The Inpatient

The Inpatient é o segundo jogo para PlayStation VR que explora o universo de Until Dawn. Diferente de Until Dawn: Rush of Blood, lançado na estreia do PSVR (e que você pode conferir a análise aqui) , The Inpatient está mais diretamente relacionado ao jogo original, se passando por volta de 60 anos antes do acontecimento trágico com as irmãs Beth e Hannah na Montanha Blackwood. Neste caso, podemos considerá-lo um prequel.

O jogo se passa em primeira pessoa, com o jogador podendo escolher o gênero e cor do seu personagem. Não consegui perceber nenhuma influência nessas escolhas, a não ser por uma ou outra mudança sutil no diálogo. Mesmo assim, isso ajuda o jogador a criar uma conexão com seu personagem, contribuindo para a imersão no PSVR.

A história se passa no Sanatório Blackwood. Seu personagem está internado no local e sofre de amnésia e apagões. Devido a este estado, você não sabe direito como veio parar aqui e até mesmo não tem certeza de ser realmente um paciente. Isso faz com que você não saiba em quem confiar ou como agir. Para complicar, estranhos gritos e movimentações em outras celas te levam a suspeitar que algo mais do que a loucura espreita o Sanatório.

Sem entrar em spoilers caso não tenha jogado Until Dawn, The Inpatient se passa durante um momento explorado no primeiro jogo por meio de documentos, que explica as origens do inimigo mais aterrorizante de Until Dawn. Isso, no entanto, é tratado de maneira bem superficial, com a história focando-se mais no seu personagem tentando entender o que faz no Sanatório. Confesso que isso me deixou um pouco decepcionado, pois tal história acaba sendo morna e não toma muito tempo para desenvolver todos os personagens, fazendo com que você pouco se importe com eles.

O jogo se alterna entre o tempo presente, momentos de delírio quando o personagem tem um apagão (e nessa hora coisas muito bizarras acontecem) e breves flashbacks, ativados quando o personagem interage com alguns itens do cenário. Os flashbacks são de um passado recente e, em uma linha de tempo reversa, vão aos poucos elucidando quem é seu personagem. Talvez esse seja o ponto alto da história, quando você finalmente se dá conta de quem realmente é e a razão de estar lá.

Assim como em Until Dawn, o jogo é focado na narrativa, trazendo pouco em termos de jogabilidade. Você explora os diversos ambientes do Sanatório de uma maneira quase linear, podendo interagir com alguns objetos do cenário e conversar com personagens. Há ainda outra mecânica, infelizmente utilizada muito pouco durante o jogo, em que você deve se manter imóvel, sem mexer o capacete do PSVR, com consequências graves ao falhar.

O diálogo com os personagens é a principal mecânica do jogo. Você terá sempre a sua escolha duas opções para continuar uma conversa, cada uma transmitindo um estado de ânimo diferente como, por exemplo, ser amigável ou hostil. Alguns dos diálogos irão ativar o chamado Efeito Borboleta. Isso significa que sua escolha irá trazer consequências no desenrolar da trama, criando ramificações na história que levam a diferentes acontecimentos e finais.

Os diálogos ainda possuem uma mecânica bem legal de reconhecimento de voz. É possível ler em voz alta sua resposta a um diálogo e o jogo irá reconhecer e selecionar a opção que você escolheu. E em português! É uma mecânica que funcionou bem na maior parte do tempo, inclusive ao se fazer entonações diferentes para "entrar no clima" da situação, sendo uma grata contribuição para a imersão tanto no mundo do jogo como para encarnar o personagem.

É possível jogar The Inpatient tanto com o DualShock 4 quanto com um par de PlayStation Move, sendo que em ambos a movimentação é contínua, sem o recurso de teleporte. No entanto, o personagem anda de uma maneira muito lenta e não encontrei uma opção para acelerar o passo, o que acaba fazendo com que o jogo se torne monótono em ambientes mais amplos.

