Há uma razão pela qual roguelites se tornaram um gênero tão comum e popular ao longo dos últimos anos. Embora parte disso seja algumas facilidades que isso traz para o processo de desenvolvimento dos jogos em si, há também um importante elemento mais relevante para os jogadores: quando eles funcionam, eles são excepcionalmente divertidos de se jogar.
E embora tenha se tornado um tanto repetitivo o casamento entre roguelites e metroidvanias, o casamento de roguelites com outros gêneros é algo que traz um interesse muito bem-vindo e o potencial para jogos capazes de te prender muito bem durante toda a sua duração, graças a possibilidade de cada nova run, por mais curta que seja, trazer um novo desafio e um novo aprendizado ao jogador, tudo enquanto se acumula recursos para se continuar a evoluir de forma mais definitiva.
É sobre essa estrutura que chega aos jogadores de PlayStation um novo título da FairPlay Studios publicado pela Dear Villagers chamado The Land Beneath Us. Misturando elementos de roguelite com uma variedade muito específica de Dungeon Crawlers com uma pegada mais estratégica, bebendo da fonte de séries como Shiren the Wanderer e Pokémon Mystery Dungeon, ele entrega um gameplay bem interessante e bem-vindo.
O jogador assume o papel de um robô chamado Ultimate Soul Harvester, ou U.S.H., uma unidade encarregada por sua criadora de explorar diferentes locais no submundo de Annwn com o objetivo de dominar os sete lordes do submundo, coletar as suas almas e com isso, salvar a sua Criadora e recuperar a revolucionária e incrível Soul-Tech, tecnologia que revolucionou o mundo ao usar almas como fonte de energia.
U.S.H. é ajudado em sua jornada pelo Main PC, uma inteligência artificial criada pela mesma pessoa e que funciona como seu co-piloto, comentarista dos acontecimentos e fonte principal das suas missões. Ao longo da sua jornada você encontrará diferentes personagens, cada qual com seus próprios objetivos e intenções, ajudando não só na evolução pessoal do U.S.H., mas desenvolvimento seus próprios questionamentos sobre sua missão e sobre quem realmente tem o melhor do mundo como objetivo.
Não que seja a narrativa mais elaborada do universo, mas ela funciona bem dentro do jogo, sendo contada basicamente entre missões. Cabe apontar que ela é inspirada pela mitologia galesa, algo raramente visto, mas trazendo uma interpretação bem moderna e revolucionária pra esses contos, tudo de forma bem cativante e auto-explicativa aos jogadores, em momento algum te exigindo conhecimento prévio desses contos, mas entregando interessantes easter eggs para quem já as conhece.
Embora a história seja bem construída e interessante, ela não é a parte central do jogo, com o destaque principal aqui ficando para o gameplay. A base do gameplay é bem simples. O jogador move o U.S.H. por mapas curtos, sendo possível dar um passo por turno em uma das quatro direções principais. Se um inimigo estiver no quadrado em que você se mover, o U.S.H. atacará. E, é claro, sempre que você agir, todos os inimigos do mapa também irão agir.
É algo bem simples e fácil de entender, mas bastante desafiador de dominar ao longo da sua jornada. O jogo te dá várias ferramentas para se proteger, com os ataques dos inimigos ficando claros no mapa um turno antes com a área de ação deles ficando marcado em vermelho e o jogo te dando até mesmo a possibilidade de se teleportar por um raio limitado de casas para fugir do ataque. A interface do jogo é bem clara e intuitiva, mas bem desafiador e divertido te fazendo sempre planejar vários passos à frente para conseguir resolver cada um dos andares.
Cada área tem um total de 30 andares, com um mini-chefe no 10° e 20° andares e um lorde que funciona como chefe final no 30° andar. Ao completar cada andar, o jogador ganha uma recompensa que pode ir de armas e artefatos, que são melhorias coletadas durante uma run e que são resetadas ao final dela, ouro, que pode ser usado para abrir baús que te dão armas e artefatos ou comprá-los/melhorá-los em andares especiais, ou almas, que são o recurso permanente que pode ser usado após uma run para melhorar seu HP, raio de teletransporte e uma série de diferentes parâmetros que vão tornando sucessivas runs mais fáceis.
Por fim, ao completar uma área, você ganha um chip que pode ser usado para desbloquear melhorias em uma das árvores de habilidades disponíveis, além de outros que desbloqueiam novos combos que destravam técnicas de suporte, ataque ou buffs para seus personagens. Essas técnicas exigem a realização de uma sequência de movimentos para serem usados, incluindo um novo elemento de planejamento a sua movimentação, tanto para usá-las quanto para não utilizá-las na hora errada.
Fora a progressão normal, o jogo ainda te dá um claro incentivo para rejogar cada uma das áreas após terminar, já que é possível ativar uma série de modificadores que deixam a próxima run mais difícil e aumenta as recompensas que o jogador pode receber. The Land Beneath Us funciona excepcionalmente bem em runs curtas, com uma run bem sucedida durando entre 20 e 30 minutos, sem a necessidade de prender o jogador por horas a fio.
Ajuda também que o jogo tem um visual excepcional em pixel art e uma trilha sonora que enriquece bastante a experiência, contribuindo bastante para a ambientação. No geral é um bom jogo, acessível e engajante até mesmo para quem não tem muita experiência com roguelites e divertido, ainda que, na sua essência, nada totalmente inovador, para quem já tem mais rodagem com esse estilo de jogo, mas que ainda assim merece sua atenção.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Dear Villagers.
Veredito
The Land Beneath Us se inspira em bons jogos para entregar uma experiência engajante e divertida, com uma narrativa legal e gameplay viciante.
The Land Beneath Us
Fabricante: FairPlay Studios
Plataforma: PS5
Gênero: Roguelite
Distribuidora: Dear Villagers
Lançamento: 13/05/2024
Dublado: Não
Legendado: Sim
Troféus: Sim (inclusive Platina)
Veredict
The Land Beneath Us takes inspiration from great games to deliver an engaging and fun experience, with a nice narrative and addictive gameplay.