Time que está ganhando não se mexe. Esse é um ditado popular bastante pertinente quando pensamos em sequências, pois, usualmente, optam por manter as características que fizeram de seu predecessor um sucesso e criam novidades a partir da base já estabelecida. The Caligula Effect 2 é mais um desses exemplos que se mantém extremamente fiel a experiência de seu predecessor e isso seria positivo se o primeiro jogo também não tivesse sido absolutamente tedioso.
Direto ao ponto, se você gostou do primeiro The Caligula Effect, o segundo jogo deve agradá-lo, pois mantém muito da mesma estrutura que seu antecessor. Em minha experiência, o primeiro título tinha algumas ideias interessantes, mas sua execução o tornava um jogo extremamente tedioso. The Caligula Effect 2 é, essencialmente, o mesmo problema: Boas ideias, execução tediosa. Caso você não tenha jogado nenhum dos dois títulos, eu recomendaria uma enorme variedade de outros RPGs antes dessa série, mas vamos nos aprofundar nos características e problemas da experiência.
The Caligula Effect 2 coloca o jogador como um personagem genérico e que entra em um mundo alternativo criado por uma cantora digital chamada Regret. Nesse mundo, as pessoas esquecem da existência do mundo real e seus arrependimentos nele, vivendo como alunos e integrantes de uma escola de ensino médio. Uma outra cantora digital invade o mundo de Regret e se funde junto ao protagonista fazendo com que este se lembre da existência do mundo real e, consequentemente, todos seus arrependimentos. Os dois então planejam escapar desse mundo falso e retornar a realidade, junto com demais pessoas que começam a descobrir a verdade sobre a realidade em que se encontram.
Pessoas que descobrem a existência do mundo real são caçadas como irregulares pelos músicos Obbligato, pessoas de confiança de Regret que utilizam da sua voz para compor músicas e que, também, sabem da existência do mundo real, mas optam por defender essa realidade alternativa. O confronto entre esses dois grupos se dá, portanto, por suas ideologias: Um grupo que aceita seus arrependimentos e quer retornar ao mundo real e outro que opta por fugir deles e viver em uma realidade fabricada.
O conceito de diferentes pontos de vista sobre seus arrependimentos pessoais é interessante, mas muito mal explorado. Até onde avancei, as motivações dos músicos Obbligato são superficiais e as motivações dos personagens principais também são apresentadas de uma péssima maneira. Conforme você batalha junto ao seu grupo, sua “afeição” individual aumenta e cenas com esses personagens são liberadas, semelhante aos Social Links da série Persona. As cenas tem um diálogo muito mal construído e muitas cenas são curtas e sem importância real, fazendo com que se torne difícil para o jogador se conectar com as motivações individuais de cada um.
Outra característica que reforça essa superficialidade em relação aos personagens é que existem “mini Social Links” com centenas de NPCs que só contém frases e quests padronizadas. É o clássico caso que optaram por um excesso de conteúdo repetitivo ao invés de qualidade. Esses mini Social Links também não adicionam nada de drástico ou importante a experiência de jogo.
Outra grande parte do título é a exploração dos calabouços e o combate que juntos são responsáveis por me causar uma sensação de sono indescritível. Primeiramente, o combate tem mecânicas que, no papel, são bastante válidas. Trata-se de um combate por turnos que cada ação tem três fases: Preparação, ativação e descanso, por assim dizer. Isso significa que o tempo de seus ataques tem que ser levado em consideração junto a estratégia de combate. Não é particularmente um sistema novo já que Grandia no PSX já utilizava de conceitos semelhantes e sem metade dos problemas presentes aqui.
Os maiores agravantes do combate são sua lentidão e a extrema eficiência de algumas estratégias bem simples. Os calabouços, desde o início, são fases bastante longas e repletas de confrontos, fazendo com que as lutas contra inimigos normais sejam numerosas e tediosas. Nessas você simplesmente irá ligar o modo automático dos demais personagens, inserir qualquer comando e aguardar o jogo tocar as animações (sem a possibilidade de acelerar, diga-se de passagem) e seguir em frente para mais uma dúzia de confrontos que vão repetir exatamente o mesmo cenário.
Lutas mais difíceis e contra chefes têm uma dinâmica diferente já que poucos ataques são suficientes para derrotar vários integrantes de sua equipe. Assim como os personagens de sua equipe, os chefes têm seus ataques com as etapas de preparação, ativação e descanso também. O que o jogador dispõe e que os inimigos não (além de uma série de mecânicas que deixam os personagens instantaneamente mais fortes) é o controle de uma linha do tempo para ajustar o tempo de seus ataques e que simula as ações da sua equipe e dos inimigos. Em sua, o jogador sempre vai saber o que o inimigo vai fazer e a estratégia padrão, portanto, vai ser contra-atacar esse comando e impedir sua execução. Aí simplesmente trata-se de repetir que o chefe aja de qualquer forma e ir gradativamente reduzindo sua vida.
Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela NIS America.
Veredito
The Caligula Effect 2 é, para o melhor e para o pior, um produto extremamente semelhante ao original e, consequentemente, sem grandes avanços que poderiam atrair um novo público ou aqueles que se sentiram desapontados pelo original.
Veredict
The Caligula Effect 2 is, for better and for worse, a title extremely similar to the original and, consequently, without major advances that could attract a new audience or those who felt disappointed by the original.