Vernal Edge – Review

Definitivamente, Vernal Edge é um jogo cheio de personalidade. A começar por sua protagonista Vernal, uma jovem determinada e sedenta por vingança contra seu pai, que a abandonou quando ainda estava na barriga de sua mãe. Além disso, Vernal Edge também é um metroidvania em arte pixelar que possui uma identidade própria. E mesmo que ainda apresente muitas características dos jogos do gênero, isso não o impede de buscar inspirações em jogos de ação 3D como, por exemplo, Devil May Cry e Bayonetta, para oferecer um combate intenso e cheio de alternativas.

A história se passa no Reino de Haricot, um lugar que há cerca de 20 anos emergiu aos céus, formando um misterioso arquipélago de ilhas flutuantes. Esse lugar já viveu seus momentos de glória, mas atualmente sofre com o governo autoritário da Igreja Aloe. Em meio a esse reino agora decadente, Vernal parte para uma jornada em busca dos segredos sobre seu passado, que podem levá-la ao paradeiro de seu pai. Vernal Edge é uma história sobre vingança, mas também relata o processo de surgimento do arquipélago flutuante e como isso impactou na vida de seus habitantes. A cada passo mais segredos vão sendo revelados, fazendo com que o jogador se interesse em continuar explorando cada vez mais seu mundo.

Vernal Edge(1)

Após passar pelo tutorial, você terá acesso à sua nave e poderá transitar livremente pelas ilhas que estarão disponíveis em uma área 3D. Essas ilhas funcionam como áreas isoladas e não há interligação entre os mapas. Isso transmite uma sensação de liberdade, já que o jogo não indica muito bem onde o objetivo principal está. Mas, por outro lado, também acaba deixando o jogador um pouco perdido.

Você terá que explorar melhor cada ilha para encontrar o caminho pela campanha e muitas vezes se verá obrigado a retornar para sua nave e partir para um novo objetivo, simplesmente por não encontrá-lo. Algumas dessas ilhas são apenas objetivos secundários, mas explorá-las vai sempre garantir novas habilidades, upgrades e magias.

A exploração com certeza é um dos pontos principais de Vernal Edge. Porém ela se mostrou um pouco confusa. Sempre que acessar uma nova ilha, você não terá seu mapa de imediato. Esse mapa deve ser encontrado no cenário e isso normalmente não é uma tarefa das mais simples.

Vernal Edge(2)

Mesmo me dedicando a explorar bastante, em algumas áreas sequer consegui encontrar o mapa correspondente, deixando uma dúvida se de fato tal mapa realmente existia. Isso até pode ser mitigado com uma habilidade específica, que mostra uma espécie de mini-mapa em sua tela. Mas, na ausência dessa habilidade, não possuir um mapa para orientação em alguns cenários acaba se tornando um empecilho. O tradicional backtracking também está muito presente e é uma das características mais importantes em Vernal Edge. Mas por essa falha no sistema de navegação, juntamente com a impossibilidade de adicionar marcadores nos mapas, acaba tornando-se um pouco frustrante ao longo do jogo.

O design dos cenários é excelente, variando entre cidades, cavernas, florestas, uma fortaleza, dentre tantos outros. Cada ilha conta com suas próprias características e a progressão pelos cenários se dá de forma gradativa, sempre apresentando novidades, contribuindo para que o jogo jamais se torne monótono ou fácil demais. A evolução pelos cenários conta com muitas sessões de plataforma, quebra cabeças, segredos para serem desvendados e até missões secundárias. Durante minha jornada por Vernal Edge fiz questão de aproveitá-lo ao máximo e, mesmo assim, as 12 horas que passei no jogo não foram suficientes para encontrar todos os seus segredos.

Vernal Edge(3)

Como dito anteriormente, o grande destaque de Vernal Edge está em seu combate. Armada com sua espada chamada lâmina de pulso, Vernal pode realizar uma série de ataques físicos. O ataque básico causa um bom dano e também vai servir para encher sua barra de pulso. Esse ataque básico pode ser usado como um ataque carregado para impactar na barra de postura dos inimigos. Essa barra, quando quebrada, os levará a um estado atordoado, deixando-os susceptíveis a um combo. Basicamente você pode brincar com os inimigos arremessando-os ao ar e tentando mantê-los neste estado o maior tempo possível. Com uma enorme variedade de habilidades e magias, é exatamente por oferecer um sistema de combos repleto de alternativas que Vernal Edge se torna diferenciado, além de muito divertido.

