Valkyrie Profile é uma série que começou no PS1 e possui seus fãs desde então, devido à ótima qualidade do game. A sua sequência, Valkyrie Profile 2: Silmeria no PS2, manteve um bom nível de qualidade. Valkyrie Profile: Covenant of the Plume é um jogo mais esquecido pois foi lançado no Nintendo DS e teve seu gênero alterado para um RPG tático. Desde então, a série hiberna, sendo que tivemos um jogo mobile Valkyrie Anatomia que não teve o sucesso esperado pela Square Enix. Com isso, chegamos a Valkyrie Elysium.
Primeiramente, é preciso entender que, apesar de fazer parte da série, Valkyrie Elysium não é um Valkyrie Profile. Não temos aqui um RPG nos moldes tradicionais (por turnos, por exemplo). Trata-se de um jogo de ação com uma camada de RPG por cima.
Valkyrie Elysium é um RPG de ação desenvolvido pela Soleil, conhecida principalmente por Naruto to Boruto: Shinobi Striker. Como dito, é um novo jogo da série Valkyrie, mas totalmente independente. Inclusive, você pode aproveitá-lo sem ter o mínimo de conhecimento dos outros jogos.
A história começa com a Valquíria nascendo nas mãos de Odin. Após um breve tutorial, você tem a missão de salvar almas para Odin, a fim de evitar que o Ragnarok aconteça. No enredo do game, há uma luta entre Odin e Fenrir acontecendo. Após cada missão concluída, você reporta a Odin o que ocorreu e já parte para a próxima.
No fim, a história de Valkyrie Elysium é bastante rasa do começo ao fim. Não vamos estragar a sua surpresa, obviamente, mas não espere nada surpreendente ou profundo. Na verdade, as histórias dos Einherjar (almas que seguem a Valquíria como guerreiros) são mais desenvolvidas que todo o restante do jogo, para se ter ideia.
Valkyrie Elysium não é um jogo de mundo aberto. O título é separado por missões, inclusive com um sistema de rank (uma nota dada por sua perfomance). Ao longo de sua jornada pelos nove capítulos principais, você pode encontrar missões paralelas que ficam ativas no menu de selecionar as quests. Essas missões são simples: normalmente você parte de um ponto do mapa e deve chegar ao outro para coletar algo.
Um dos problemas de Valkyrie Elysium é a sua variedade de cenários. Basicamente, dois capítulos do game acontecem em uma região, totalizando cinco ambientes diferentes. Se você jogou a demo e esperava um pouco de variedade nesse sentido, pode acabar se decepcionando.
Além disso, Valkyrie Elysium é bastante curto. A campanha leva em torno de 10 a 15 horas para ser concluída jogando na dificuldade padrão. No difícil pode levar um pouco mais de tempo, mas não espere algo impossível. As missões paralelas aumentam a vida útil do jogo, assim como os diferentes finais, mas não há um New Game+ e os colecionáveis são muito fáceis de serem encontrados (o mapa indica a localização de todos eles). Obter rank S em todas as missões pode ser algo desafiador em dificuldades mais altas, também.
Onde Valkyrie Elysium brilha é no seu sistema de combate. Gostoso de jogar por toda a campanha, ele é formado basicamente por três pilares: magia, Einherjar e golpes físicos – tudo isso sempre atrelado a elementos como fogo e gelo.
Quadrado serve para desferir os ataques mais fracos e rápidos, enquanto que triângulo realiza os mais fortes e lentos. Existem combos que alternam entre esses dois botões e que inclusive são destravados conforme você fortalece sua personagem. X pula e O desvia.
R1 possui a função básica de invocar almas (os summons, chamados aqui de Einherjar). Segure R1 e pressione um botão – dependendo do botão, uma alma virá ajudá-lo e atacará os inimigos como um NPC. É basicamente a ideia de uma party, mas a seu comando e quando quiser que apareça. O R2 abre um leque para as magias da própria Valquíria, que são ativadas da mesma forma (segure R2 e pressione um dos botões principais do controle). Tanto as magias quanto as almas invocadas gastam barras específicas e possuem elementos atrelados a elas que devem ser usados contra as fraquezas de cada inimigo. Com o D-Pad você pode acessar rapidamente suas poções ou elixires e também trocar de arma.
O R3 permite que você mire facilmente no inimigo mais próximo (e troque colocando para o lado no analógico). Pressionar L2 ativa uma espécie de gancho/teletransporte que pode ser usado tanto em pontos específicos do cenário quanto no combate para se aproximar dos inimigos. Já L1 é uma defesa básica.
As armas variam bastante em seus golpes e, portanto, você deve usar aquelas que mais o agradam. As armas físicas causam danos elementais também, sendo que você precisa chamar um Einherjar para que o seu tipo elemental fique atrelado à sua espada. Se mais de um for chamado de forma simultânea, o jogo contará para o último, mas você pode mudar isso manualmente.
Você precisa gastar pontos e gemas para aprimorar a Valquíria e isso é destravado através de uma Skill Tree ramificada em ataque, defesa e magia. As gemas são coletadas derrotando inimigos e em baús, por exemplo, sendo que há de diferentes cores e raridades. Além dos mencionados combos, evoluir a Valquíria oferece coisas como mais vida, mais magia e até ações úteis como um pulo duplo ou esquiva dupla. As armas citadas anteriormente também precisam ser evoluídas para termos novos combos delas e os mesmos tipos de materiais são necessários. No entanto, ao contrário da Valquíria em si, você só pode evoluir as armas em Save Points.
Em relação à sua parte técnica, Valkyrie Elysium apresenta gráficos muito simples na maior parte do jogo. A taxa de quadros no PS5 é basicamente fixa em 60, porém há quedas quando muita coisa acontece na tela ao mesmo tempo, principalmente no último capítulo e se você decide chamar os quatro Einherjar de uma só vez.
O modelo dos personagens não chega a ser ruim, mas o cenário – exceto um ou outro ponto – é bem simples. A sincronização labial em inglês, inclusive, é péssima. Inúmeras vezes você notará que o personagem está falando e o seu lábio nem está mexendo.
Surpreendentemente, Valkyrie Elysium possui legendas em português do Brasil. O trabalho de localização foi bom com basicamente nenhuma observação a ser feita. Porém, para quem sabe inglês e for deixar o áudio dessa forma, notará que os personagens não falam exatamente o que está no texto em algumas situações, apesar de no fim ser a “mesma coisa”. Talvez tenha sido alterações feitas pelos desenvolvedores na hora de gravar os diálogos e que não foram repassados aos tradutores? De qualquer forma, é algo que pode incomodar os mais puristas.
Por fim, a trilha sonora é ótima, mas considerando os trabalhos anteriores de Motoi Sakuraba, honestamente esperava algumas músicas mais marcantes.
Valkyrie Elysium é, no fundo, um jogo de ação. O RPG existe nessa parte do combate de dano elemental, Einherjar e evolução de personagem. Mas não há uma história profunda, cidades, lojas, NPCs (exceto alguns que dão ou fazem parte das missões secundárias) e assim por diante.
Por conta disso, gostar de Valkyrie Elysium depende de suas expectativas. Não espere por um RPG profundo com uma história envolvente, mas sim por um título de ação com um ótimo sistema de combate.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Square Enix.
Veredito
Valkyrie Elysium possui um sistema de combate muito bom e uma ótima trilha sonora. No entanto, sua história é rasa, sua campanha é curta e os gráficos deixam a desejar.
Veredict
Valkyrie Elysium has a very good combat system and a great soundtrack. However, its story is shallow, its campaign is short, and the graphics are bad.