Jogos de mundo aberto, até com uma certa unanimidade, têm hoje 2 buscas constantes: reinventar o gênero ou expandir ainda mais. Exemplos não faltam, assim como plataformas para isso. De certa forma, há um bom tempo até, todos os jogos do tipo se aprofundam em um aspecto ou tentam inovar em algo para se diferenciar dos demais, seja na exploração, combate, visual e outros.
The Falconeer: Warrior Edition foi lançado com exclusividade temporária junto com o Xbox Series X/S e, agora, é finalmente lançado para Nintendo Switch, PlayStation 4 e PlayStation 5. A versão completa traz todo o conteúdo lançado até hoje e diversas atualizações. Além disso, também dá acesso a mais nova expansão lançada, Edge of the World. Entretanto, mesmo a versão completa do jogo reforça a intenção do título como mais um jogo de mundo aberto na imensidão de opções: tentar arriscar em um gênero já saturado de tentativas.
Em The Falconeer, o jogador assume o papel de um guerreiro dos céus, montado em uma fera alada e que irá participar de diversos eventos de um universo um tanto diferente. O mundo do jogo é quase um oceano eterno, de águas e mais águas, com quase nenhuma terra firme. Nos poucos locais de terra seca que sobraram, os humanos se dividiram em facções e grupos, cada um com objetivos e crenças distintas.
O papel do jogador é quase como participar de diversos atos e eventos relacionados com cada uma dessas facções, se tornando uma espécie de mercenário que aluga sua fera alada e suas armas por outras causas. A história do jogo é contada por capítulos, com cada um destinado a uma única facção e sua jornada, com o jogador participando em 10 missões ao todo por cada uma dessas campanhas.
A forma como o jogo funciona é um pouco estranha no fim. Ainda que tenha toda uma execução de um grande herói ou salvador, seu personagem é apenas mais um dentre outros em diversas histórias, não carregando nada específico e podendo ser substituído por qualquer outra coisa. Entretanto, a pior parte de toda a campanha do jogo, que condiz com 6 capítulos, é a estrutura e design de missões.
Cada facção tem um objetivo na sua campanha, que pode ser baseado em alguma crença, espionagem durante um conflito, tentativa de êxodo para outro lugar dentre outras. De toda forma, para o jogador, todas essas distinções não fazem nenhuma diferença. Não importa qual capítulo esteja jogando, o design proposto segue sempre a mesma linha de execução: aceite a missão, acompanhe o diálogo inicial, vá do ponto A ao ponto B, elimine inimigos ou carregue algum item, retorne para a base, acompanhe o diálogo final e encerre a missão partindo para a próxima.
Quando colocamos esse design de missões em campanhas que se tornam entediantes para acompanhar somados a um mundo aberto mal aproveitado, temos uma fórmula básica para o interesse do jogador se perder facilmente. É fácil afirmar que, no fim, a campanha não é nenhum atrativo no jogo. Vamos então ao que o título pode oferecer como um jogo de mundo aberto.
Ter um mapa grande, livre para explorar e com alguns pontos aqui e ali não necessariamente quer dizer que o proposto é bem entregue. Mafia 2 era um jogo bastante focado na história e narrativa, com um mapa que atendia às necessidades para que isso fosse bem executado e que não precisasse preencher cada esquina com algum atrativo. De certa forma, o jogo é mais lembrado por esses pontos e até apontado tendo um mapa mal usado e quase nada aproveitado. The Falconeer tem um mapa que poderia ser melhor aproveitado ou que não servisse apenas como avenida de transporte entre as missões e pontos de combate. O que temos são localizações perdidas que precisam ser encontradas e bases espalhadas pela imensidão de água. Além disso, de forma simplista até, o jogo coloca aqui e ali pontos de peixes que sua ave pode pegar, tufões que arremessam o pássaro para o alto e correntes de ar que favorecem a travessia. Fora isso, há muito pouco de destaque.
Talvez o grande trunfo de The Falconeer seja sua jogabilidade prática e até divertida. Comandar uma ave gigante ou uma besta alada é um trabalho simples, seja para se locomover ou em combate. Consiga melhorias para a montaria, que pode ir desde armas mais eficientes a habilidades únicas, como recuperar vida a cada eliminação, e personalize sua forma de jogar.
O combate consiste em giros rápidos, movimentação acelerada e caça constante do inimigo, quase como as dogfights de um Ace Combat, tentando manter uma mira estável enquanto se movimenta em todas as direções. A variedade de inimigos não é grande, mas auxilia para explorar um pouco mais essa parte do jogo, possuindo tanto voadores velozes e pequenos quanto grandes e lentos, assim como embarcações, outros caçadores alados e até fortificações em terra.
Infelizmente, caindo na armadilha do design falho de missões e estrutura da campanha arrastada, o divertido combate vai se perdendo com o tempo, sendo em alguns momentos uma tarefa cansativa e que é explorada da forma errada.
The Falconeer traz conceitos interessantes, como o mapa diferente e as divisões de facções, assim como um combate divertido, porém, parece que todos os atrativos do jogo não conseguem se misturar de uma forma que cada função enalteça outra e crie uma experiência agradável. O jogo força para ser divertido, mas se atropela na execução estranha.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Wired Productions.
Veredito
Um combate divertido não salva The Falconeer: Warrior Edition de ser um jogo medíocre. Problemas com design de missões e falta da exploração correta de seu mundo criam um jogo que apenas promete e não consegue alcançar seu potencial.
Veredict
Fun combat doesn’t save The Falconeer: Warrior Edition from being a mediocre game. Problems with mission design and lack of exploration of its world create a game that only promises and fails to reach its potential.