The Chant – Review

Você com certeza já viu vários tipos de jogos de terror por aí. Sejam eles relacionados à captura de espíritos com uma máquina fotográfica como em Fatal Frame, ou os clássicos com criaturas bizarras de um mundo paralelo, como os vistos em Silent Hill. Mas e se houvesse uma mistura do espiritual com o material? É exatamente isso que The Chant tenta trazer para os jogadores.

Feita na Unreal Engine 4, The Chant busca um terror que não foca apenas na sobrevivência, mas também em como você controla sua sanidade mental e espiritualidade num mundo aterrorizante e cheio de tensão. E neste review você verá se vale a pena pegar o seu cristal para adentrar na penumbra desta ilha.

The Chant
A batalha com os inimigos não são tão criativas e acabam cansando um pouco depois de um tempo. Fonte: PS5 Create

The Chant narra a história de Jess, uma mulher da cidade que sofreu uma perda horrível e não consegue superá-la. Para tentar ajudar, sua amiga Kim lhe faz um convite para ir até um retiro espiritual, localizado numa remota ilha. O que parecia ser um lugar calmo e acolhedor, tornou-se um verdadeiro inferno após um ritual dar muito errado.

Durante a história você vê os personagens tomando o que parece ser o famoso chá alucinógeno chamado de Ayahuasca. A partir desse ponto, tudo que acontece nessa ilha parece ser reflexo de uma alucinação conjunta, e a sensação é que você também está vendo coisas, de tanta loucura que o jogo consegue entregar logo no começo da aventura.

Eu não digo nada disso de uma forma negativa. Na verdade, é muito legal ver uma narrativa imersiva dessa forma, pois consegue prender o jogador até o fim e o instiga a saber o que realmente está acontecendo na ilha.

The Chant
O jogo não possui dublagem em português, mas traz legendas em várias línguas, inclusiva português do Brasil. Fonte: PS5 Create

O foco principal de The Chant está nos cristais místicos. Todos os residentes da ilha possuem um, e cada um deles traz uma cor diferente, que funcionará como um canalizador espiritual de energia para Jess no futuro.

Conforme se avança no jogo, diversos poderes são desbloqueados, como atordoamento, invisibilidade e alguns outros que servem – também – para causar danos físicos nos inimigos. Confesso que levei um tempo para entender como utilizava os poderes, pois o jogo explica apenas como selecioná-los na roda de habilidades, e não como os executar.

Além dos diferentes poderes fornecidos pelos cristais, eles também garantem a Jess o acesso à penumbra de sua respectiva cor. Este é lugar que eles acreditam ser onde as pessoas transcendem, mas a verdade é que é o lar de dezenas de criaturas bizarras.

Eu realmente fiquei surpreso com a capacidade dos desenvolvedores criarem inimigos tão esquisitos em The Chant. São “humanos-cavalos”, flores parasitas, sapos gigantes, vermes que parecem sanguessugas e muitos outros.

As criaturas de dentro e fora da penumbra são diferentes, e um não pode invadir o espaço do outro, facilitando a vida de Jess na hora de evitar lutas desnecessárias. Na verdade, é possível fugir da maior parte dos embates, pois os inimigos não ficam te seguindo o tempo todo e logo ignoram sua presença.

The Chant
É possível esquivar-se dos ataques inimigos, mas é preciso tomar cuidado, pois existe um delay após Jess cair no chão durante a segunda esquiva. Fonte: PS5 Create

Para te ajudar no combate contra as criaturas da penumbra, existe uma série de itens que podem ser usados para criar diferentes “armas naturais”, e esse é um destaque em The Chant. Você não anda por aí com uma pistola ou uma metralhadora, mas sim com coisas como sal, diferentes tipos de óleo e algumas combinações de plantas. É um arsenal dedicado ao combate contra inimigos do mundo espiritual e/ou possuídos.

Para construir esses utensílios, é preciso encontrar estas plantas pelo cenário, porém, existem dois fatores que atrapalham um pouco essa busca: a escassez e uma forma de tornar os itens mais visíveis. Estes objetos interativos não se destacam muito no cenário, e é extremamente fácil deixá-los passar por coisa boba. Mas a verdade é que o ambiente de The Chant é um outro fator que torna tudo um pouco mais complicado.

