Os Heróis de Trine estão de volta no mais novo lançamento da Frozenbyte. Difícil acreditar, mas já se passaram 14 anos desde que o primeiro Trine chegou ao PlayStation 3 e deu origem a essa peculiar série de jogos de aventura repleta de fantasia e magia que, como qualquer outra franquia, já teve seus altos e baixos.
Os fãs vão ficar satisfeitos em saber que Trine 5: A Clockwork Conspiracy é mais uma jogada certeira. O jogo toma seu antecessor, The Nightmare Prince, como fundação e traz novos e vibrantes mundos repletos de puzzles baseados em física e de armadilhas, mantendo o tradicional formato de plataforma em 2D com progressão lateral que conquistou os jogadores.
A história começa com cada um dos três protagonistas recebendo convites de uma misteriosa Lady Sunshine para uma grande celebração dos feitios históricos do grupo, mas, ao chegar na suposta celebração a dúvida toma conta quando eles não encontram convidados no local. Não apenas eles caem numa armadilha de Lady Sunshine, mas são manipulados por um de seus asseclas e são enquadrados como os grandes vilões do reino.
Com a remoção dos heróis da cena, Lady Sunshine e seu exército de guerreiros mecanizados podem assumir controle total da situação. O trio não apenas deve escapar do calabouço onde são enclausurados, mas também precisa convencer outras figuras influentes a ajudar a provar sua inocência e, assim, expôr as reais intenções de Lady Sunshine.
O pilar central da jogabilidade de Trine permanece inalterado. Ou seja, você assume controle simultâneo dos três protagonistas, sendo eles a ladra Zoya, o cavaleiro Pontius, e o feiticeiro Amadeus. O carisma desse trio se destaca nas interações casuais no decorrer das fases e nas animações que desdobram a história, realçando traços como a ingenuidade e boa-vontade de Pontius, a insegurança e receio de Amadeus, e o sarcasmo e malandragem de Zoya.
Não apenas isso, mas os personagens contam com conjuntos próprios de habilidades e cada um deles desempenha um papel importante no decorrer do jogo. É necessário observar os elementos presentes em cada área para formular uma solução para o puzzle, normalmente combinando diferentes habilidades dos personagens, para assim poder avançar para a próxima área.
Pontius é a escolha certa para combate, mas não se limita a isso, podendo rebater ou redirecionar elementos com seu escudo ou correr contra objetos pesados para derrubar paredes danificadas. Suas mecânicas novas incluem a possibilidade de fixar sua espada em paredes rígidas para que os heróis a usem como plataforma, bem como criar uma cópia etérea de si próprio que pode replicar seus movimentos.
Zoya, munida com arco-e-flecha e cordas, é a melhor opção para navegar os ambientes, já que sua corda permite que ela balance por ganchos com rapidez e também a use para içar objetos ou encontrar áreas secretas. No decorrer da campanha, além de flechas elementais e flechas que ricocheteiam de paredes, ela recebe a habilidade de se teleportar para a ponta extrema da corda.
E, por fim, temos Amadeus, que ainda não aprendeu a conjurar bolas de fogo, mas ainda sabe muito bem como usar técnicas de levitação de objetos. Conjurar caixas, pranchas e esferas é indispensável para muitos dos puzzles, mas também são extremamente úteis para criar plataformas seguras para que os heróis atravessem armadilhas.
São as incontáveis interações entre essas diferentes habilidades que expressam a engenhosidade por trás da série. Em um exemplo hipotético, numa partida cooperativa, você pode arremessar a espada de Pontius contra uma parede acima de um penhasco, e conjurar uma caixa com Amadeus em sua posição atual. Zoya, então, fica com a atribuição de prender uma corda tanto na espada como na caixa, formando assim uma ponte improvisada para que todos os heróis possam atravessar em segurança. Jogando sozinho, basta fazer com que um dos heróis consiga alcançar o outro lado.
As possibilidades são inúmeras, e resolver cada puzzle sempre desperta uma sensação agradável de progresso. É seguro dizer que essa sistemática de puzzles é o coração da franquia e ainda é capaz de fazer os veteranos pararem por alguns momentos para analisar e tentar diferentes soluções até encontrar a correta. E, curiosamente, não existe apenas uma solução, o que nos leva ao próximo ponto.