O par de Move possibilita interação com uma gama maior de objetos e de modo mais natural, mas não os recomendo em The Inpatient, pois o sistema de colisão não está bem implementado. Frequentemente, meu personagem parava de andar por meus braços virtuais estarem no caminho de algum objeto. Além disso, os braços ficam em uma posição mais baixa do que o normal, causando estranhamento.

Por se tratar de um jogo de terror e indo na pegada de Until Dawn, o jogador pode se preparar para levar alguns sustos. No começo, eles são bem imprevisíveis e funcionam em te apavorar (de uma maneira bem mais intensa no PSVR), porém, por se basearem constantemente no mesmo recurso de acontecerem acompanhados de um barulho muito alto, você acaba se acostumando e até mesmo se irritando algumas vezes.

Na segunda metade do jogo, The Inpatient abre mão dos sustinhos para se concentrar em um terror mais psicológico, colocando o jogador em ambientes bem escuros e fazendo um bom uso de sons diversos para causar um estado de apreensão, como o barulho do vento, sons de passos e gritos de loucura e desespero vindos de algum lugar distante. Não são raras as vezes em que você irá dar uma olhada para trás para se certificar de que não há nada te seguindo.

The Inpatient utiliza a mesma tecnologia de captura de movimentos dos personagens vista em Until Dawn, entregando com isso gráficos de alta qualidade, com personagens bem modelados e que conseguem transmitir emoções realistas – parte disso deve-se também à boa atuação dos atores. O trabalho de dublagem em português brasileiro também ficou muito bom, com cada personagem sendo interpretado no tom e maneira adequados para cada situação.

A parte gráfica dos cenários também está decente, embora aqui e ali seja possível notar elementos com texturas mais grosseiras ou uma repetição de objetos. Uma coisa que não gostei foi do uso abusivo de ambientes escuros. Eles servem para causar tensão, principalmente por você estar munido apenas com uma lanterna e precisar ficar movimentando o controle para olhar ao seu redor, mas isso é algo tão constante que, em conjunto com o andar lento do personagem, acabam cansando.

O jogo tem uma duração curta, podendo ser finalizado em cerca de duas horas. No entanto, ele possui um alto fator de replay devido às muitas ramificações na história causadas pelo Efeito Borboleta, fora a busca por todas as memórias dos flashbacks. Com isso, há um bom incentivo para que seja jogado mais de uma vez, conhecendo as diferentes repercussões das suas escolhas. Mesmo assim, o valor cobrado no lançamento está muito alto. Dessa forma, ainda que seja um jogo que eu recomende, vale a pena esperar por uma baixa de preço.

Veredito

The Inpatient é um jogo de terror em primeira pessoa para o PlayStation VR que se passa vários anos antes dos acontecimentos de Until Dawn. Embora a história se desenvolva durante um momento importante para se conhecer as origens do inimigo do jogo original, The Inpatient toca superficialmente nesses acontecimentos, focando-se mais no terror psicológico e em narrar a história do seu protagonista, que sofre de amnésia e passa o jogo tentando entender como e por que ele se encontra no Sanatório Blackwood. Embora tenha ótimos gráficos e bons momentos de terror e tensão, o jogo algumas vezes fica monótono e é relativamente curto, não justificando o alto preço cobrado no lançamento.

Jogo analisado com código fornecido pela Sony.


 

Veredito

75

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Veredict

The Inpatient is a first-person horror game for PlayStation VR that takes place decades before the events of Until Dawn. Although the story takes place during an important time in which the origins of the enemy from the original game are explained, The Inpatient touches superficially on those events, focusing more on a psychological terror and in its own narrative – you are a patient in Blackwood Sanatorium, suffering from amnesia and blackouts, trying to understand how and why you are there. While the game has great graphics and good moments of horror and tension, sometimes it gets tedious and is relatively short, not justifying the high launch price.

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