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The Tomorrow Children: Phoenix Edition – Review

Marcado por uma trajetória incomum, The Tomorrow Children volta ao PlayStation 4 como um novo produto, sem amarras ao modelo “free to play”. O subtítulo de Phoenix Edition não é a toa, afinal, o jogo da Q-Games (notória pela série Pixel Junk e Star Fox) retorna do vale dos mortos após cerca de cinco anos do desligamento do jogo original, em 2017.

A distinção mais significativa na nova versão é a ausência de microtransações, proporcionando um produto em que, por boa parte, o conteúdo precisa ser destravado in-game, por meio do esforço do jogador. Na edição original, por exemplo, os freeman dollars, uma importante moeda do game, era bastante escassa, estimulando a compra da mesma com dinheiro real. E como se trata de um jogo de exploração e construção comunitária, com ênfase em coop, toda a proposta do jogo fica mais divertida e gratificante, quando o progresso é resultado apenas do esforço dos jogadores.

Conforme apontado acima, The Tomorrow Children é um jogo de ação, exploração e construção, que traz como diferencial um sistema colaborativo entre jogadores online. Por meio de um experimento que deu errado, boa parte da humanidade desapareceu e criou-se o Void, um espaço vazio onde ainda é possível encontrar resquícios da civilização humana. Então, utilizando-se de clones de projeção, que são os bonecos controláveis do game, o objetivo do jogador é restaurar toda a glória da civilização humana, sob o comando de um líder socialista.

A primeira impressão que o jogo da Q-Games transmite, seja por sua estética ou por seu formato de gameplay, é de recriar um experimento socialista. Vários elementos de The Tomorrow Children remetem à União Soviética, contudo, o fator ficção predomina, devido às estruturas e monstros que existem no Void.

Diante desse mundo estranho e atípico, o jogador tem como principal objetivo prosperar sua cidade e atrair novos habitantes. Deste modo, o ciclo do jogo se resume no seguinte: sair da vila para explorar, construir habitações e outros estabelecimentos com os recursos coletados, trazer novos moradores para as residências construídas e assim em diante, procurando manter sempre esse ciclo de prosperidade.

Ao chegar na cidade, o primeiro passo é sair em direção às ilhas. Ilhas são espaços formados na vastidão do Void, cujo propósito é ser explorado. Nestes locais, o jogador poderá encontrar minérios, comida, madeira, tesouros com itens diversos e as bonecas matrioska (ou bonecas russas). Tais bonecas devem ser levadas até o vilarejo para então serem transformadas em humanos.

Ao atingir uma determinada meta de moradores, o administrador libera novos estabelecimentos e itens para que o jogador possa construir e utilizar. Tais itens geralmente são ferramentas que facilitam a exploração, como jetpacks, pás especiais, escadas, etc. Já as novas construções para a vila podem ser desde lojinhas, como estações de polícia, armamento para conter ameaças, entre diversos outros. Neste quesito, The Tomorrow Children entrega bastante diversidade de assets. Há muitas coisas a se construir, no entanto, The Tomorrow Children aborrece o jogador de forma constante exigindo a resolução de puzzles chatos e repetitivos para se produzir estabelecimentos no vilarejo.

Há também uma boa variedade de ilhas (mais de 40), o que proporciona uma adequada longevidade a este gênero. Usualmente cada ilha está associada a um tema ou objetos da vida real, como, por exemplo, uma grande TV ou vários pedacinhos de terra em formatos de sushi. Se há algo incontestável sobre The Tomorrow Children, é sua criatividade e sua estética inusitada.

Com o passar do tempo e aumento da população, a cidade se torna mais suscetível à ameaças. Monstros que surgem no horizonte do Void podem ser vistos à distância e o jogador precisa se preparar para conter os ataques. A negligência deste cuidado pode resultar em construções destruídas, exigindo materiais e reparos, para que então possa voltar ao funcionamento. Portanto, além de todo o aspecto de exploração, The Tomorrow Children traz em seu DNA um pouco do gênero Tower Defense.

O ponto mais alto da diversão no jogo da Q-Games é quando o modo cooperativo está em vigor. De forma resumida, cada jogador possui sua cidade e esta funciona como um lobby para visita de outros “camaradas”. Os jogadores podem visitar a sua comunidade e ajudar tanto na construção, como na exploração. Todavia, não é uma integração multiplayer plena, de forma que só podemos ver os outros jogadores agindo por pequenos momentos, até eles desaparecerem. É um formato que lembra os fantasmas ou projeções das poças de sangue nos jogos da From Software, como em Demon’s Souls.

Com a ajuda da comunidade online, The Tomorrow Children fica bem mais divertido. O problema, é que a comunidade atualmente é bem enxuta. No período de teste para esta análise, o normal era ser visitado por duas pessoas nos dias de semana. Nos fins de semana, consegui reunir até cinco jogadores. Me recordo que nos Betas de 2016 as sessões de jogo eram mais robustas, com uma dezena de jogadores (o máximo permitido por lobby). Há também o fato de que não consegui encontrar povoados de outros jogadores para visitar – um problema no matchmaking, talvez?

Cabe destacar que, enquanto o game alimenta o jogador com conteúdo inédito, a experiência é agradável. Porém, em um determinado momento as ilhas começam a se repetir, já não existem muitos itens novos e as metas de crescimento da cidade começam a se tornar maçantes. É neste momento, que o jogo começa a cansar, mesmo com a presença de outros jogadores. Ainda que exista a possibilidade de inserir blocos ou diferentes formatos sólidos na cidade ou nas ilhas, infelizmente o game não dá tanta margem para criatividade nas construções, como é o caso de Minecraft.

A Phoenix Edition foi lançada apenas para PS4 e, portanto, roda no modo retrocompatibilidade do PS5. A resolução não foi aumentada, contudo, há o benefício dos 60 quadros por segundo no novo console da Sony, o que já é um considerável upgrade. Os loadings iniciais, contudo, não são muito rápidos no PlayStation 5. É importante destacar que a versão original, lá atrás em 2016, já trazia um impressionante leque de técnicas visuais que elevavam o jogo a um outro patamar gráfico. É, inclusive, um jogo que já trazia as primeiras implementações de uma espécie de ray tracing, que no caso, trata-se do “cascaded voxel cone ray tracing”, conforme convencionado pelos desenvolvedores do game. Portanto, The Tomorrow Children ainda impressiona pelo seu conjunto visual.

Jogo de PS4 analisado no PS5 com código fornecido pela Q-Games.

Winz.io

Veredito

The Tomorrow Children é dotado de uma estética bem particular – estranha às vezes, mas com uma identidade própria. Há uma certa satisfação em construir um povoado do zero apenas com os frutos do próprio labor, mas sozinho, a jornada é bem mais enjoativa. O jogo da Q-Games se distingue quando é aproveitado com outros jogadores, mas infelizmente a comunidade não é grande ou muito ativa, de forma que a experiência do jogador é comprometida.

75

The Tomorrow Children: Phoenix Edition

Fabricante: Q-Games

Plataforma: PS4

Gênero: Ação / Aventura / Exploração

Distribuidora: Q-Games

Lançamento: 06/09/2022

Dublado:

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

The Tomorrow Children is endowed with a very particular aesthetic – strange at times, but with an identity of its own. There is a certain satisfaction in building a village from scratch with just the fruits of one’s labor, but alone, the journey is far more boring. The game excels when it’s enjoyed with other players, but unfortunately the community isn’t large or very active at the moment, so the player experience may be compromised.