Utawarerumono: Mask of Deception – Review

Utawarerumono: Mask of Deception é o segundo jogo de uma trilogia de visual novels com elementos de RPG de estratégia, desenvolvida pela Aquaplus e agora sendo distribuída no Ocidente pela Atlus USA. O jogo conta com versões para o PlayStation 4 e PlayStation Vita.

O jogo acompanha a história do Haku, protagonista que acorda com amnésia nas montanhas congeladas de Yamato e é resgatado dos monstros selvagens que ali habitam por Kuon, uma apotecária de outra nação que estava visitando e conhecendo o país. Após ser resgatado, Haku e Kuon decidem ir até a cidade mais perto e, dali para frente, conhecem novas pessoas, decidem ficar na capital de Yamato e acabam se envolvendo nas tramas políticas e no futuro da nação.

A história começa com um espectro pequeno, com os dois protagonistas tentando sobreviver de alguns monstros das montanhas, e ganha uma repercussão enorme, chegando a pontos inimagináveis para personagens que até então eram irrelevantes para a nação em que se encontram. Haku e Kuon acabam se revelando muito mais que apenas dois personagens tentando ganhar a vida na capital da nação em que a história se passa.

Como está na descrição, o jogo é primeiramente uma visual novel. 80% do tempo é composto de história e interações entre os personagens, tecendo a narrativa pedaço por pedaço, construindo o quadro maior em que o jogo irá caminhar até o final desta segunda parte. Os desenvolvedores fizeram um ótimo trabalho, tanto de começar o jogo num ponto pequeno e construir a narrativa até chegar no futuro de Yamato, como em criar interações divertidas entre os personagens, fazendo com o jogador entenda suas ambições e motivações por trás de suas ações.

No entanto, 20% do jogo é composto por combate de estratégia em estilo RPG. Desde monstros até soldados, os personagens precisarão se defender e enfrentar missões específicas durante o jogo. Estas missões são feitas em um mapa no qual o jogador posiciona seus personagens por turno, desenvolvendo estratégias para derrotar cada inimigo diferente, sempre pensando no objetivo da missão. Personagens diferentes possuem papeis diferentes em batalha, sendo alguns arqueiros, outros espadachins, até mesmo magos e outros especializados em cura. O jogo faz um bom papel em dar habilidades bem diferentes para cada personagem, sendo que cada um pode contribuir de várias maneiras no combate.

O balanço entre os 80% de história e 20% de combate funciona bem, de forma que muitos jogadores evitariam um jogo em que seria 100% história, mas também atraindo aqueles que gostam de uma narrativa bem desenvolvida com uma história engajante. Meu único problema é que essa proporção não é bem distribuída, com momentos em que se passam seis horas de história, para então chegar em uma batalha de 20 minutos, seguido de outro segmento de história de 20 minutos, e após isso mais uma batalha.

Conforme dito na introdução, este jogo é a segunda parte de uma trilogia, cuja terceira parte será lançada para as mesmas plataformas em alguns meses. A primeira parte, porém, foi lançada para PlayStation 2 e posteriormente para o PlayStation Portable há muitos anos atrás, nunca sendo lançado no Ocidente. Utawarerumono: Mask of Deception faz um bom trabalho em começar uma “nova” história em outra nação, muitos anos depois dos acontecimentos do primeiro jogo, porém personagens e até mesmo as tramas se entrelaçam depois de um certo ponto. Existe a adaptação em anime do primeiro jogo, que eu considero uma boa preparação para aqueles que quiserem se preparar para vivenciar a trilogia por completo.

A arte do jogo é um dos destaques, que traz um traço bem oriental de animação japonesa, mas também se diferenciando de todos os outros jogos. A caracterização dos personagens é fantástica, tendo personagens de todas as personalidades diferentes, com traços de atitude que os diferenciam uns dos outros. A trilha sonora também é outro destaque, trazendo trilhas com uma sensação bem oriental, até mesmo atraente em alguns momentos. O jogo é inteiramente dublado em japonês, inclusive os monólogos internos do protagonista.

No geral, o jogo peca muito pouco. A arte é fantástica, a trilha sonora é única, os personagens são muito bem desenvolvidos e a história consegue alcançar níveis completamente inesperados, construindo sempre uma narrativa lógica que faz com que o jogador se prenda do começo ao fim, podendo ir de 30 a 50 horas apenas para completar a história, sem contar com as batalhas extras após o jogo. Esta é, com toda certeza, a maior e melhor surpresa que 2017 trouxe até o momento. Para os jogadores que decidirem investir seu tempo e dedicação neste jogo, podem ter certeza que a espera pela terceira e última parte será excruciante e recompensadora.

Jogo analisado com código fornecido pela Atlus USA.