The Elder Scrolls V: Skyrim

Acredito que nem a própria Bethesda tinha certeza do excelente jogo que ela criaria quando pensou no quinto capítulo da série The Elder Scrolls. Skyrim é um jogo tão grande, tão complexo, com tantas possibilidades e tantos pontos positivos que dá a impressão que mesmo com os seus incontáveis bugs e problemas, o título estará presente até o último instante na lista de jogo do ano de 2011. E em todas as plataformas.

Você é um dragonborn, um sujeito que possui a alma de dragão, e que por este motivo é o único capaz de enfrentar a ameaça do ressurgimento dos mesmos. A mecânica de RPG oferecida não obriga a escolher e fazer muitas definições do personagem logo de cara, permitindo que a evolução e escolha de perks e especialidades seja realizada durante a aventura. O roteiro não é nada envolvente e, tirando algumas partes um pouco mais inspiradas, é um tal de perambular pelo mapa de encontro a objetos e personagens apenas para descobrir que você deve ir novamente atrás de outros objetos e pessoas.

Mas é esta perambulação que faz Skyrim ser este sugador da vida daqueles que se atrevem a enfrentar esta aventura. Eu não me lembro de já ter jogado um jogo de mundo aberto tão grande e complexo como o de Skyrim. Existem incontáveis sidequests, inúmeras atividades e, embora não se trate de atropelar pedestres inocentes e assassinar prostitutas, Skyrim prende você ao “fazer-por-fazer” de uma forma que só se compara a GTA. Sempre há uma tarefa diferente que você se sente compelido a realizar antes de desligar o videogame. Seja encontrar os ingredientes certos para fazer um guisado de coelho, seja matar um gigantesco mamute, seja escalar a montanha mais alta só para ver o que tem do outro lado, seja acabar com uma guilda de ladrões só porque eles atacaram você primeiro; você se sente sempre compelido a “ir mais um pouquinho”, só para ver o que o jogo vai te apresentar.

O tamanho do jogo é uma benção e uma maldição. Até conhecer localidades o suficiente para utilizar o fast travel com eficiência (e tentar se focar mais na missão principal), você vai ter que perambular muito pelas florestas, planícies e montanhas de Skyrim. E quanto mais você perambula, mais encontra quests e outras atividades. E quanto mais as realiza, mais perambula. É um ciclo vicioso que parece ruim mas que é o “filé-mignon” da experiência.

Dá para se supor também que esta característica do jogo é bastante influenciada pela qualidade gráfica de Skyrim. As paisagens são simplesmente absurdas de tão detalhadas. Não que os gráficos sejam especialmente bonitos pelo uso de texturas em alta resolução ou ausência de serrilhados visíveis, mas a beleza e a complexidade dos cenários é simplesmente incrível. Nem todos os personagens conseguem manter o mesmo nível dos ambientes, entretanto. Alguns parecem pouco naturais e mal encaixados no ambiente. O sistema de menus é elegante e funcional, embora um pouco complicado para se acostumar no início. A trilha sonora orquestrada e os sons dos ambientes são de altíssima qualidade, proporcionando a impressão de que você está mesmo em Skyrim. Adicione-se a isso a dublagem de todas as falas e conversas presentes no jogo e você está diante de uma trilha sonora simplesmente impecável.

A jogabilidade não vai tão além assim do que a conhecida engine da série Fallout pode oferecer. A conhecida possibilidade de se jogar em primeira ou terceira pessoa está lá, bem como o inventário que deixa você com a mobilidade de uma baleia no meio do deserto se você passar 100 gramas do limite que o personagem pode carregar. As batalhas mesmo não sendo particularmente especiais conseguem ser bastante satisfatórias pelas diversas possibilidades que o jogador tem a disposição. Quer ir para o tapa com sua espada? A vontade. Quer ficar a distância só dando flechadas? Manda brasa. Quer usar seus poderes de mágica a média distância? A disposição. Quer utilizar todas as alternativas em conjunto? Igualmente permitido.

E obviamente o brilho maior fica para as batalhas contra os dragões. Não são nem um pouco fáceis (pelo menos no começo, até você se acostumar ao modus operandi das criaturas), mas dão um excelente sentimento de satisfação e missão cumprida quando concluídas.

Mas Skyrim não é perfeito. A lista de problemas que acompanha o pacote assusta e dá até aquela dúvida de como pode um jogo tão bom parecer ter sido finalizado às pressas ou não testado em um nível aceitável. Os problemas da engine já são conhecidos, como a fraquíssima mecânica de colisão, mas a diversidade enorme do relevo de Skyrim acentua o problema ainda mais. Por exemplo, é possível matar um Gigante ou um Mamute apenas fugindo para um lugar do cenário onde você consegue subir aos pulos e eles não. Então o inimigo fica lá, paradão, a centímetros de você, enquanto você usa e abusa de flechas e magias.

O mesmo pode se dizer da enorme quantidade de loadings. Tudo bem, o jogo e o mundo oferecidos são enormes, mas o loading de quase um minuto a cada vez que você entra ou sai de um abrigo dá nos nervos e é um teste de paciência. Principalmente quando você lembra que esqueceu algo no local do qual acabou de sair. É teste pra cardíaco!

A quantidade de bugs também é exagerada e inexplicável. Animais se movendo ao contrário, partes do corpo trocadas, partes do cenário flutuantes além de diversas outras situações tão bizarras quanto estas são constantes. Alguns são tão engraçados que você acaba até relevando ou achando que fazem parte do “charme” que estes problemas trazem aos jogos da Bethesda. Mas é difícil de acreditar que o jogo passou por um procedimento sério de testes. Ou pelo menos que os problemas relatados nos testes foram levados em consideração para correções.

Temos também a falta de precisão na exibição do mapa (um zoom mais detalhado, por exemplo), que muitas vezes obriga a dar uma volta de quase 2 horas em uma montanha gigantesca só porque não é possível identificar se existe uma passagem por cima da mesma ou pelo seu interior.

E como se não bastasse, ainda tem o problema da ainda não solucionada queda de frame rate do jogo no PS3 quando o save game começa a crescer demais. A Bethesda ofereceu algumas soluções paliativas e temporárias para o problema, mas ainda estamos no aguardo de uma solução final para o mesmo. Por enquanto, contente-se em desligar a função de autosave.

Não é comum um jogo que tem uma lista tão grandes de pontos negativos ter uma recomendação tão alta. Mas The Elder Scrolls V: Skyrim é um jogo cujas qualidades são tão grandes que seus problemas conseguem ser ofuscados quase totalmente. É difícil explicar, acho que só experimentando para entender. A imersão e as possibilidades que um jogo com tamanha liberdade de ações oferece ao jogador é praticamente inigualável por qualquer outro título com proposta semelhante, e mesmo com todos os seus problemas ainda vai garantir inúmeras horas de diversão. A menos que você não suporte RPGs, que tenha pouco tempo disponível ou que tenha traumas quanto a flechadas no joelho, Skyrim é imperdível.



— Resumo —


+
Gráficos excelentes


+
Mundo aberto absurdamente envolvente


+
Incontáveis side quests bem elaboradas


+
Jogabilidade variada


+
Divertidas batalhas contra os dragões


+
Áudio de altíssimo nível





Engine com muitos problemas de colisão





Mapas pouco detalhados





Muitos bugs





Loadings constantes





Problemas com slowdowns após algum tempo de jogo

Veredito

95

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