The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me é o quarto jogo da franquia de terror a chegar aos consoles. Produzido pela Supermassive Games e distribuído pela Bandai Namco, a saga tem o intuito de servir como uma antologia de seis capítulos, transformando-se num tipo de “American Horror Story” dos videogames.
Desde Man of Medan, o primeiro título da antologia, os jogos evoluíram, mas em pontos sutis. No review abaixo você saberá se The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me vale o seu tempo e dinheiro.
The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me narra a história de H.H. Holmes, o primeiro assassino em série dos Estados Unidos, e o péssimo legado deixado por ele.
Tudo começa quando um grupo está gravando um documentário sobre o assassino em série e recebe um convite inusitado: visitar a ilha onde Holmes matava suas vítimas. Desesperado para conseguir um bom programa, Charles (Paul Kaye), o diretor, aceita embarcar nessa jornada com sua equipe.
Já no hotel, tudo parece perfeito e pronto para garantir o melhor documentário já visto, porém, as coisas começam a ir por água abaixo quando alguém passa a replicar os assassinatos de Holmes. Agora, cabe ao grupo encontrar uma forma de sobreviver a este pesadelo.
A história de The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me é claramente inspirada em filmes como Jogos Mortais (2004) e O Albergue (2005), trazendo um psicopata que ama brincar com suas vítimas antes de matá-las. Embora eu não goste muito do “gore” desses filmes, devo admitir que The Devil in Me me prendeu com sua narrativa justamente por tratar de pessoas reais, não maldições com bichos estranhos como visto em House of Ashes, último jogo lançado da antologia.
É preciso enfatizar também que a história não prende logo de cara. Ela começa chata, devagar e um pouco monótona. Se você é do tipo impaciente, provavelmente não vai gostar, mas garanto que depois que as engrenagens começam a girar, The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me te proporciona a melhor narrativa vista até agora.
Por ser trabalhado como um tipo de filme interativo da Supermassive, não espere nada de muito diferente do que já foi visto. E isto, na verdade, tem me incomodado desde o último jogo.
Existe aqui o intuito de fazer uma antologia de The Dark Pictures, porém, assim como em uma série de jogos e/ou filmes, existe a necessidade de mudanças para continuar sendo atraente. The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me tem seus diferenciais no gameplay, mas são imperceptíveis aos olhos de quem não teve contato com toda a primeira temporada da saga.
Um exemplo que posso dar aqui é que a movimentação está um pouco mais fluída e você consegue sentir uma diferença “de peso” no ato de correr de alguns personagens. Kate (Jessie Buckley) é mais leve, então existe aquela sensação de que ela corre mais rápido. Mark (Fehinti Balogun), por sua vez, é mais pesado, então você tem a impressão de que ele é mais lento. Na prática, isso talvez não mude nada e seja possível chegar do ponto Y ao X no mesmo intervalo de tempo, mas só do jogador conseguir sentir isso já é um grande avanço para o gameplay.
The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me possui um outro diferencial na jogabilidade, que são os itens exclusivos de cada personagem. Podemos dizer que eles servem como “perks”, e esses acessórios podem salvar sua vida se usados corretamente.
Jamie (Gloria Obianyo), por exemplo, é a única capaz de mexer nos painéis de energia do hotel, pois é a pessoa que entende do assunto. Já Erin (Tiergan e Nikki Patel) é a responsável pelo áudio, então existem coisas que só são captadas com seu microfone especial.
O uso da especialidade de cada personagem pode ser visto como algo “roteirizado” na maior parte do tempo, mas é legal de ver que eles se preocuparam em deixar cada um deles responsável por algo, e não generalizar o conhecimento, afinal, na realidade nem todo mundo necessitaria de uma bombinha para controlar a asma ou saberia tirar fotos profissionais.
E já que tocamos no assunto de asma, devo enfatizar aqui que os gráficos estão incríveis. E por que isso está relacionado? No início do jogo um dos personagens tem uma crise de asma por causa da poeira, e é possível ver, nos mínimos detalhes, as partículas de pó flutuando no ambiente e recebendo o contraste da luz do dia pela janela.
Toda a minha partida foi jogada no modo performance, mesmo assim The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me se mostrou um jogo bonito, com efeitos de luz e sombra dignos de um filme de terror, bem como diversos outros pequenos detalhes que devem ser apreciados por todos aqueles que jogarem.
The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me, embora possa ser visto como mais do mesmo, não é. Pelo menos não tanto. O uso dos objetos, por exemplo, é um diferencial e, mesmo que pequeno, consegue dar mais vida ao jogo. No entanto, se a Supermassive Games quiser chamar mais atenção e não parecer que está apenas reaproveitando recursos de capítulos anteriores, talvez esteja na hora de mudar algumas coisas de fato.
A fórmula de filme interativo não deve ser mexida, afinal, esse é o espírito da coisa, mas falta mais interação com o que acontece nas premonições, por exemplo. Aqui você consegue ter visões da sua morte (ou sobrevivência) através de quadros da anatomia humana, porém, assim como em outros títulos do estúdio, não existe uma reação quanto a isso. Se essas premonições fossem realmente sentidas pelo personagem, impactando-o de alguma forma, seria muito mais legal de assistir.
Outra coisa que talvez pudesse ter sido inserida de alguma outra forma, são os relatórios policiais. Durante a jornada você encontra diversos papéis ou até mesmo distintivos de casos antigos e, quando isso acontece, uma tela com uma narração do ocorrido surge na tela. Sim, é um jogo, mas se estamos trabalhando com um filme interativo, precisamos ser reais também com os personagens ali presentes, não apenas com o jogador. Se esses detalhes fossem mostrados através de algum vídeo que fosse palpável para o grupo, tudo seria muito mais imersivo.
The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me tem seus erros, mas também seus acertos que merecem ser destacados e apreciados. Como eu disse anteriormente, de todos os jogos da primeira temporada, este é o que possui a melhor narrativa, bem como os personagens mais bem feitos e naturais.
Algo a se destacar aqui também foi a inclusão de um casal LGBTQIAP+ na narrativa. A Supermassive Games nunca chegou a escancarar isso nos títulos anteriores, e em The Quarry isso foi mostrado de forma bem discreta através de flertes leves. Aqui a coisa funciona diferente e é possível, de fato, tomar decisões para que os personagens se envolvam amorosamente.
No geral, The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me não foge muito do que a saga proporciona ao jogador, mas mostra que consegue, mesmo que de forma mínima, ser diferente e se destacar dentre todos os outros já lançados.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Bandai Namco.
Veredito
The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me é um bom jogo para fechar a primeira temporada. Mesmo com mudanças que não são tão significativas, o título brilha no quesito gráfico ao trazer expressões mais naturais, efeitos aprimorados e uma narrativa pertubadora.
Veredict
The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me is a good game to close the first season. Even with changes that are not so significant, the title shines in the graphics aspect by bringing more natural expressions, improved effects, and a disturbing narrative.