Você acorda em um lugar desconhecido, com uma mulher que você nunca viu na vida te encarando de volta. É assim que começa The Forgotten City, um jogo completo da distribuidora Dear Villagers baseado no mod homônimo para The Elder Scrolls V: Skyrim; mod este que fez tanto sucesso que resultou na fundação da desenvolvedora Modern Storyteller por Nick Pearce, seu criador. Ele foi anunciado em abril deste ano, e antes do lançamento em 28 de julho, a desenvolvedora e a distribuidora haviam lançado um vídeo com 9 minutos de gameplay.
Logo no início da aventura, o game te convida a criar sua própria história: além de escolher o nome do protagonista, você também decidirá por sua profissão, podendo ser um arqueólogo, um soldado, um fugitivo ou até mesmo alguém com amnésia. Dependendo da sua escolha, contará com determinadas vantagens que poderão ajudar durante o jogo.
Lembra da estranha do início? Então. Ela vai te falar sobre alguém chamado Al, que supostamente estava com você no rio onde foi encontrado, apesar de não se lembrar dele. A pedido dela, que diz de chamar Karen (aguarde piadas infames a respeito desse nome), você vai em busca desse outro desconhecido, e acaba embarcando numa viagem ao passado apara o ano 65 D.C. E é aí que a história de The Forgotten City realmente começa.
Você se encontra preso em uma cidade secreta subterrânea no Império Romano antes de uma grande catástrofe. Lá existe o que chamam de “Golden Rule“, ou a “Regra de Ouro” em português. Ela diz que, caso uma única pessoa cometa qualquer pecado, toda a cidade pagará (e caro) por isso. Como? Sendo transformados em estátuas de ouro. Irônico, não? E adivinha só: a única coisa que sabemos ao chegar a essa época é que alguém num futuro próximo vai violar essa regra, e não vai sobrar uma viva alma pra contar história. E a sua missão, forasteiro, é descobrir quem vai cometer tal ato e impedir que essa pessoa faça a que quer que seja.
Para isso, muitas perguntas precisam ser respondidas, e a primeira delas é: o que conta como pecado para essa regra misteriosa? Certamente assassinatos, mas será que mentiras ou traições entram na lista? E uma vez que você descobre, evite tais ações ao máximo, já que a consequência é um loop infinito.
Isso mesmo: caso alguém cometa algum pecado – até mesmo você – , estátuas de ouro tentarão te matar a qualquer custo, e para evitar isso será necessário se dirigir ao local da sua chegada para começar tudo de novo. Ninguém vai se lembrar de você, e para todos os personagens vai ser como se nenhuma das conversas jamais tivessem acontecido. Não pense, contudo, que essa é uma atitude muito altruísta. The Forgotten City é sobre isso: você vai estar ajudando a cidade, sim, mas em primeiro lugar a si mesmo.
Você está preso nesse lugar, no qual foi parar enquanto procurava pelo tal Al, lembra? Ele, por sua vez, seguiu o caminho até a cidade repleto de estátuas de ouro. Como ver tal coisa e não ficar interessado? Sendo assim, caso você consiga impedir a catástrofe de acontecer, vai mudar o passado e nunca vai haver nada que os atraia para lá, criando um paradoxo temporal, já que jamais seria possível seu retorno ao passado. Meio confuso, né? Enfim, mantenha o foco em salvar aquelas pessoas pra que você possa salvar a si mesmo.
Eu diria “então boa sorte”, mas sorte é do que você menos vai precisar. O que importa aqui é prestar atenção nos diálogos, analisar bem os personagens, planejar estratégias bem pensadas. Faça perguntas! Pergunte sobre a história de cada um, e o que pensam sobre a “Golden Rule“. Manipule algumas decisões que alguns virão a tomar. Qualquer coisa pode fazer a diferença, para melhor ou para pior.
De forma geral, The Forgotten City não é um jogo de ação ou combates, então bote o seu cérebro para funcionar. Tenso isso em vista, pode ser que alguns o achem meio monótono. Especialmente no início do jogo, conversar com pessoas é praticamente a única coisa que você faz, limitando as cenas a pessoas se virando para ficar de frente pra você (isso quando já não estão olhando na sua direção).
Por outro lado, a riqueza de detalhes é impressionante. Cada pergunta feita aos personagens faz com que a sua experiência seja mais profunda, e se você é daquelas pessoas que gostam de saber de tudo e entender as motivações de cada um, vai achar The Forgotten City interessantíssimo. Inclusive, tem opções que estão disponíveis durante o jogo mas que pode simplesmente não ser a hora certa para elas.
Há também casos em que a resolução de um problema de algum personagem está obrigatoriamente atrelada à resolução do problema de outro(s), assim como alguns momentos em que você vai precisar tomar atitudes difíceis, ou que talvez não pareçam certas a princípio. Não é um jogo fácil ou óbvio, então prepare-se para alguns segredos e reviravoltas.
À medida que você vai conversando com mais pessoas em The Forgotten City, missões vão aparecendo no menu, inclusive algumas opcionais (até porque em alguns casos você vai precisar escolher apenas uma entre duas ou mais opções). Uma coisa que ajuda é focar no primordial, e o jogo te ajuda com isso, definindo um marcador na sua dela com a próxima localização de onde você precisa estar pra concluir a tarefa selecionada (se você já tiver recebido essa informação em algum momento durante o jogo).
Apesar de não serem excepcionais, os gráficos são muito bons, tanto as paisagens quando as pessoas da cidade, com traços bem definidos e boas fisionomias. Existe inclusive um modo fotografia, pressionando o direcional para cima, ou diversas opções de imagem (como preto e branco, modo cartunesco, entre diversos outros), pressionando o direcional para baixo (e continuando a pressionar até encontrar o modo que você escolher.
No mais, você precisa jogar pra descobrir tudo que The Forgotten City tem pra oferecer – além, é claro, de seus múltiplos finais. Tendo dito isso, não pense que existe o certo ou errado a ser decidido, e saiba que muitas das suas ações podem ser refeitas ou mudadas (agradeça ao loop temporal). Então o que você está esperando? Não perca tempo e explore a Roma Antiga e suas inúmeras possibilidades nesse excelente título.
Jogo analisado no PS4 com código fornecido pela Dear Villagers.
Veredito
The Forgotten City não é para qualquer um, mas não decepciona no que se propõe a fazer. Se você precisa de ação para manter seu interesse, é melhor procurar outra opção. Porém, se você curte uma boa história e gosta de mergulhar fundo no que o jogo tem pra oferecer, pode vir sem pensar duas vezes.
The Forgotten City
Fabricante: Modern Storyteller
Plataforma: PS4 / PS5
Gênero: Aventura
Distribuidora: Dear Villagers
Lançamento: 28/07/2021
Dublado: Não
Legendado: Não
Troféus: Sim (inclusive Platina)
Veredict
The Forgotten City is not for everyone, but it doesn’t disappoint in what it sets out to do. If you need action to keep your interest, it’s best to look for another option. However, if you like a good story and like to immerse yourself in what the game has to offer, don’t think twice.