Torn Away – Review

O que fazer quando um grande acontecimento grande do mundo que está fora de seu controle afeta diretamente sua vida? Torn Away conta a história de uma menina russa, Asya, que tem sua vida completamente transformada por conta da Segunda Guerra Mundial. Melhor dizendo, teve sua infância arrancada antes da hora e se vê forçada a crescer e a enxergar o mundo de outra para conseguir sobreviver.

Vivendo em Stallingard, Asya ainda tem sonhos ruins ao lembrar do dia em que seu pai foi convocado para lutar na guerra. Apesar de sentir muita falta do pai, ela segue tendo uma vida simples em sua casa com sua mãe. O jogo começa com ela acordando desse sonho e sendo consolada por seus brinquedos (que são seus amigos) e assim decide fazer uma surpresa para sua mãe quando retornasse para casa. Conforme você vai preparando as coisas para recepcioná-la, vai se ambientando com sua história e também com o que está acontecendo no mundo a sua volta no momento. Tudo parece correr tudo bem quando ao término de finalizar suas coisas você escuta o alerta de sirenes e de repente sua cidade está sendo bombardeada. Então Asya, sua mãe e outros sobreviventes são levados para  campos de trabalho da guerra na Alemanha. A história de Torn Away então se desenvolve a partir dessa jornada de Asya tentando sobreviver em um ambiente de guerra.

Torn Away é uma história interativa entregue como um jogo de aventura majoritariamente em um formato side scrolling, mas que também utiliza de momentos em primeira pessoa e alguns elementos de quebra-cabeça para contar sua narrativa de uma forma um pouco diferente. Não é um título que vai te convencer por conta de seu gameplay. Andar linearmente chega a ser exaustivo em alguns pontos quando as ações seguem sendo as mesmas (pular, empurrar algo, abaixar). Quando temos já um ambiente onde também é possível andar com profundidade, as poucas ações se resumem a encontrar ou levar objetos de um ponto ao outro, com comandos simples e sem muita dificuldade. Os momentos em primeira pessoa são rápidos e servem apenas para dar uma certa tensão ao momento. Como disse, é tudo muito simples – algumas vezes até falho – e esse não é o foco aqui. O foco é a profundidade da história.

Sem querer aprofundar mais nos detalhes para não estragar qualquer coisa, digo que Torn Away traz uma história profunda e intensa de uma visão da guerra que muitos podem não conhecer, em especial quando mostrada nos olhos de uma criança. Alguns momentos são bem crus, fortes e emocionantes. O tipo de arte utilizado no título pode não parecer dos mais atrativos no começo, mas com o tempo você percebe que a forma como foi feito ajuda a deixar o tom um pouco mais “pesado” em alguns momentos. Considerando que este é um título recente e mesmo que esteja referenciando algo do passado, é impossível não fazer relações com o que outras Aryas podem estar vivendo neste exato momento em alguns dos diversos conflitos que estão correndo no mundo.

O jogo é localizado em português através das legendas. Para áudio, existem as opções de escutar em russo (original) ou em inglês. Apesar da dublagem em inglês estar boa, recomendo fortemente que passe por essa experiência escutando no idioma original. Torna a experiência mais forte. O trabalho de sons no geral é simples como todo o título, porém também funciona muito bem para o que quer ser entregue como resultado final.

Apesar de pecar um pouco no gameplay ser simples demais, Torn Away te prende por conta da narrativa forte. São aproximadamente cinco horas tensas de uma história que precisava ser contada. Uma experiência que pode não ser para muitos por conta da intensidade e tópicos sensíveis, mas que devia ser conhecida por todos para talvez, em algum momento, termos um pouco mais de sensibilidade e empatia pelos outros.

Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela Fun Games.