Alguns jogos da concorrência são muito almejados pelos usuários de PlayStation, mas infelizmente, a indústria não permite que todos os jogadores saiam plenamente satisfeitos com suas escolhas. Um dos títulos que muitos pediram foi The Medium, que saiu em janeiro deste ano para Xbox Series S|X. Para a felicidade de muitos, a Bloober Team ouviu as preces daqueles que ansiavam pela obra e anunciou o lançamento para PS5.
O jogo chega ao console da Sony com a intenção de trazer uma experiência mais imersiva e chocante, graças aos gatilhos adaptáveis e o rumble avançado do DualSense. Porém, The Medium ainda precisa lutar com algo que vai além dos monstros do outro mundo: as críticas da versão lançada para Xbox.
“Tudo começou com uma garota morta”, essa é a frase que perturba Marianne durante o jogo inteiro. Tendo consciência de que é uma médium extremamente poderosa, e pode ajudar os espíritos a encontrarem a paz, a protagonista não perde tempo se lamentando ou com medo das coisas que vê. Jack, seu pai adotivo, a ajudou a aceitar seus poderes, bem como elevá-los a outro nível. E é em torno disso (e mais um pouco) que se passa a história de The Medium.
O enredo de The Medium se desenrola de várias formas distintas. Num primeiro momento, você começa perseguindo um objetivo, mas logo o foco muda, e Marianne se vê no caminho de outra tarefa que, embora possa não fazer sentido, se conecta com todo o resto.
Durante minha aventura em Niwa, confesso que fiquei um pouco confuso com a história no início. Ela é boa, e prende muito bem quando você começa a entender. No entanto, muitos personagens acabam entrando em cena, e em determinado momento você já nem sabe mais de quem eles estão falando.
Outra coisa que afetou meu entendimento inicial, foi a falta de vozes nos espíritos que você encontra no mundo dos mortos. Para não ser injusto, alguns até possuem, mas apenas em momentos que, de fato, são relevantes para a história.
Após algum tempo tentando encontrar uma solução para o problema de reconhecimento, eu percebi que era possível ativar uma opção na qual o locutor da fala era mostrado nas legendas. Isso facilitou um pouco mais as coisas, mas infelizmente, mais da metade do jogo já havia se passado.
Um dos maiores diferenciais de The Medium, é a forma de como jogar com Marianne. Sendo uma médium com poderes incríveis, ela consegue andar em dois planos distintos ao mesmo tempo. Segundo Michael Napora, gerente de comunidade da Bloober Team, isso só é possível com a ajuda do sistema chamado dual reality.
Embora possa parecer apenas um split-screen, o dual deality, na verdade, consegue processar dois cenários em tempo real ao mesmo tempo, com diversos elementos em movimento em ambas as realidades. No começo, o gameplay pode até parecer confuso por causa disso, mas depois que se acostuma, é possível ver como o cuidado da Bloober Team em trazer uma experiência como essa, faz a diferença.
Mas se você acha que o dual reality é apenas sobre a Marianne existir em dois lugares ao mesmo tempo, está enganado. Existem diversos puzzles que exigem a interação entre ambos os planos e, embora alguns deles não sejam tão desafiadores, eles conseguem ser super criativos, coisa que pode deixar o jogador surpreso em vários momentos, mesmo já tendo visto a cena diversas vezes.
Quando eu vi The Medium a primeira vez, achei, por algum motivo, que a movimentação seria com a tradicional câmera nas costas, ou por cima dos ombros. Mas a diferença entre expectativa e realidade bateu à porta, e eu percebi que se caso aquilo que eu desejava realmente tivesse acontecido, as coisas poderiam ser um pouco melhores.
The Medium, na verdade, é um jogo que conta com a saudosa câmera fixa, a mesma vista em jogos como Song of Horror, Clock Tower, Silent Hill e muitos outros. Isso não é problema algum. No entanto, a jogabilidade aqui é um pouco travada, e o modo de câmera atrapalha em momentos importantes. Em uma perseguição, por exemplo, morri diversas vezes por não conseguir encontrar a entrada do corredor e pela dificuldade que é “virar” Marianne em momentos de tensão.
Outro ponto negativo quanto ao gameplay, está nos sensores de movimento. Muitas das vezes ele enlouquece, e o item do menu fica girando sem parar. Às vezes, ler um documento fica difícil, pois a página fica subindo sozinha. Não existe uma função para desligar isso, e infelizmente, você acaba sendo obrigado a jogar desta forma.
É compreensível a vontade da Bloober Team em trazer novidades para a plataforma, mas também é preciso saber como implementar esses recursos. Em compensação à má performance dos sensores de movimento, o estúdio conseguiu trazer uma experiência incrível com os gatilhos adaptáveis, principalmente na hora de usar os poderes de Marianne.
The Medium não é o tipo de jogo para sair por aí destruindo fantasmas sobrenaturais. Ele traz uma experiência muito mais focada no enredo e tensão, do que propriamente no combate, e isso é bom. O título consegue trazer o quesito medo na medida certa, sem colocar centenas de momentos de jump scares que não fazem sentido, só para assustar.
Para não dizer que faltam inimigos, existe um chamado Maw. Ele está presente no outro plano e mata com apenas um golpe. Em alguns momentos, será preciso desviar da criatura enquanto Marianne está nos dois mundos. Em outros, na perspectiva de apenas um deles.
Essa transição de mundo, inclusive, lembra muito Silent Hill. Assim como no jogo da Konami, aqui Marianne consegue chegar ao outro lado através de um portal, mas apenas em momentos chave da história.
A inspiração em Silent Hill fica muito perceptível com o passar do tempo, principalmente no que diz respeito aos cenários. Isso não é algo ruim, pelo contrário. É muito legal ver que um jogo do gênero tem como inspiração uma das maiores sagas de terror já lançada no mercado, e que consegue trazer isso muito bem para a atualidade.
É possível zerar o jogo em até 10 hora e, embora não seja um tempo muito longo, é aceitável para o gênero, pois consegue contar tudo que precisa, sem enrolação. Caso você não consiga pegar tudo num primeiro gameplay, é necessário começar outra partida, pois não há seleção de capítulos e o backtracking existente é extremamente limitado.
Quando você está jogando The Medium, consegue perceber a razão dele existir apenas na nova geração. Os gráficos são lindos, e os efeitos de Ray Tracing são muito bons. Existem alguns pequenos problemas de textura em locais específicos, e a dublagem não é tão boa, mas ainda assim, o jogo consegue surpreender.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Bloober Team
Veredito
The Medium é um jogo com uma proposta muito boa e muito bem executada. Alguns problemas técnicos incomodam, mas não ao ponto de deixar de viajar nessa loucura que é a vida de Marianne.
Veredict
The Medium is a game with a very good proposal and it’s very well executed. Some technical issues could bother, but not to the point that I stop traveling in this madness that is Marianne’s life.