Você pode, sim, aproveitar o jogo em sua totalidade jogando sozinho, mas outro grande apelo do jogo é seu modo cooperativo, tanto local como online. Existem duas variações: a Clássica e a Ilimitada. A chamada Clássica oferece suporte para até três jogadores mas cada qual deve controlar um personagem diferente, não podendo haver dois iguais simultaneamente (exceto em áreas específicas para cada herói). Já na Ilimitada, quatro jogadores são livres para escolher qualquer personagem a qualquer momento, o que abre — e muito — o leque de opções.
Ambos os modos são excelentes e vão certamente garantir boas risadas enquanto você e seus amigos experimentam diferentes combinações para tentar resolver cada puzzle. Conforme os personagens avançam na história e recebem habilidades adicionais, a sensação que fica é que você tem ferramentas demais a seu dispôr mas, felizmente, você não fica limitado a encontrar apenas aquela que os desenvolvedores tinham em mente.
No modo cooperativo, é comum a impressão de “quebrar” o jogo e resolver a situação de uma forma inconvencional, seja burlando a física do jogo ou usando quaisquer recursos disponíveis naquele momento quando a verdadeira solução, talvez, possa ser algo muito mais simples e elegante. E, contrariando a lógica, isso parece agregar ao jogo ao invés de gerar uma impressão negativa.
É necessário citar que o sistema de combate permanece absurdamente simples, mas a quantidade de encontros com inimigos parece ter sido reduzida em comparação aos jogos anteriores. Menos frequentes, mas mais intensos. De forma geral, cabe ao jogador controlando Pontius partir para ofensiva, enquanto Zoya e Amadeus tentam improvisar formas de suporte. Felizmente os chefes são mais metódicos, inserindo um pequeno aspecto de puzzle na estratégia necessária para que sejam derrotados.
Esteticamente, tanto na versão para PlayStation 4 como para PlayStation 5, o jogo é belíssimo e flui suavemente. Os cenários são únicos, com cores vibrantes e ambientes fabulosos, o que torna a mera navegação um deleite por si. Adicione a isso uma trilha sonora mágica e o já citado carisma dos protagonistas acompanhado por excelentes dublagens e você tem uma fórmula de sucesso. Ainda não temos vozes em português brasileiro, mas posso afirmar que a localização em legendas para nosso idioma está ótima.
Entretanto, alguns dos problemas que assolam a franquia desde seus primórdios ainda persistem. Notavelmente no cooperativo online, a física parece ser gravemente afetada. Em nossas sessões, era comum ver caixas e pranchas sendo arremessadas aleatoriamente pelo cenário, plataformas móveis caindo para dentro do chão e coisas assim. Como o jogo se baseia em puzzles de física, esse problema só não é maior pois é facilmente contornado; poucas foram as vezes em que precisamos retornar ao mapa para recarregar o último checkpoint — que felizmente são bem frequentes e generosos.
Outra situação que encontramos foi uma ausência total dos diálogos para o hospedeiro da sessão (que estava jogando num PS4). Por qualquer motivo, não havia legendas e nem vozes, apenas a animação com os personagens conversando em silêncio absoluto, exceto pela música de fundo. Não conseguimos identificar a causa e tampouco encontrar uma solução, então assumimos que alguma coisa naquele save em específico se corrompeu.
Por se tratar do quinto jogo de uma série, isso pode afugentar novatos, mas caso você não tenha jogado qualquer Trine até este momento, saiba que esse é um bom ponto para ingressar nesse universo. Não apenas isso, mas é provável que o jogo te conquiste e desperte o interesse em conferir os demais jogos da franquia. E, por outro lado, se você já faz parte da audiência cativa, sabe exatamente o que esperar.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela THQ Nordic.
Veredito
Trine 5: A Clockwork Conspiracy é amplamente mais do mesmo e o adoramos justamente por isso. Jogadores bem familiarizados com as aventuras de Zoya, Pontius e Amadeus sabem exatamente o que esperar e certamente sairão satisfeitos. Para quem não conhece, eis a chance de embarcar num mundo mágico e repleto de puzzles. A experiência é ainda melhor quando compartilhada com amigos, seja no cooperativo local ou online.
Veredict
Trine 5: A Clockwork Conspiracy is more of the same, and we love it exactly for that reason. Players who are familiar with the adventures of Zoya, Pontius and Amadeus know exactly what to expect and will certainly leave satisfied. And for players who aren’t, this is an opportunity to embark on a magical world filled with puzzles. The experience is even better when shared with friends, either in local or online co-op.