The Legend of Nayuta: Boundless Trails é um RPG de ação japonês, desenvolvido pela Falcom (Trails in the Sky, Ys, Tokyo Xanadu) e publicado no Ocidente pela NIS America, após a parceria de exclusividade firmada pelas duas empresas há mais de cinco anos.
Para quem acha o nome familiar, The Legend of Nayuta: Boundless Trails foi um jogo desenvolvido pela Falcom para o PlayStation Portable e lançado no Japão há mais de dez anos, em Julho de 2012. Após alcançar enorme sucesso relançando seus jogos de PC para o PSP e também lançando mais alguns exclusivos, The Legend of Nayuta: Boundless Trails foi seu último jogo para a plataforma.
Para o público do Ocidente, porém, um jogo de PSP lançado no Japão em 2012 praticamente impossibilitou que fosse lançado no Ocidente, com o PlayStation Vita recém-chegado no mercado e com o mercado de jogos de PSP no Ocidente bem fraco nesse final de geração. Por isso, The Legend of Nayuta: Boundless Trails ficou para trás, sempre lembrado pelos fãs, mas sem uma plataforma que pudesse impulsionar sua localização.
Isso até final de 2020, quando a Falcom anunciou o remaster de The Legend of Nayuta: Boundless Trails para PlayStation 4, na onda dos remasters das versões de PSP de The Legend of Heroes: Trails from Zero e The Legend of Heroes: Trails to Azure que haviam sido lançadas no mesmo ano. Após alguns anos, todos os remasters dos jogos de PSP chegam ao Ocidente, incluindo The Legend of Nayuta: Boundless Trails.
The Legend of Nayuta: Boundless Trails conta a história de Nayuta Herschel, um jovem curioso que sempre teve ambições de explorar o mundo além da ilha em que vive com Eartha, sua irmã mais velha, além de Cygna, seu melhor amigo, e Lyra, sua amiga de infância.
Na ilha em que vive, estrelas e ruínas costumam cair dos céus, oferecendo a Nayuta visões de outros mundos. Numa dessas explorações a uma ruína recém-chegada, Nayuta e seu parceiro Cygna encontram Noi, uma pequena fada, além de duas figuras ameaçadoras que perseguiam Noi e roubam dela um valioso artefato, fugindo do local com ele.
Noi, após acordar, percebe que o artefato foi roubado, fazendo com que Nayuta e Cygna ofereçam sua ajuda para resgatá-lo. Após pensar, Noi relutantemente aceita a ajuda da dupla, levando os dois para um outro mundo desconhecido, ameaçado pelos dois vilões que pretendem roubar outros artefatos e desequilibrar todo o funcionamento deste outro mundo.
Assim começa a história de The Legend of Nayuta: Boundless Trails, nada muito inédito ou inovador para o enredo de um RPG japonês lançado no começo da década de 2010. Esse ponto talvez seja o mais relevante de toda esta análise, de lembrar que apesar da remasterização, este é um jogo fruto do seu tempo e restrito pela sua plataforma original.
A jogabilidade de The Legend of Nayuta: Boundless Trails é um abraço nostálgico para fãs dos jogos mais antigos da Falcom, na era do Ys: The Oath in Felghana, Gurumin: A Monstrous Adventure e Zwei: The Ilvard Insurrection. Apesar desses jogos serem mais velhos que The Legend of Nayuta: Boundless Trails, talvez este tenha sido o último jogo da Falcom que trouxesse esse DNA.
The Legend of Nayuta: Boundless Trails é um RPG de ação, em que o jogador controla Nayuta, com sua espada, derrotando inimigos em estágios curtos, além de contar com a ajuda de Noi e suas magias. O combate, apesar de satisfatório, não se aprofunda muito mais do que se apresenta no começo, ainda que novas habilidades e magias sejam adicionadas ao seu inventário com o passar do tempo.
Os estágios curtos, porém, é um ponto a ser levantado. Como havia dito, este é um jogo originalmente lançado para PSP. Restrições eram impostas pela plataforma, tanto em tamanho de tela, em memória do console, como em controles disponíveis no portátil. The Legend of Nayuta: Boundless Trails é uma remasterização que não mexe muito além dos gráficos, deixando um pouco óbvia sua origem.
A câmera fica muito próxima de Nayuta durante quase toda exploração dos estágios, sem a possibilidade de controlá-la com o analógico direito. Os estágios são bem curtos no sentido de que, além do combate, uma certa habilidade em plataforma também é requerida do jogador, então nos estágios também haverá a movimentação entre obstáculos e abismos.
As fases “comuns”, ou seja, antes dos estágios finais de cada capítulo, são bem curtas, o que até o jogo deixa um pouco claro, com missões opcionais em algumas delas para chegar ao final delas em menos de alguns minutos. Há uma certa progressão e evolução das fases conforme o jogo avança, mas nada que pudesse quebrar a impressão de que este é um jogo de PSP.
Depois de um certo tempo, porém, o “loop” de The Legend of Nayuta: Boundless Trails fica muito claro e até mesmo repetitivo. O jogo não quebra muito o paradigma de história, fases curtas, exploração, chefe, história, fim do capítulo. É uma fórmula interessante para uma plataforma que restringia parte do que os desenvolvedores poderiam oferecer, mas para um jogo saindo em 2023, volto a repetir que acaba sendo um “produto do seu tempo”.
A arte de The Legend of Nayuta: Boundless Trails foi remasterizada em alta definição, apesar dela aparecer poucas vezes durante o jogo. Os retratos ficam mais em segundo plano, com o jogo dando enfoque nos sprites 3D dos personagens durante cenas da história, que também foram remasterizados para este lançamento. O jogo está com uma resolução mais alta, mas nada que escondesse suas origens. Pelo menos o framerate e o tempo de loading estão lisos e redondos.
A trilha sonora sempre é um grande trunfo dos jogos da Falcom, e com The Legend of Nayuta: Boundless Trails não é muito diferente. Talvez um pouco menos “elétrica” e pungente que em outros jogos da empresa, mas ainda bastante marcante. Há dublagem em inglês e japonês, mas tão pouco do jogo é de fato dublado, que não faz muita diferença, fica a gosto do freguês.
Ao contrário dos demais jogos da série The Legend of Heroes, The Legend of Nayuta: Boundless Trails é bastante curto. É possível chegar ao seu final por volta de vinte horas de jogo, talvez mais ou menos dependendo do grau de exploração de cada estágio, com seus tesouros e gemas escondidas, além da dinâmica de estações que oferecem novos motivos para voltar às fases antigas, assim como subquests de cidadãos da ilha de Nayuta.
A melhor descrição para The Legend of Nayuta: Boundless Trails é, como dito anteriormente, um produto do seu tempo. É um jogo divertido, que evoca uma nostalgia gostosa para quem jogou bastante títulos antigos da Falcom, mas não se esforça muito em esconder suas restrições e que pode afastar jogadores que conhecem apenas os jogos mais novos da empresa.
Jogo analisado no PS5 (versão de PS4) com código fornecido pela NIS America.
Veredito
Com um DNA nostálgico, a remasterização de The Legend of Nayuta: Boundless Trails deve agradar fãs de longa data da Falcom, mas fãs mais recentes podem não se ajustar muito ao “loop” e restrições do lançamento original.
Veredict
With a nostalgic DNA, The Legend of Nayuta: Boundless Trails remaster should please Falcom’s longtime fans, but newer fans might not adjust to the “loop” and restrictions from the original release.