A barra de pulso é outro mecanismo importante do combate. Essa barra, quando preenchida, vai conceder a Vernal a possibilidade de realizar um ataque de pulso. Esse ataque, além de causar um dano considerável, também funciona como sua habilidade de cura. Como não há poções e nenhum outro tipo de consumível para recuperar vida, essa habilidade se torna fundamental para garantir uma sobrevida durante as lutas. Isso também acrescenta um pouco de desafio ao combate, já que Vernal fica vulnerável durante o ataque de pulso, ficando a cargo do jogador encontrar o melhor momento para arriscá-lo. O ataque de pulso também é capaz de percorrer uma distância bem maior que os ataques básicos, funcionando como uma ótima ferramenta para manter os inimigos em combos aéreos.

Vernal Edge(4)

Para aprimorar seu arsenal de habilidades, Vernal pode acessar um sistema de memórias, que serve não só para equipar novas habilidades, mas também variações das habilidades básicas. Essas memórias de combate podem ser adquiridas com mercadores e encontradas pelos cenários. Algumas dessas memórias incluem a habilidade de causar dano durante o dash, defletir ataques, retornar projéteis aos inimigo, dentre outras. Esse sistema possui uma capacidade máxima de pontos de memória que podem ser equipados, fazendo com que o jogador tenha que analisar quais habilidades melhor se enquadram em seu estilo de jogo. Essa capacidade pode ser aumentada através de pontos de memória espalhados pelos cenários, ou seja, a exploração também se torna importante para ampliar suas alternativas de combos e de habilidades.

Além de ataques físicos e de pulso, Vernal Edge também conta com um bom sistema de magias. No total, quatro magias podem ser equipadas ao mesmo tempo, novamente sendo importante analisar quais melhor se encaixam em sua maneira de jogar. Há magias para combate à distância, controle de grupos de inimigos e até uma magia capaz de manter os inimigos em situação de combo por mais tempo. Usar suas magias consome sua reserva de mana, então não é possível realizar esses ataques de forma desenfreada.

Vernal Edge(5)

Uma característica que não me agradou muito em Vernal Edge foi o posicionamento de pontos de controle. O jogo conta com uma quantidade relativamente baixa de checkpoints, fazendo com que seu retorno para uma batalha seja um pouco demorado em alguns casos. Isso acaba atrapalhando um pouco a exploração também, visto que o jogo não salva automaticamente ao coletar um novo item. Então se você morrer após encontrar algo importante, terá que refazer todo o trajeto para conseguir aquele item novamente.

Já o design dos inimigos é bom, mas não apresenta muita variação. Ainda assim, o combate oferece tantas possibilidades, que essa repetição de inimigos não será um problema a ponto de prejudicar o jogo. As lutas contra chefes são intensas e algumas delas me surpreenderam positivamente ao apresentarem um grau de dificuldade até um pouco acima do restante do jogo, mas que em nenhum momento pareceu desbalanceado.

Vernal Edge(6)

As sessões de plataforma em sua maioria não são das mais difíceis, mas apresentam uma ótima evolução ao longo da campanha. Em cenários onde não houver o mapa para orientação, algumas dessas sessões podem ser até um pouco frustrantes. Felizmente, talvez até por conta disso, cair em um buraco em Vernal Edge não resulta em morte imediata. Além disso, também há alguns quebra-cabeças espalhados pelos cenários. Boa parte desses quebra-cabeças são simples e servem apenas como objetivos secundários para obtenção de tesouros. Mas os quebra-cabeças relacionados à campanha são muito bem pensados e oferecem um bom nível de desafio, trazendo ainda mais variedade ao gameplay de Vernal Edge.

Vernal Edge(7)

Na parte gráfica Vernal Edge conta com uma pixelart e uma paleta de cores excelentes. Todo o design dos cenários, personagens e inimigos é muito bonito, com destaque para os panos de fundo dos cenários, que cumprem muito bem seu papel de passar a sensação do mundo misterioso que é o reino de Haricot. A trilha sonora não é tão empolgante e acaba ficando um pouco abaixo da qualidade apresentada em todo o jogo, mas ainda pode ser considerada de boa qualidade.

Em um mercado cada vez mais repleto de jogos metroidvania, alcançar um lugar de destaque não é algo muito fácil. Vernal Edge consegue isso ao apresentar uma história envolvente e um combate dos mais divertidos. E, por mais que o sistema de navegação possa apresentar alguns problemas, isso não tira de Vernal Edge seus méritos por ser um excelente jogo.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela PID Games.

Veredito

Com um combate cheio de alternativas, uma história intrigante e uma excelente ambientação, Vernal Edge não é apenas um jogo com sua identidade própria, mas também é muito especial. Com isso, ele merece um lugar de destaque na lista de desejos de qualquer fã de jogos metroidvania.

85

Vernal Edge

Fabricante: Hello Penguin Team

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: Metroidvania

Distribuidora: Plug In Digital

Lançamento: 14/03/2023

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (Inclusive Platina)

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Veredict

With combat full of possibilities, an intriguing story and an excellent environment, Vernal Edge is not only a game with its own identity, but it is also very special. With that, it deserves a top spot on any metroidvania fan’s wish list.