Durante anos, a distribuidora canadense Behaviour Interactive investiu seus esforços em Dead by Daylight e em suas expansões. Para os que não conhecem ainda, trata-se de um jogo online multiplayer assimétrico, onde quatro sobreviventes tentam reparar geradores para abrir os portões do lugar onde se encontram e escapar de um assassino que tenta a todo custo sacrificá-los para a entidade à qual serve. A cada expansão, novos assassinos e novos sobreviventes se juntavam aos antigos na mitologia do jogo.
Agora, oito anos após o lançamento, a Behaviour Interactive traz uma nova adição a este universo. Desenvolvido pela Supermassive Games (estúdio responsável por Until Dawn, The Quarry, os jogos da série The Dark Pictures Anthology, entre outros), The Casting of Frank Stone traz uma nova história, focando totalmente na narrativa e na tomada de decisões, e com ela inúmeros easter eggs para os amantes do jogo online original, além de vários novos personagens.
The Casting of Frank Stone se passa em três anos diferentes em Cedar Hills, cidade assombrada pelo assassino que dá nome ao jogo. Depois de algumas mortes e desaparecimentos terem sido associados a ele em 1963, um grupo de amigos decide fazer um filme em 1980 na siderúrgica onde ele trabalhava. Paralelamente, algumas pessoas são convidadas a uma mansão em 2024, e o verdadeiro motivo desse encontro está prestes a ser revelado. Você controlará diversos personagens ao longo da história, enquanto os anos vão se intercalando de uma maneira que tudo vai fazendo sentido, revelando o que de fato aconteceu e como as pessoas estão todas conectadas.

É claro que, por ser uma nova história do universo de um jogo que já reune milhares de jogadores há quase uma década, automaticamente expectativas foram criadas. E posso dizer que elas serão atendidas de diferentes formas; existem, por exemplo, 12 relíquias, que nada mais são do que bonecos colecionáveis representando assassinos, alguns dos quais com certos tipos de interação ao puxar uma corda na parte de trás. Eles estão largados pelos lugares que você precisará visitar durante todo o jogo, então atente-se a becos e possíveis esconderijos durante sua aventura. (E são tão fofos!)
The Casting of Frank Stone traz também 12 bugingangas (são chamadas assim mesmo) que você poderá reconhecer de alguns complementos de poder dos assassinos. Tratam-se de pequenos objetos também colecionáveis, que estarão dentro de uma caixa em pontos específicos sempre que você quiser observá-los mais uma vez. É algo que não faz muito sentido e até meio bizarro o fato dessa caixa aparecer em lugares diferentes como se estivesse te perseguindo, mas é o que acontece, como com a caixa de itens de alguns jogos da franquia Resident Evil.

Aliás, outra similaridade entre os dois é a necessidade de exploração. Você precisará procurar certos itens e descobrir como abrir portas; essa questão, no entanto, não é muito aprofundada em The Casting of Frank Stone, uma vez que os puzzles e as buscas por objetos são fáceis demais, e algumas portas simplesmente ficarão trancadas para sempre. Ah, e sempre ao se apropriar de um item você poderá escutar o mesmo som característico de Dead by Daylight quando algum sobrevivente adquire algo durante as partidas, entre outros efeitos sonoros também presentes no game em outros momentos.
Mas a pergunta que não quer calar é: os tão amados/odiados geradores estão presentes em The Casting of Frank Stone? E a resposta é SIM. Há momentos no decorrer da aventura em que os personagens precisarão consertar geradores para abrir alguma porta ou ligar algum elevador. Será necessário encontrar peças perdidas pelo mapa e só então dirigir-se ao gerador para os já esperados testes de perícia. Eles acontecem com uma frequência mais constante, ao invés da aleatoriedade das partidas de Dead by Daylight.

Os testes de perícias também estarão presentes em outras situações do jogo, inclusive durante as cutscenes, então fique sempre atento e não solte o dualsense, caso não queira correr o risco de falhar automaticamente em algum deles, que podem ser em momentos cruciais. E ainda falando das cuscenes, elas são a parte central do jogo. O forte de The Casting of Frank Stone é a sua narrativa, e em várias cenas, especialmente as mais longas, a impressão que dá é que você está assistindo a um filme.
A história é muito bem amarrada e cumpre todos os requisitos para ser uma boa adição ao universo de Dead by Daylight. Os quebra-cabeças e testes de perícia são fáceis demais, mas convenhamos: eles são apenas um complemento. O objetivo do jogo não é propor tarefas desafiadoras (apesar de ser possível alterar a dificuldade), mas sim entreter os jogadores com um novo arco que se encaixa perfeitamente no universo já conhecido da entidade, e isso ele faz com louvor.

Claro que tudo fica ainda melhor quando se leva em consideração a qualidade dos gráficos, da trilha sonora e dos efeitos presentes em The Casting of Frank Stone. Não há tantos momentos de susto, mas esses detalhes conseguem manter uma atmosfera perfeita de terror psicológico, inclusive te avisando quando tem algo prestes a acontecer. E mesmo quando não acontece nada, o ambiente te faz acreditar que poderia ter acontecido a cada passo dado por você.
Outros detalhes menores enriquecem bastante a experiência dos amantes de Dead by Daylight, como a música tema do jogo tocada num piano em determinado momento, e o novo assassino, conhecido como “O Campeão”, limpando o sangue de sua vítima da arma. Além, é claro, da menção à Entidade logo no início da trama: de acordo com a personagem Augustine, “um reino tão perto do nosso, mas sempre fora de alcance”. Pelo menos até antes de Frank Stone. Mas isso você vai precisar jogar para entender melhor.

Durante The Casting of Frank Stone, enquando as decisões são tomadas, é possível verificar que outros caminhos na linha do tempo são bloqueados. Estes ficarão disponíveis no fim do jogo, quando você poderá rejogar as cenas que quiser para descobrir o que teria acontecido caso fizesse algo diferente.
Existe, além do modo solo, uma forma de jogar em que o controle dos cinco personagens jogáveis é dividido entre duas a cinco pessoas. É possível selecionar quem vai controlar quem, e quando for o momento de trocar de personagem, um aviso na tela informará qual jogador precisará assumir o único dualsense compartilhado.

The Casting of Frank Stone é um título rico em seus detalhes, com um desenvolvimento que te instiga a querer continuar jogando para descobrir cada vez mais sobre a história. Além disso, o final entrega uma conexão perfeita com Dead by Daylight, para alegria dos fãs. Contudo, sua extrema facilidade pode ser um fator desanimador em alguns momentos, especialmente para aqueles que curtem maiores desafios.
Termino esta análise deixando o jogo com um saldo positivo. Ele vai fazer muito mais sentido para as pessoas que já conhecem seu antecessor, é claro, uma vez que cada detalhe inserido nele parecerão aos outros apenas coisas aleatórias. Mas não deixa de oferecer um bom entretenimento e divertimento aos que quiserem desfrutá-lo. Fico na torcida para que ao menos Frank, Linda e Madison se tornem personagens jogáveis em uma possível futura DLC de Dead by Daylight.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Supermassive Games.