VED – Review

Por mais homogeneizados que os grandes jogos AAA tenham se tornado, é inegável que desenvolvedoras independentes têm se tornado uma importante e valorosa fonte de criatividade na indústria. Mesmo em meio a um mar de metroidvanias e roguelites, ainda é possível encontrar excelentes ideias, algumas melhor executadas do que outras, mas que ajudam a manter a inovação fluindo.

VED é um exemplo dessas boas ideias. Um RPG que, apesar de também beber com bastante gosto da fonte do roguelite, traz um estilo estético único, com um visual desenhado à mão que por si só o faz se destacar dos demais títulos existentes atualmente. Desenvolvido por um estúdio da Lituânia chamado Karaclan, ele busca entregar um mundo único dentro desse visual, cheio de muita magia e intriga.

O problema é que VED também é um exemplo de que só uma boa ideia é incapaz de sustentar um jogo. E os problemas começam a se mostrar desde o começo com sua narrativa. O jogador controla Cyrus, um jovem que repentinamente descobre ter habilidades mágicas de teleporte e logo se vê contratado para trabalhar em uma misteriosa empresa que abriga outros poderosos usuários de mágica.

VED

Muito do desenvolvimento da história depende das suas escolhas, com o jogo tendo uma abordagem bem não-linear. Então, a depender de onde você resolver ir e como decidir resolver cada situação, sua experiência será imensamente diferente. No entanto, uma constante será que você precisará aprender a dominar suas habilidades mágicas, enfrentar diferentes criaturas e entidades e, principalmente, encontrar uma forma de usar seus poderes para salvar o mundo.

Explorar esse mundo e visitar seus diferentes cenários, seja andando pela cidade de Micropolis, seja visitando o mundo mágico que existe em paralelo a sua realidade principal, é visualmente excepcional. Cada novo cenário e novo combate traz um cuidado bem legal com a experiência do jogador, misturando tanto a impressão de se estar vendo uma pintura em movimento quanto uma história em quadrinhos, já que as animações tendem a seguir uma estrutura de sequência de quadros ao invés de animar cada frame da ação do personagem. É um show próprio que agrada bastante.

Só que entender o que de fato está acontecendo enquanto você está explorando esses cenários é bem desafiador, já que VED é um dos títulos de pior escrita que eu joguei em muito tempo. Não só os diálogos não fazem qualquer sentido, mas não parece existir uma conexão entre os acontecimentos. Essa escrita pobre e desconexa passa a impressão de que as cenas estão sendo coladas aleatoriamente e não há um sentido no que você está vendo. Não há uma história que está sendo realmente contada, só pequenos acontecimentos soltos que o jogador precisará fazer malabarismos para conectar.

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Parte dos problemas do jogo nascem do simples fato de que o texto claramente precisava de uma edição. Há muitos diálogos expositivos que divagam por muito tempo, diálogos que ou se estendem demais ou acabam no meio do que estava sendo dito sem qualquer explicação. É difícil saber se os problemas surgiram na tradução de lituano para inglês ou se é do texto original, mas juntando isso a péssima dublagem que exacerba os problemas do roteiro e claramente algo deu muito errado no principal elemento de um RPG.

Durante a exploração do mundo mágico você irá frequentemente se ver em combate e, apesar de imensamente repetitivo, ele é funcional. As batalhas ocorrem por turno, com o jogador tendo controle só do protagonista. Os cenários são divididos em quatro quadrantes e, ao atacar em seu turno, você precisará escolher suas habilidades pré-determinadas no menu para aquele quadrante.

Isso se dá porque cada ataque irá te mover ou para esquerda ou para a direita e isso influencia coisas como a precisão dos seus ataques contra seus inimigos, geralmente monstros que ocupam diferentes espaços na tela. Isso traz um elemento de estratégia para a construção do seu personagem e, pela quantidade limitada de habilidades que podem ser equipada para cada quadrante, faz com que você precise pensar bem como irá conduzir a progressão do seu personagem.

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Algumas batalhas e eventos especiais fogem desse sistema de combate e te fazem escolher suas ações como se um mestre de RPG estivesse te narrando os fatos e sua execução depende do nível das suas estatísticas e o rolar de um dado. Alguns desses eventos irão melhorar o seu personagem e é um sistema bem legal, mesmo que um pouco mais raro.

Como todo bom roguelite, aqui você poderá melhorar seu personagem com alguns upgrades permanentes. Para tal é necessário usar energia, algo que é ganho principalmente por combate. Ao iniciar uma batalha, você pode escolher buffs ou debuffs para os seus inimigos que influenciam se você irá ganhar mais ou menos energia. As melhorias em si são adquiridas em uma pequena vila de trogloditas que funciona como o hub central do jogo.

Dito isso, VED até se esforça para entregar um bom jogo, mas salvo pelo excepcional visual e alguns momentos legais no combate, é um título bem fraco e que tende a acabar caindo no esquecimento, por mais que não merecesse. O conceito por trás do mundo em si é muito bom, então talvez seja necessário uma futura tentativa para executar as ideias dos desenvolvedores, mas, apesar de muito bonito, não há nada que prenda o jogador ou justifique investir seu tempo nele.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Karaclan.

Veredito

VED entrega um belo visual, mas pouco mais do que isso. Apesar do combate funcional, a narrativa é excepcionalmente confusa e ruim. E, com isso, consegue fazer com que o título se perca totalmente.

50

VED

Fabricante: Karaclan

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: RPG

Distribuidora: Fulqrum Publishing

Lançamento: 14/11/2024

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

VED delivers beautiful visuals. Despite the functional combat, the narrative is exceptionally confusing and bad. And, with that, it manages to make the title not reach its potential.