A ilha do jogo não é feia, e embora possua diversos caminhos para explorar, é bem linear e pode ser concluída numa tacada só, sem precisar de – tanto – backtracking. Porém, é tudo muito escuro. Mesmo que você deixe o brilho no normal, o jogo fica um verdadeiro breu. O engraçado também é que a lanterna de Jess ativa automaticamente em ambientes que não são iluminados, mas quando você chega em algum lugar com estruturas um pouco mais brilhantes, ele entende que existe algum tipo de iluminação e a lanterna não acende. E não é este o caso, convenhamos.

E já que citei brevemente o fato da ilha – que é enorme – não ser feia, vou falar também dos gráficos no geral, que são bons, mas poderiam ser melhores para a plataforma. O meu maior incômodo, na verdade, foi com os rostos dos personagens. As expressões são travadas e esquisitas, tornando aqueles momentos que deveriam ser impactantes em algo fraco e broxante. Nem mesmo a atuação dos dubladores consegue salvar as cenas.

The Chant
Quanto mais tempo você passar na penumbra, mais rápido sua sanidade é consumida. Fonte: PS5 Create

O gameplay de The Chant não é ruim, na real ele até que funciona bem. Você consegue, além de usar o poder dos cristais mencionados anteriormente, se esquivar dos ataques e contra-atacar quando algum inimigo tenta causar um ataque de pânico. Falando nisso, devo dizer que o sistema de sanidade aqui é muito legal e faz você se sentir tenso junto com a personagem.

Embora o gameplay seja bom, eu senti falta de um comando que faça o personagem girar em 360º, ou até mesmo olhar para trás enquanto corre. Isso porque durante as lutas contra os chefes ou algumas perseguições, caso você vire a câmera para olhar o que está atrás de você, Jess vira junto e começa a correr de costas, diminuindo a velocidade e aumentando as chances de ser pego. Isso em uma luta contra inimigos fortes é pedir para tomar um game over.

Para tentar evitar várias mortes, Jess também pode encontrar frascos para aprimorar suas habilidades. Dentre as opções estão diminuir o dano causado por ataques físicos, aumentar a barra de sanidade, espírito e/ou HP, e até mesmo diminuir a quantidade de espírito necessário para invocar o poder dos cristais. As opções não são tão variadas, mas são bem objetivas e ajudam muito Jess a sobreviver por mais tempo.

The Chant
Detalhes dos monstros podem ser encontrados pela ilha, e para descobrir os pontos fracos de cada um deles, você deve entrar na seção bestiário do menu. Fonte: PS5 Create

Embora The Chant seja considerado um jogo de terror, ele não causa TANTO medo assim, trazendo mais uma sensação de tensão do que propriamente sustos. E isto não é ruim, mas se você esperava algo “assustadoramente assustador”, pode esquecer.

O jogo tem sim seus problemas, e muitos deles estão muito mais ligados à parte técnica, mas é muito interessante e os fãs do gênero podem gostar bastante da história louca e a exploração nesse mundo espiritual.

Infelizmente o jogo não disponibilizou nenhum modo Novo Jogo + após a conclusão da campanha principal, mas este é um recurso que pode ser adicionado depois via atualização. Além disso, o final deixa muita margem para uma continuação, agora só resta apenas esperar se isso acontecerá ou não.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Prime Matter.

Veredito

The Chant é um jogo com uma história psicodélica e muito viajada, fazendo jus à proposta. Embora tenha alguns problemas técnicos e uma iluminação não muito boa, o jogo pode agradar os fãs do gênero que buscam algo mais alternativo.

80

The Chant

Fabricante: Brass Token Games

Plataforma: PS5

Gênero: Terror

Distribuidora: Prime Matter

Lançamento: 03/11/2022

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

Comprar na

Veredict

The Chant is a game with a psychedelic story, living up to the proposal. Although it has some technical problems and not very good lighting, the game may please fan of the genre looking for alternatives.

Rui Celso
Rui Celso
Jornalista que decidiu se aventurar no mundo gamer desde o tempo em que as revistas eram a principal fonte de informação deste mundo do entretenimento. Hoje eu expandi meu universo e também faço parte do backstage deste universo atuando como Assessor de Imprensa. Só pra constar: Paper Mario é o meu jogo favorito da vida.