Em 1997, a franquia Touhou, também chamada de “Touhou Project”, nascia pelas mãos de ZUN, um desenvolvedor independente no Japão, que ali começava um dos mais conhecidos universos indie de cultura japonesa, envolvendo jogos, animações e tudo mais que permeia o cenário cultural do Japão.
Apesar de ter desenvolvido quase 20 jogos por si, existem inúmeros outros com o nome e personagens da série, já que apesar de não ser domínio público, ZUN permite que desenvolvedores lancem jogos no universo, fazendo com que com cada vez mais frequência, encontremos jogos “Touhou” em consoles.
Esse é o caso de Touhou Luna Nights, um metroidvania lançado originalmente para PC em 2019, chegando posteriormente para outros consoles, e só agora em 2024 desembarcando nos consoles PlayStation, com versões para PlayStation 4 e PlayStation 5.
O jogo foi desenvolvido pela Team Ladybug, uma pequena equipe, porém extremamente competente, que tem em seu catálogo outros jogos como DRAINUS e Record of Lodoss War: Deedlit in Wonder Labyrinth, este último também sendo outro metroidvania e analisado pelo site em 2021, e publicado pela Playism, que está trazendo alguns jogos antigos do seu catálogo para novos consoles nestes últimos meses.
A história de Touhou Luna Nights não requer conhecimento prévio do universo Touhou, e também não tem muito destaque no jogo, levando em consideração o gênero. O jogador controla Sakuya, empregada de Remilia Scarlet, que é transportada para um universo paralelo que muito se assemelha à mansão na qual trabalha, sem seus poderes, e precisa encontrar uma forma de voltar ao mundo real.
Durante o jogo, Sakuya encontrará personagens conhecidos do universo, precisando enfrentá-los e superá-los como obstáculos postos em seu caminho por sua própria chefe. É nessa exploração da mansão e combate com rostos familiares que Touhou Luna Nights se desenrola.
Agora para a essência do jogo, sendo ele um metroidvania, a jogabilidade. No controle de Sakuya, o jogador tem acesso a comandos simples, como pulo e ataque, assim como uma dinâmica muito interessante, ainda que não exatamente original, que é a de parar o tempo dentro do jogo por alguns segundos, permitindo fugir de inimigos, ou mesmo acumular ataques contra eles que darão dano quando o tempo voltar a fluir.
A dinâmica de parar o tempo se aproxima muito a outra mecânica, esta mais conhecida de quem conhece o universo Touhou: quando você se aproxima muito perto de inimigos ou chefes, em Touhou Luna Nights você recupera HP ou mesmo MP, dependendo do momento. Chegar perto dos inimigos com o tempo fluindo recupera seu HP, apesar de ser bastante arriscado já que contato direto com eles dá dano, enquanto se aproximar deles com o tempo parado recupera MP.
Então são três os parâmetros no controle do jogador para sobreviver e derrotar todas as ameaças dentro do jogo: HP, MP e tempo. HP se recupera chegando perto de inimigos com o tempo fluindo ou nos terminais de energia, MP se recupera chegando perto de inimigos com o tempo parado, recuperando as facas que utiliza para atacar ou nos mesmos terminais, e tempo se recupera sozinho quando não está sendo utilizado.
Algo que me desorientou um pouco no início do jogo é que todos os ataques, inclusive o ataque normal, gastam MP, logo você está sempre drenando esse recurso, fazendo com que o jogador precise engajar diretamente com a mecânica do tempo para conseguir progredir no jogo. Depois que se pega o jeito, é algo que não se passa mais pela cabeça e flui naturalmente da jogabilidade.
A exploração é bastante familiar para jogadores do gênero, com cenários isolados em que se atravessam em um mapa grande, separado em algumas áreas, com direito a teletransporte em portais, além de encontrar upgrades durante sua jornada, seja em plena vista, ou escondidos atrás de paredes falsas que se revelam quando são atacadas.
A disposição de inimigos, desafios de plataforma, ou mesmo dinâmicas de puzzles que envolvam o uso do tempo, são todas muito bem afinadas, que aos poucos vão ficando mais complexas e difíceis, permitindo ao jogador mais familiaridade com os controles e com o sentido do jogo.
Os cenários são variados e mudam a certo ponto quando se troca de área, mas um pouco mais de variedade seria bem-vinda, ainda que na lógica do jogo, tudo esteja se passando dentro de uma mansão. Dito isso, a exploração fica bastante interessante ao final do jogo, o que alivia um pouco essa sensação de menor variedade de cenários.
O jogo é completamente em 2D, usando sprites para inimigos, chefes, cenários e inclusive pelo personagem. O nível de detalhe, principalmente próximo do final do jogo, é bastante impressionante, ainda mais levando em conta que este foi o primeiro jogo comercial da desenvolvedora e que foi originalmente lançado cinco anos atrás.
Quanto a trilha sonora, apesar de ter pouca familiaridade com o universo, são trilhas que evocam sons conhecidos para fãs da franquia, e que acertam o tom entre não tirar a atenção da jogabilidade, mas também conseguem somar à exploração. Não existe qualquer dublagem no jogo ou mesmo suporte ao português brasileiro como idioma.
Variando de 5 a 10 horas de jogo, contando com uma área extra e chefe secreto após terminar a história principal, Touhou Luna Nights é um daqueles metroidvanias em que é fácil perder o controle da hora e passar horas e horas a fio jogando. Assim como Record of Lodoss War: Deedlit in Wonder Labyrinth, Touhou Luna Nights é uma recomendação imperdível para fãs do gênero.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Playism.
Veredito
Um metroidvania de respeito, Touhou Luna Nights traz jogabilidade, exploração e combate com a roupagem do universo Touhou para todos os fãs do gênero.
Veredict
A very respectable metroidvania, Touhou Luna Nights brings gameplay, exploration and combat, within the Touhou universe, to all fans of the genre.