The Evil Within 2

O primeiro The Evil Within chegou durante a transição de gerações e em uma época que estávamos necessitados por bons jogos de Survival Horror. Com Shinji Mikami no comando do projeto, as expectativas eram altas e o jogo alcançou a maioria delas, agradando em muitos aspectos e falhando em outros.

Os principais problemas eram a perfomance técnica e o enredo, muito interessante, mas pouco desenvolvido. Além disso, não havia suporte ao português do Brasil. Após três anos, The Evil Within 2 chega com a promessa de corrigir todos esses erros e trazer algumas inovações. Será que deu certo?

The Evil Within 2 conta uma história que acontece três anos após o original. O detetive Sebastian está tentando colocar sua vida nos eixos, mas não consegue esquecer de tudo que passou (sua família morta e os pesadelos no Beacon do primeiro jogo). Além disso, a Mobius, organização que estava no controle da STEM (máquina de "consciência compartilhada" que explica as barbaridades vivenciadas pelo jogador), havia simplesmente desaparecido. Sem mais nem menos, a agente Kidman, que trabalha para Mobius, aparece para Sebastian e revela que sua filha Lily está viva. E não só isso: ela é o que chamamos de Núcleo para a STEM. Com o poder do Núcleo, coisas inimagináveis podem ser feitas no mundo não real, com consequências reais. Com essa revelação, Sebastian não pensa duas vezes em retornar ao mundo da STEM e salvar a sua filha.

A história de The Evil Within 2 sem dúvida foi mais bem trabalhada aqui. Há muitas cutscenes e principalmente diálogos entre os personagens, inclusive com escolhas para saber mais sobre determinados assuntos. E o melhor de tudo: os textos não só estão em português do Brasil, mas o jogo conta com uma excelente dublagem.

No entanto, nem tudo são flores. A história do primeiro jogo era bem mais misteriosa e intrigante. Não que seja ruim na sequência, mas tudo está mastigado e entregue ao jogador. E um Survival Horror em que a pessoa sabe o que está acontecendo ao seu redor perde um pouco a graça. Outro ponto negativo é o "gore" digamos assim – o sangue e a violência. Para quem curte algo nesse sentido, ficará decepcionado com o segundo título. Ainda é de terror e coisas bizarras acontecem, mas o primeiro título é muito mais aterrorizante.

Deixando de lado as comparações, The Evil Within 2 pode ser dividido em mais ou menos quatro atos, com 17 capítulos no total. Ao longo da história, há dois vilões marcantes. São bem construídos e com propósitos claros, mas têm coisas que não ficam bem explicadas, mesmo com tudo mastigado como havia dito. Portanto, de uma maneira geral, a história é boa, mas podia ser melhor.

Em relação ao gameplay, muita coisa do primeiro jogo retorna. Há um sistema de comandos para quem está mais familiarizado com o anterior, ou algo mais comum dos jogos de terceira pessoa. De qualquer forma, ainda há uma barra de stamina, uma barra de vida, munição escassa e o melee (golpe físico) continua inútil como no primeiro jogo. Afinal, o que conta aqui é o stealth (não ser detectado) e isso continua tão importante quanto no primeiro The Evil Within, pois permite matar os inimigos com um golpe bem dado (na maioria dos casos), economizar munição, não perder vida, enfim, os benefícios são vários. Jogar no modo "Rambo" continua simplesmente não existindo, talvez na dificuldade Casual, onde os itens são mais frequentes.

As armas de The Evil Within 2 continuam basicamente as mesmas: pistola, shotgun, rifle, automática e a besta. Mais tarde no jogo é possível adquirir um lança-chamas. Além disso, há variantes nas armas, como uma pistola com silenciador ou shotgun de cano duplo. Ambas são pegas nas side-quests.

Side-quests? Sim, The Evil Within 2 tentou eliminar a linearidade notável do primeiro jogo com um mini-mundo aberto. E isso, em minha opinião, deu certo. Você só chega a esse mundo aberto no capítulo 3, mas quando chega, o capítulo demora a ser finalizado porque você não vai resistir em explorar tudo que for possível antes de avançar na história.

Devido a esse mini-mundo aberto (que é a cidade de Union), Sebastian pode seguir para o local onde a missão de história continua, ou completar algo paralelo que surge de tempos em tempos. Não espere uma lista gigante de missões paralelas – se há 3 ou 4 no jogo todo é muito. Mas é um conceito interessante que deveria ter sido mais explorado. Ao menos, Union possui várias casas e locais para explorar sem depender de missões.

Sobre outros elementos do game, ainda há o gel para evoluir o personagem, melhoria e construção de armas e munição, e inúmeros colecionáveis. Os colecionáveis são tantos que podem ser divididos em categorias: há os arquivos, estátuas com as chaves para os armários com itens, as "memórias residuais" (mostra uma cena fantasma de uma conversa que ocorreu naquele lugar) e até fotos para um projetor que acabam ativando conversas sobre variados assuntos entre Sebastian e Kidman.

O comunicador de Sebastian é outra mecânica inédita. É possível usá-lo para ver essas memórias residuais mencionadas, mas funciona também como um mapa e outras ações.

Por fim, vamos falar dos chefes. The Evil Within sem dúvida trouxe alguns marcantes e, devido a isso, a expectativa por eles era alta aqui. Não vou mentir que saí desapontado: alguns chefes são bacanas e originais, mas são poucos em todo o jogo e, como mencionado anteriormente, faltou um pouco de violência para deixá-los aterrorizantes.

De uma maneira geral, The Evil Within 2 é um excelente título, principalmente de Survival Horror. Não mencionei, mas a perfomance técnica é estável e sólida – nem se compara ao anterior.

Os principais problemas de The Evil Within 2 (e que espero que um terceiro jogo corrija), portanto, são: a história não tão mastigada (e que seja um pouco melhor) e o combate. Não se engane: eu amo o combate stealth que o jogo proporciona. No entanto, o sistema de upgrades não ajuda. Deixar coisas como uma "mira mais estável" e "atacar de forma furtiva estando no canto da parede" é algo que deveria ser dado logo de cara, e não como destraváveis. Isso sem mencionar que o golpe físico continua completamente inútil, o que até me faz perguntar por que ele está ali (desde o primeiro jogo isso me atormenta).

Veredito

The Evil Within 2 consegue melhorar vários aspectos que o primeiro jogo pecava. É um excelente título de Survival Horror. Porém, ainda apresenta alguns pequenos problemas, como uma história não tão intrigante quanto a do original, chefes pouco memoráveis e algumas das mecânicas de combate.

Jogo analisado com código fornecido pela Bethesda.

 

Veredito

88

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Veredict

The Evil Within 2 corrects many mistakes from the first game. It is an excellent survival horror title. However, there are some problems, like the story (it isn’t as good as the first game), less memorable bosses than the original and some combat mechanics.