tom de melancolia e sacrifício na história de todas as Maidens e na narrativa em torno de Laty, com algumas sendo mais tristes que as outras, mas todas extremamente bem contadas. Algumas das reviravoltas da história podem ser um pouco previsíveis se você for um fã de longa data do Diretor Criativo, mas isso não faz com que elas percam o impacto ou funcionem melhor no contexto.

Voice of Cards: The Forsaken Maiden

Felizmente, não há qualquer conexão narrativa entre The Forsaken Maiden e The Isle Dragon Roars, então, se você não jogou o título anterior, não precisa fazê-lo para jogar este, uma vez que são totalmente independentes. Dito isso, se você busca por um RPG com história criativa e um pouco mais séria, personagens carismáticos e uma ambientação relativamente única, Voice of Cards segue sendo uma série fortemente recomendada para você.

Já no lado do combate, a ligação entre ambos os jogos é gritante. O sistema de combate é o mesmo do jogo anterior, com cada personagem possuindo até cinco habilidades que podem ser ativadas com o custo de gemas. Você ganha uma gema ao início do turno de cada personagem e existem certas habilidades e itens que te permitem ganhar ainda mais em um único turno.

As habilidades seguem a mesma ideia de “causar dano de ATK+5”, “adicione o resultado de um dado ao dano” ou “se tirar mais de 4 em um rolar de dados, o inimigo será paralisado”. É uma clara forma de continuar emulando a estrutura de um RPG de mesa que o jogo busca, mas faz com que o combate seja fortemente dependente de RNG, o que acaba gerando um certo incômodo visto que as batalhas em The Forsaken Maiden são muito mais desafiadoras do que no anterior.

Voice of Cards: The Forsaken Maiden

Isso não quer dizer que ele não traz algumas novidades. Existem novos ataques e habilidades únicas para esse jogo, com as principais delas ficando por conta das Link Skills. Tratam-se de ataques poderosos realizados em conjunto exclusivamente entre a Maiden e companheiro. Naturalmente elas possuem um custo maior em gemas, mas usar e abusar delas é essencial para vencer as batalhas mais difíceis do jogo.

Um último ponto curioso sobre a forma como o combate funciona aqui é que, ao invés de adicionar personagens progressivamente à sua equipe, o jogo aproveita a sua passagem pelas diferentes ilhas para tornar as Maidens e seus acompanhantes como membros convidados da sua equipe durante aquele capítulo. Isso significa que, entre capítulos, Lac ocupa o terceiro lugar da equipe, durante os capítulos em si você terá quatro personagens ativos em combate, te dando mais opções.

No entanto, como todos esses personagens são temporários, eles só podem equipar anéis do seu inventário. Isso te permite focar muito mais em melhorar os equipamentos apenas de Laty e do protagonista, fazendo com que eles estejam mais fortes mais rápido ao invés de dividir recursos melhorando 4 ou 5 personagens diferentes ao mesmo tempo.

Voice of Cards: The Forsaken Maiden

Isso não quer dizer que o jogo não tenha problemas. Tal qual eu já havia reclamado com The Isle Dragon Roars, The Forsaken Maiden ainda conta com uma insuportável quantidade de batalhas aleatórias enquanto se explora o mapa. Em dados momentos, é difícil dar mais do que 3 ou 4 passos sem se envolver em mais um combate, algo que acaba alongando o jogo artificialmente de forma desnecessária.

O que acaba sendo desnecessário já que, pela mera estrutura da história, The Forsaken Maiden já é bem mais longo do que o jogo anterior. Enquanto o primeiro VoC durava cerca de 20 horas para platinar, apenas a primeira campanha do novo rendeu quase 25 horas (é claro, você precisará do NG+ para ver o final verdadeiro e platinar o jogo). Com a presença de um modo acelerado isso pode diminuir, mas ainda estamos falando de uma experiência de cerca de 40 horas para platinar.

Voice of Cards: The Forsaken Maiden

Por fim, cabe apontar que, na parte visual, The Forsaken Maiden segue sendo surpreendentemente bonito. Há uma considerável reutilização de cartas do jogo anterior, sejam elas de itens, equipamentos, cenários, inimigos… Mas faz sentido, dado o orçamento mais limitado desse jogo e não é nada que realmente incomode. Dito isso, ele é diferente o suficiente no que importa (e ainda conta com sua própria trilha sonora espetacular) para torná-lo um jogo fortemente recomendado.

Assim, Voice of Cards: The Forsaken Maiden é o tipo de jogo que fãs de RPGs procurando por experiências mais curtas precisam estar sempre atentos. A história tem o tempero já esperado de outros títulos do Yoko Taro e entrega algo digno do nome do autor, além de contar com um combate que, apesar de se apoiar demais em RNG, é desafiante e divertido na medida certas.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Square Enix.

Veredito

Voice of Cards: The Forsaken Maiden é um ótimo RPG por turnos, com uma boa história a contar e sistemas de combate divertidos e desafiadores. Existem algumas limitações que o impedem de alcançar um outro patamar, mas o jogo faz tudo aquilo que se propõe com primazia.

80

Voice of Cards: The Forsaken Maiden

Fabricante: Square Enix

Plataforma: PS4

Gênero: RPG

Distribuidora: Square Enix

Lançamento: 16/02/2022

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

Voice of Cards: The Forsaken Maiden is a great turn-based RPG, with a good story to tell and fun and challenging combat systems. There are some limitations that prevent it from reaching another level, but the game does everything it sets out to do with excellence.